03/08/2012

Os que se acham!

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A moça entra em sua malha alegremente colorida, serelepe e de bem com a vida, na academia, e começa com a rotina. Cumprimenta os amigos, alguns funcionários e deles tem ajuda para se alongar. Alongamentos bem feitos sempre explicitam a forma física, para o bem e para o mal. Professores e amigos a elogiam sempre, pela disciplina, dedicação e bom senso no acto dos exercícios, mas nem todos os admiradores são bem intencionados...

- Olha só, veio toda gostosona!
- Ai, ela tá querendo. Tá querendo e eu tenho o que ela quer!
- Rá, rá, rá, rá, rá, rá, rá, rá, rá, rá...

A moça termina o alongamento e se aquece um pouco, dançando. Faz também balé clássico, que lhe rendeu a postura altiva, que inspira respeito, mas também empina glúteos e peitoral...

- Fala verdade! Uma mulher dessa faz isso é pra dar, né?
- Dar até doer! Muiezada gosta de provocar, depois reclama!
- É cu doce! Elas gostam de passar a mão na bunda delas! Ouvi um cara falar, que ouviu de um amigo, que falou com um primo, que ouviu no ônibus, que mulher finge não gostar pra aumentar o tesão do homem.

Aquecimento feito, a dama se coloca aos exercícios livres, para se preparar para a musculação, começando com cinqüenta flexões de braço, seguidas por tantas outras abdominais, ambas com muitas variantes seguidas. É uma mulher bonita, cuja postura e boa forma física acentua a impressão estética. Ela começa a suar às bicas, que era o que pretendia, o que significa que está pronta para a parte pesada sem estar cansada para tanto, mas tem idiota que pensa que ela está se exibindo por sua causa...

- Aposto que ela té se mostrando pra algum macho!
- Nem precisa apostar, mulher só sai de casa pra caçar homem mesmo!
- Ainda mais vestida desse jeito.
- Pra quem será que ela tá querendo dar?
- Pra quem tiver mais status. E eu acabei de tirar minha Dodge Ram 2500 da loja, enchi de som e neon...
- Rá, rá, rá, rá, rá, rá, rá, rá, rá, rá, rá...

Pé ante pé, em passos circulares e femininos, resultado de sua musculatura bem tonificada e disciplinada, que acentua o requebrado naturalmente, à sua revelia. O instrutor notou que ela está ficando mais forte, negocia um acréscimo de carga, mas ela não quer ficar musculosa. Adicionam apenas vinte quilos, e ela passa a empurrar duzendos e cinqüenta quilos no supino. Ao contrário da maioria, não se expõe demais ao sol, sua cor é natural e não desbota quando viaja à casa dos pais, Em Brusque. Como não economizou com a malha, ela copia suas formas sem enrugar, ficando quase como uma pintura de pele...

- Não tem jeito! Não tem jeito merrrrrmo! Ela tá querendo dar!
- Ah, eu no meio dessas pernas abertas, agora!
- Na saída eu mostro minha caminhonetona pra ela e quero ver!
- Se ela for boa de segurar que nem segura nessas barras...
- Quem será o corno com quem ela casou?
- Só corno mesmo pra deixar a mulher se exibir desse jeito!

Trinta quilos em cada braço. Impressiona o tônus muscular da jovem. Ela não parece ser tão forte, mas é! Gosta de subir as escadarias de seu ambiente de trabalho, quando não tem uma audiência marcada, indo e vindo várias vezes. A facilidade com que carrega as sacolas de compras e atravessa as ruas com elas, a convence a manter a rotina de exercícios. Para o deleite dos amigos, o que inclui os funcionários da academia, o instrutor decide voltar a medir a boa praça que ela é. Sabem aquela cinturinha de pilão da Mulher-Gato? Pois é...

- Certeza que ela tá se exibindo pra um homem! E pode ser um de nós!
- Mas é claro!
- A gente somos os macho-alfa da academia, tem que ser pra um de nós mesmo!
- Depois de mim, ela não vai querer saber de outro!

Um desaquecimento gradual para terminar a sessão de hoje, com a malha molhada de suor, atiçando mais a imaginação de quem se acha. Um alongamento e está pronta, como nova. Encontra uma advogada que só costuma ver em audiências, mas com quem já teve boas conversas. Prefere fazer jus ao seu apelido durande as sessões, mas fora delas, é uma jovem como outra qualquer, faz questão disso...

- Meritíssima, a senhora por aqui?
- Sem essa, Malena, aqui eu sou apenas a Marcela.
- Não sabia que malhava, Marcela.
- Pra desestressar das audiências. Soube da última?
- Soube, mas então foi você que...
- O policial estava muito longe, tive que quebrar o nariz do réu, pra me defender!

Eles brocham. Enquanto elas conversam, começam a engolir tudo o que conversaram, certos de que ela mesma efetuaria a prisão dada por sua voz. Aquele mulherão maravilhoso, aquele monumento à humanidade, aquele exemplar perfeito do gênero feminino, é juíza de direito. Seu apelido: General Marcela. Eles voltam a cogitar as menininhas burras e ávidas por passear em um carro apreciado por suas turmas, como sempre. As amigas saem alegres aos seus carros, Marcela à Caravan customizada, na qual mandou colocar mais duas portas e pintou de vermelho vivo em dois tons.

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