27/09/2012

O pequi, esse incompreendido


Uma das últimas piratarias japonesas, graças também ao completo desinteresse do Planalto em manter aqui dentro os nossos talentos. Explico: eles descobriram que o óleo do pequi não serve apenas como farta fonte de combustível, ele também é útil no tratamento térmico de aços de grande responsabilidade, como  molas de suspensão automotiva ou de válvulas de motores, bastando adicionar 50ml de óleo de pequi (patenteado como chemical strengtheneer layeer) em 4 litros do óleo mineral usado na têmpera, para se conseguir uma superfície extremamente dura, resistente ao desgaste, à fadiga, com maior capacidade de carga uniforme, et cétera e tal. m\ais uma que perdemos, Dilma.

Voltando ao fruto, ele nasce da árvore homônima, que é tortuosa, alta e de casca contundente, profícua no cerrado, mas ainda de difícil cultura, tanto que grande parte da produção ainda é extrativista. Altamente calórico, como toda oleaginosa, é também altamente proteico, o que lhe rende o apelido de carne vegetal. Come-se a poupa, que envolve a semente, cozida.

Ainda é muito comum a ocorrência de acidentes, por imprudência de gente que insiste em roer o pequi, em vez de raspar a poupa. Pior ainda é com forasteiros, que teimam em morder como se fosse uma castanha. Acontece que a semente tem milhares de espinhos afiados, quebradiços e potencialmente infecciosos, logo abaixo da parte esbranquiçada e mais dura da poupa; eles formam uma estrutura. Se romper a poupa branca, os espinhos cravam na boca e às vezes só saem com intervenção cirúrgica. Por isso sempre digo aos visitantes "NÃO MORDA O PEQUI!!!!!". Xingue a mãe daquele traficante com dor de dente, mas não morda a bagaça do pequi.

Ainda assim o interior da semente guarda boas surpresas. Deixando-se-a secar por uns fias, já que a poupa bacteriogênica já terá sido consumida, pode-se quebrá-la e aproveitar a castanha que há lá dentro.Com o caroço seco, os espinhos se desprendem com facilidade, sem maiores riscos, deixando o caminho livre, leve e solto para a oleaginosa interna.

Já ouvi histórias e estórias. Uma delas conta que uma paulista, quase sempre é paulista, detestou o pequi. Até aí, tudo bem, o sabor dele é extremamente forte, assim como o cheiro, é do tipo "ame ou odeie". O problema veio quando descobriram o motivo, a criatura estava comento a poupa crua... sem nem salmoura. É claro que a gordura vegetal vai emplastrar a língua e bloquear o paladar! Por isso, também em nome da segurança, a compota em, salmoura faz tanto sucesso! O pequi precisa ser cozido até o amarelo claro fosco ficar amarelo ovo, brilhante e sem grudar na colher.

Outra, que achei deveras estranha, mas há muitas amebas de quarenta e seis cromossomos por aí, foi de uma pessoa que raspou a poupa, jogou-a fora (!!!) e tentou cozinhar a semente! Deixou por três horas na panela de pressão e, sem sucesso, foi reclamar com quem lhe deu o presente. Não, a semente não amolece com o calor, ela é lenhosa, tanto que é muito usada em fogão à lenha, como combustível, junto com a madeira.

Outra que ouvi, menos idiota, mas não menos perturbadora, foi de uma pessoa que jogou os frutos fora e tentou cozinhar a casca, depois reclamou que tinha um gosto horrível... Esclarecendo, o pequi vem dentro de uma casca macia, feita para amortecer a queda, e ainda hoje tem gente que pensa que ela é o fruto.

Outro risco do pequi, deriva justo de sua maior virtude. Seu alto valor nutricional o torna alvo fácil de microorganismos, sendo terreno fértil para salmonelas. Por isso a validade é geralmente curta e, uma vez aberta a compota, recomenda-se comer o mais rápido possível. por isso também eu nem olho para aqueles camelôs que o vendem nas esquinas, descascados, expostos e prontos para contaminar todo mundo. Pior que camarão.

Com o que se faz o pequi? Com tudo. Existe até sorvete de pequi! O mais freqüente é ele acompanhar o arroz, se bem que a macarronada com pequi já tornou-se tradição, especialmente em casas vegetarianas. Comer pequi com qualquer carne é exagero, é proteína demais, especialmente com peixe, porque aí soma-se haver cheiro demais, urgindo o uso de uma pasta de dente extra mentolada em todos os cantos da boca, não só na dentição.

https://www.ufmg.br/online/arquivos/013983.shtml
Fora a patente japonesa, do pequi aproveita-se praticamente tudo, desde o veneno da raíz até a rosbusta madeira. Também do óleo se faz cosméticos que fortalecem a pele, medicamentos que vão de simples tônicos até o controle de tumores. Também aumenta a resistência física de atletas, com seus princípios activos consumidos em cápsulas, o que acabou levando ao tratamento do lúpus. Também se fazem perfumes, hidratantes, maquiagens, biodiesel... Se não pararem, vão descobrir que faz andar sobre as águas e ressuscita ao terceiro dia! Pois é, acordamos muito tarde, mas agora que acordamos, a cada dia um pesquisador sofre desdenhado na fila, para patentear um uso novo para árvore e fruto. E sofre mesmo, viu!

Tem gente inventando mais cousas, como um pequi sem espinhos, prometido para breve em escala comercial. Vai acabar com metade da graça, para muita gente, mas será útil para os afoitos e os forasteiros céticos, que até hoje teimam em não acreditar nas advertências. Sim, leitores, há muito goiano maldoso que se diverte vendo as pessoas correndo desesperadas, com bocas abertas, a gritar sem conseguir fechá-las, tamanha dor e vexame. Aliás, vexame mesmo, será se os japas patentearem também o biodiesel do pequi, que a UFG está tentando extrair em escala comercial.





Para saber mais, cliquem aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
Um PDF da Emater a respeito, aqui.

19/09/2012

Cultura difícil, voto fácil


O Cine Belas Artes já era, como alertei aqui. Por ter entrado declaradamente de cabeça na campanha em seu favor, fui chamado de comunista por uns e de pelego imperialista, por outros. Desnecessário dizer que nenhum deles me conhece. Um deve ter lido "sociedade" e o outro "filmes clássicos" para terem destilado sua ira ideopata.
Não bastasse essa perda inestimável, agora estamos perdendo também um acervo antigomobilista inestimável.

Com o lema "cultura difícil, voto fácil", o Estado deixa entidades sem qualquer fim lucrativo abandonadas, por mais valiosos que sejam seus serviços culturais à comunidade, como o Gustav Ritter (aqui) e o Museu do Carro Antigo de Brasília, que há anos vive o drama de ter seu acervo jogado ao relento.

Não, meus amigos, antigomobilismo não é cousa de rico, conforme expliquei neste texto aqui, ou o museu não estaria nesta situação. Da mesma forma como muita gente torra fortunas em souvenires de times de futebol, mesmo que precise se endividar, a maioria dos antigomobilistas sua para manter seu acervo, quase sempre de um carro só.

Para quem gosta de história, sem "era uma vez", o antigomobilismo é um prato cheio e saboroso, porque um automóvel é o fiél retrato da sociedade que o comprou. Quem se dispuser a analisar os Cadillac dos anos cinqüenta, compreenderá totalmente a sociedade americana dos anos dourados. Apesar de tudo, queridos, eles foram dourados sim, inclusive com o início do fim da segregação racial... e o auge das pin-ups.

De outro lado, quem estudar com afinco o Aero Willys e o comparar com um Bel Air da mesma época, vai entender claramente a enooooorme distância, em todas as áreas, que separa o Brasil de um país realmente desenvolvido, bem como os motivos dessa distância. Aqui, então, o estudante atento compreende também geographia e sociologia, desfazendo mitos e mentiras... compreendem agora o medo do governo brasileiro, e seu afã para manter a cultura da cintura para baixo?

Ao contrário do senso comum, dá para se comprar um Ford A Phaeton 1929, em boas condições, por menos de cinqüenta mil reais, sem sofrer para mantê-lo e sem medo de utilizá-lo no cotidiano, porque ele acompanha o trânsito com desenvoltura. E ao contrário dos entretenimentos de baixo ventre, as estrelas do antigomobilismo, como o lendário e simpático Og Pozzoli, não dão péssimos exemplos aos seus fãs e seguidores, porque antigomobilismo, como toda a memorabilia, é uma actividade cultural eminentemente familiar, para se aproveitar com quem se gosta, não somente com quem é da turma.

Aliás, a briga entre opaleiros e veoiteiros só rende piada, jamais ofensas, brigas e muito menos agressões. Alguém aí ouviu falar de uma Torcida Organizada Fusqueiros do Capeta, ter ateado fogo a uma coleção de Fiat 147 com os donos dentro?

Vamos ser realistas, leitori, estamos vivendo o pior de dois mundos no Brasil contemporâneo. Temos que tirar de nossos bolsos, se quisermos ter cultura não manipulada, como o antigomobilismo e memorabilismo. Mesmo o memorabilista mais frugal, já precisa cogitar acumular fortuna, para que no futuro não precise temer que o acervo do clube seja despejado, por descaso governamental. Não preciso lembrar que oferecer cultura, pela constituição, é dever do Estado. infelizmente o relativismo compulsivo, permite que se debata eternamente o que é ou não cultura, em vez de simplesmente fomentar o que dá resultados benéficos.

Quem tem carro, sabe da quantidade de empregos que ele dá; frentista, borracheiro, mecânico, funileiro, pedágio, detran, flanelinha, estacionamento, drive-in, revistas, jornalistas, acessórios, et cétera. Afirmo, caros, que um carro antigo, mesmo sendo incomparávelmente mais robusto, oferece muito mais empregos, faz a economia girar na mesma proporção de sua durabilidade. Imaginem quanta gente fica feliz em ver um Fordeco andando pelas ruas. Imagine quanta gente fica feliz em saber que aquele Fordeco lhe ajuda no sustento da família. Imagine quanta gente fica feliz com as lições, conhecimento e sabedoria que aquele Fordeco oferece. Imaginem quantos politipatas querem ver aquele Fordeco virar latas de conserva.

Sim, amigos, é uma época horrível, principalmente porque tem tudo para ser maravilhosa; mas não é. Eu apelo ai leitori deste blog, sei que tenho pelo menos setenta, que cuidem pessoalmente de suas opções culturais, não esperem um centavo sequer de ajuda externa, para não correrem o risco de escândalos como o da Ulbra, lhe tirarem o chão. Em qualquer país sério, o episódio teria rendido farta cobertura da imprensa e punição exemplar, com ressarcimento à cultura regional.

Unam-se, façam suas agremiações, seus clubes, suas entidades de preservação cultural e histórica, mesmo que o tema seja sobre as clássicas e hoje raras figurinhas do chiclete Ploc. De minha parte, continuo divulgando pela preservação de nossa memória, por mais que tentem apagá-la, e por mais que tentem me intimidar com comentários torpes.

Antigomobismo e memorabilia são entretenimentos sadios,  geradores de progresso, de cultura, de empregos bem pagos, de coesão social e tudo mais que muita gente não quer para o Brasil.





17/09/2012

O preço do glamour


É uma ilusão recorrente, especialmente nas mais jovens, que ter uma vida glamourosa resolve seus problemas. Lamento, mas eles não só não se resolvem, como tendem a aumentar. Não estou agourando, só esclarecendo que tudo tem seu preço, e ele é tanto maior quanto mais alto se quiser escalar.

Tirando aquelas pessoas idiotas, que confundem glamour com deslumbramento, e são pratos prontos para malandros de toda estirpe, o glamour custa muito a quem o tem. Lembrem-se, "glamour" significa "encanto". Quem tem, não se encanta, encanta aos outros. Salvo, é claro, nos momentos de relaxamento, em sua intimidade, vendo gravações e publicações (quando for o caso) a respeito, o glamour está somente nos olhos de quem foi assistir.

Mas, ei, eu não estou desencorajando ninguém! Ter brilho, deixar as pessoas um pouco mais alegres só com sua presença, é uma vida muito bonita, é ser importante simplesmente por existir. Mas por isso mesmo, demanda uma educação pessoal muito mais apurada do que de uma pessoa com menos brilho, por assim dizer. E por isso mesmo atrai muito mais inveja e ressentimento de quem não tem.

Passo agora algumas instruções que aprendi com a vida, conhecendo, estudando e até convivendo com pessoas realmente glamourosas. Advirto que a maioria absoluta delas, jamais esteve sob holofotes. Se estar lá é sua única ambição, então queres o efeito entorpecente do deslumbre, não o brilho duradouro de uma vida glamourosa. A primeira dica já vai assustar muitos, então respirem fundo, soltem com calma e vejam.

Acostume-se à dor. Sem sadismos, a dor faz parte da vida de uma pessoa glamourosa, seja física, espiritual ou psicológica. Quem se encanta com os passos suaves dos bailarinos, não tem a mínima idéia de quanta dor e a quanto esforço eles são submetidos, não só durante a apresentação, mas todos os dias de suas vidas. Uma conhecida chegou a dizer que seus dedões dos pés parecem microphones, pois é por estes "microphones", moldados com muita dor e muito tônus muscular, que seu corpo canta e encanta a platéia. Esta sim, usufrui do glamour que essa conhecida tem. Ela, só quando vê um vídeo ou photographia da peça. De outras formas, todas as actividades glamourosas exigem o mesmo de quem as exerce.

Acostume-se à inveja. A partir do momento em que consegues atrair a atenção do público, voluntariamente ou não, tua vida não é mais só tua. Uma moça que tenha o hábito de fazer caridade, acaba ganhando uma aura de deidade aos olhos dos outros, e muitos não suportam isso. Vão esticar e inventar em cima de tudo o que ela disser, com o tempo estarão cuidando mais de sua vida do que das próprias. Darão um braço para te verem perder um dedo. Uma voz afinada e bem educada vai atrair tanto admiradores quanto falsos amigos a oferecerem noitadas, só para ouvirem a voz definhar aos poucos, ainda que gostem dela. Seja bom, mas não seja ingênuo.

Renuncie. Não há escapatória, quem quer aumentar o próprio brilho, precisa forçosamente disciplinar a própria maneira de ser. Não se trata de ser hipócrita, mas de controlar a própria personalidade, em vez de ser servo dela. Deixar de ir a todas as festas não vai só fazerem sentir tua falta, vai também preservar tua saúde, para que estejas em condições de ir quando lhe for possível. Dedicar-se àquilo que escolheste para espelhar teu brilho tomará tempo, recursos e alguns dissabores, já que muitos resultados ficarão aquém de tuas expectativas, tanto mais quanto mais se aperfeiçoares. Haverá momentos em que terás que renunciar à actividade, pelo teu próprio bem e pela manutenção do padrão de qualidade. Que actividade seria? Qualquer uma. Há policiais que são a personificação dos heróis de quadrinhos, admirados por toda a corporação, quando não pelos próprios meliantes que prendem, mas invejados por muitos oficiais. Eles não sentem seu glamour, eles o vertem para que os colegas e a comunidade se sirvam dele.

Discipline-se. Engloba não só a dor e a renúncia, mas o auto conhecimento e domínio de suas faculdades. Quantos cantores não fizeram sucesso abusando de notas altas e decibéis, e hoje estão em baixa, mais para preservar seu instrumento de trabalho, já desgastado, do que por vontade própria? O sucesso rápido é perigoso, quase ninguém está preparado para ele, e tu com certeza não estás. Como sei? Vais me dizer que não sonhas dormir plebéia e acordar princesa, com o mínimo de esforço? Lamento, mas uma princesa, mesmo a rebelde Stephanie de Mônaco, não tem a vida que os contos de fada mostram. Aliás, os contos de fada originais mostram justamente o oposto, ou pensam que a Bela Adormecida gostou de acordar e ver que todas as suas amigas estavam mortas, após cem anos de hibernação? Esforce-se, dê sempre o seu melhor. Faça bem feito ou não faça.

Dê o bom exemplo. Absolutamente nada substitui isto. Ponha na tua cabeça que sempre haverá quem não se encante com teu brilho, e esse alguém pode ser justo quem paga as contas, e não terá que te dar satisfações, se decidir parar de financiar o fã-clube que tiver em casa. O glamour duradouro de Audrey Hepburn, que sobrevive firme e facilmente às duas décadas de seu passamento, é muito bem embasado no exemplo que ela deu em vida, acolhendo gente que o mundo preferia ignorar, quando isso ainda não rendia qualquer status. Não vou citar seu valor para a sétima arte e tudo mais, é desnecessário. Ponha na tua cabecinha: O mau exemplo pode arranhar tudo o que construíste com esforço e sacrifício, o bom exemplo ofusca todas as tuas faltas.

Não se queixe, não se explique. Esta é uma regra da família real britânica, que deveria constar na educação de todos, sem exceção. Um dia te pegam em uma situação menos encantadora e terás três alternativas: choramingar, inclusive por estarem invadindo tua privacidade; remendar o que está rasgado e exposto; tomar as rédeas da conversa até encontrar o ponto de encerrá-la. Ninguém tem que se meter na tua vida, mas quem brilha acaba invadindo a vida alheia, mesmo sem querer, fazendo sombras tão mais fortes quanto mais intenso for esse brilho. E como mariposas, as pessoas vão te orbitar e se interessar por tudo o que te acontecer, então vê se amadurece agora, quando a vida lhe é suave, que depois ela vai cobrar pancadas bem mais fortes, como pagamento pelas aulas.

Use teu poder. O querias para quê, oh, criatura deslumbrada? Para esfregá-lo nas caras dos fulanos que te esnobaram na escola? Observando os itens já mencionados, e o legado da diva, faça por merecer a força ganha e use-a para algo que preste, em vez de atormentar teus vizinhos de condomínio com barulho até altas horas da noite, só porque conseguiu fama chutando bola. Uma pessoa realmente glamourosa intimida até autoridades do primeiro escalão, porque tem respaldo popular para tanto. Qualquer dúvida de como fazê-lo, veja o exemplo de Angelina Jolie, que se inspirou em Audrey Hepburn. Ou pensam que, mesmo cercada de soldados, ela não corre o risco de ser despedaçada por um atentado?

Viva sua vida. Apesar de todas as renúncias, toda a vigilância, toda a responsabilidade, todas as cobras pelo caminho, tua vida não ficará um lúmen mais brilhante se virares uma monja enclausurada; a não ser que tenhas vocação monástica. Caso contrário, vá passear, ver se arranja uma encrenca que compense teu suor, vá cuidar de tua vida, antes que os outros pensem que podem fazê-lo no teu lugar. Audrey criou três filhos, Jolie cria seis e a lista é crescente.

Sim, eu sei que à maioria, o que eu disse não soa nem um pouco glamouroso. Mas leiam o que escrevi logo no começo. O glamour está nos olhos do público, ser glamouroso é doar brilho, não recebê-lo. Ser glamouroso, é doar-se, sempre. Uma pessoa glamourosa fica feliz em iluminar a vida alheia, mesmo que por alguns instantes. Se o que queres é beber da fonte, em vez de sê-la, continue como admirador

14/09/2012

Sobre música e crítica

Fonte da imagem: http://www.ruadireita.com/musica/info/o-papel-da-musica-na-saude/
O cantor que se acha cool:
Manoel! Foi pro céu-éu-éu-éu... Éu... Éu-eu-eu-eu-eu..... Bab-dab-doo-doo-doo... Foi pro céu, pro céu, pro céu ou-ou, ou-ou.... Pa-para pa-pa, pa-pa... Nhau nhau nhau... Ooohoooooooooooooooo! Tchéim!

Crítica:
O cantor Tinho fez uma releitura pós-moderna acústica e conceitual de um clássico da MPB, se reportando ao lúdico com arranjos vocais bem sacados e uma intelectualidade à flor da pele, ao nível de clube noturno. Notem que em momento algum ele tentou ser o autor da obra, preferindo ser a si mesmo enquanto artista espartano de sua origem cipestre. Claro que não é qualquer um que tem capacidade para compreender o alcance desta performance, que precisa de bastante maturação acadêmica para ser apreciada em todo o seu contextualismo hemorróidico.

O cantor que se acha engajado:
Ninguém presta, ninguém vale nada. Todo homem é gay, toda mulher é safada. Eu sou o mano da peripheria, eu sou a vítima da sociedade, eu tenho raiva do rico bonitinho. Se fosse eu que roubava essa porra dessa bolsa, os homi ia atirar e estourar minha cabeça!

Crítica:
Glorioso MC Peianca, voz da peripheria, dos desvalidos e desfavorecidos, que saiu da favela do morro do azeite azedo para o mundo. Retrata a realidade das ruas de forma dura e sem disfarces, denunciando a hipocrisia desta sociedade egoísta, falando o que lhe vem à (de)mente sem medo de ser politicamente incorrecto, cobrando os tubos por cada palavrão que fala sem medo, ao vivo. É realmente um exemplo para as nossas crianças, para as gerações futuras, para toda a sociedade.

O cantor que se acha intelectual:
Bav-v-v-va-va-va va-va-va... Menina de olhar tão cândido, a azeitona já não corre mais, que nem as pernas deste ser biônico, que só trabalha e não vive em paz... V-v-v-v-v-v-v-v-v-v-v-v-v-v-v-v-v-v-v... Bava-va-va-va-v-v-v-v-v-v-v-v-v-v-v-v-v...

Crítica:
Gêêêêêêniooooooooooo! Um baluarte da nossa música! Representando de uma era gloriosa! Só batucando no violão por 98% do tempo da apresentação. Viram só como ele olhava com desprezo para a platéia? Meia hora esnobando uma classe média que pagou mil reais por cabeça para entrar, fora o estacionamento, fora os flanelinhas, fora a comida, fora as cadeiras cobradas à parte. Isso sim é que é cantor!

Cantor que se acha de raíz:
Vô comprá caminhonetona e cumê as muiezada, quero três de cada vez, quatro na outra rodada. Vem muié, deixa de fricote, que me encontrar na vida é o melhor da sua sorte...

Crítica:
Muito autêntica a musicalidade Tadeu e Todano, refletindo o universo agro-urbano do interior brasileiro, fazendo emergir o autêntico homem do campo em sua mais sincera acepção. Este cedê de estréia traz toda a tradição do sertanejo de raíz, rompendo com os moldes tradicionais da cultura arcaica e ruralista do cancioneiro popular brasileiro.

Cantora que gosta de cantar:
Diga, flor, você não cabe mais aqui. Sua vontade de ir ao mundo já é maior do que teu quarto. Diga, flor, a sua mãe não é mais o bastão em que você já se apoiou. Diz pra mim, quais os seus sonhos a realizar, em que países já se imaginou, isso é sinal de que cresceu.
Diz pra mim, sei que essas asas já não cabem mais na casa em que você nasceu, no colo em que você cresceu.
Diz pra mim, não se importe se eu for chorar, segue tua vida que hoje é teu lar. Segue os sonhos que acalentou.
Voa! A vida não irá te perdoar, se você não aproveitar o mundo que ela te ofertou.
Voa! Ande adiante sem olhar pra trás. O choro cessa e a vida continua, a sua infância já acabou.
Voa! Foi tão bonito ter você aqui. Mas tem um mundo te esperando lá, pra te ajudar a ser mais você.
Se algum dia precisar... A velha mãe está aqui.

Crítica:
Piegas! Como essas coisas sentimentalóides ainda têm público? É por isso que este país não vai pra frente! As pessoas se apegam a sentimentalismos baratos, sem sofisticação, sem apelo, sem intelectualidade, sem mercadologia. Me dá nojo ver os discos dessa cantorazinha na prateleira de uma loja, pior ainda quando sou obrigado a ouvir alguém balbuceando seus versinhos cor-de-rosa, como se o mundo fosse perfeito! O MUNDO NÃO É PERFEITO, ELE É FEIO, PODRE, NOJENTO! NÃO EXISTE LUGAR PARA CANTORES DESSA LAIA NO MUNDO! PAREM DE COMPRAR E OUVIR, SEUS IDIOTAS MEDÍOCRES!

06/09/2012

Há um mundo novo sendo impresso

Cena de Forbiden Planet, em breve em 3D, na sua mesa.

Alerto logo de início, é um texto longo. Resumi o que pude, mas o artigo é extenso. Não garanto que seja fácil de digerir.

Surgidas mercadologicamente na pré década passada, as popularizantes impressoras 3D, ou prototipadoras rápidas, até o ano passado eram vistas com tendo duas utilidades básicas: Para os nerds conseguirem a preços salgados, peças de coleção que são não só raríssimas, mas que costumam custar pequenas fortunas, quando as existentes voltam ao balcão de vendas; Para grandes corporações desenvolverem componentes a prazos e por custos inferiores às grandes fortunas, comuns até então para o desenvolvimento de um protótipo novo. A Jaguar se utiliza de uma prototipadora gigante para construir, praticamente, um carro inteiro por menos do que custará o modelo na linha de montagem.

Até o ano passado, uma impressora 3D por menos de vinte mil dólares era uma pechincha. Hoje já existem modelos bom boa capacidade de produção por menos de seiscentos dólares, nos Estados Unidos.

Para quem, como o brasileiro típico, perdeu o bonde da história, explico rapidamente o que é uma impressora 3D. Trata-se de uma máquina que funciona de modo similar à impressora da tua mesa, essa aí mesma, só que em vez de pintar uma imagem com uma camada de tinta sensível à água, ou uma boa tinta seca fixada por laser, ela imprime camadas sucessivas de plástico, ou outro material, uma em cima da outra, até obter a altura e o formato desejados, criando assim uma peça, em vez de apenas a imagem dela. Em vez de simplesmente clicar na imagem e mandar imprimir, é necessário ter um programa de função CAD, como o notório Auto CAD, para dar as instruções passo a passo para o software da impressora.

Certo, os jovens aí gostaram da idéia e já se interessaram. Lá em baixo há links para websites e uns vídeos para seu deleite. O mais importante, que precisam saber, é que o acabamento rude das primeiras impressoras 3D faz parte do passado, hoje há as caras, que podem ser compradas por cinqüenta mil doletas, que imprimem máquinas já montadas e prontas para o uso, em diversas cores e materiais na mesma impressão. Mas aquelas de seiscentos, que imprimem em cor única, permitem pintura e dão um nível de detalhamento difícil de se encontrar em miniaturas e peças à venda nas lojas. Fora que dá para, por exemplo, fazer uma miniatura raríssima, personalizá-la e, dependendo do tamanho, fazer várias na mesma impressão. Claro que o preço, desta forma, é muito mais em conta do que mandar vir a peça usada, comprada pela internet, sabe-se lá se no estado de conservação prometido pelo vendedor e mostrado nas phorogtaphias, que podem não ser da peça de verdade. Na verdade dá até para reproduzir um disco de vinil na maioria delas. Pronto, agora os pais de vocês também gostaram. Perfeito, a família toda reunida, vamos aos factos.

Provavelmente mesmo a maioria dos americanos, ainda supremos na construção dessas máquinas, por empresas e pessoas físicas, não se deram conta do que têm em mãos e da tansformação que isso causará fatalmente, no mundo inteiro. Então citarei três exemplos escabrosos, por assim dizer.

A Boeing anunciou que está em estudos, a produção de aeronaves inteiras por prototipação rápida. Não, não é piada nem ironia. Os engenheiros da gigante aeronáutica, perceberam que uma fuselagem feita desta forma, dispensará as rebarbas e os elementos de fixação, como parafusos e soldas, imprescindíveis nas aeronaves de hoje. O resultado será aviões mais resistentes, muito mais leves e até mais baratos, porque um Jumbo consome meses de etapas de fabricação, por prototipação rápida poderia ficar pronto em semanas, reduzindo em alguns milhões de dólares o seu preço final. Da mesma forma, navios, submarinos e automóveis podem ser montados assim.

Recentemente, um americano maluco, ou subir para cima, descer para baixo... Santo pleonasmo, Batman! Um americano amante de armas de fogo imprimiu todos os componentes de um fuzil e o publicou em um fórum de internet. Ele afirmou que deu mais de duzentos disparos, como teste, e que a arma resistiu. Em meio às justas congratulações, um dos conforistas avisou que ele está pedindo para os federais baterem à sua porta, por publicar a imagem de uma arma sem número de série. Alguma dúvida de que isso aconteceu em sigilo? Ver notícia aqui. Sabem aqueles carrinhos minúsculos, que te impressionam por causa do detalhismo? Cousas do passado. Vejam estes impessos com 1,5cm e com portas funcionais, aqui.

Mais recente ainda foi o feito de um laboratório, que imprimiu uma estrutura microscópica do tamanho de uma bactéria, molécula por molécula. Repito, uma estrutura do tamanho de um micróbio foi impressa molécula por molécula, estas sendo depositadas em forma de grades transversais entre si, uma camada em cima da outra. Claro que a impressora utilizada não está à venda nas lojas Americanas, AINDA, mas ela já existe e é um passo só para isso acontecer. Ver notícia, em inglês, aqui.

Muito bem, vocês estão aí em frente ao monitor, embasbacados com os avanços tecnológicos conseguidos em tão pouco tempo, e por preços tão atraentes, já pensando em montar uma pocket factory em casa. Bom, esta é a parte boa da história. Já é possível fabricar brindes, seja para lojas, para eventos, festas particulares, et cétera, com altíssimo grau de personalização. Em princípio, é possível fazer convites e crachás em alto relevo, com a imagem de seu portador em três dimensões, de corpo inteiro, derrubando o velho artifício de tirar a photographia original e colocar a do impostor no lugar.

Para o mundo dos antigomobilistas e memorabilistas, é uma mão na roda como nunca houve. Já é possível prototipar lanternas para um Packard 1951 com as mesmíssimas características das originais,com um grau de precisão maior do que as de fábrica, por uma fração do preço. Um carburador de um Panhard Levassor pré-guerra, pelo qual costumam cobrar fortunas, pode ser feito pelo preço de uma injeção electrônica popular.

Querem mais? Brinquedos antigos, acabamentos de móveis de família, botões e tampas de electrônicos fora de linha, capas para telephones, peças para canetas-tinteiro antigas, componentes para aparelhos importados caros, et cétera. Enfim, praticamente tudo já pode ser feito por prototipagem rápida. Em casa, a maior parte dos pequenos danos pode ser reparada imediatamente, com substituição de pequenas peças quebradas ou extraviadas. A capa do celular não prende mais, porque as travinhas quebraram na queda? Faça uma capa nova, aproveite e personalize ao teu gosto e necessidade, como um clipe para o cinto em peça única. Já se constroem bicicletas personalizadas por prototipagem rápida.

A hipótese de haver demissões por conta da redução brusca e significativa de etapas de produção, será revertida em milhões de micro fábricas instantâneas, que atenderão um mercado reprimido de personalização e antiguidades, que até então tem sido negligenciado. Hoje, leva-se de meia a cinco horas para prototipar uma peça utilitária, como uma ferramenta funcional, dependendo do tamanho e do tipo da impressora, mas esse tempo tende a reduzir rapidamente. Já imaginaram, colocar uma moeda em uma máquina, fazer as escolhas pela tela sensível ao toque e terem um kit personalizado, pronto para montar, em minutos? Pois já há gente trabalhando nisso.

Medicamentos manipulados, com os princípios activos organizados equilibradamente pelo corpo do comprimido, molécula por molécula, permitindo que vários princípios dividam o mesmo comprimido sem haver risco de se tocarem, minimizando efeitos colaterais e aumentando a eficiência do medicamento, já é uma realidade possível, mesmo hoje, para quem pagar o preço. Em menos tempo do que vocês imaginam, já haverá hospitais e pharmácias disponibilizando este serviço.

No campo da mídia, já é possível, embora ainda muito caro, construir câmeras e monitores capazes de registrar e mostrar até o reticulado molecular, em tamanho real. Se para os artistas isso é uma tragédia, para a metalurgia é um sonho prestes a se realizar, porque se poderá dispensar equipamentos caros e difíceis de serem operados, para fazer análises metalographicas. Peças poderão ser analisadas apenas fazendo um polimento na superfície, quando hoje é necessária a sua destruição para tanto. Uma peça de aço feita cristal por cristal, livre das imprefeições normais hoje em dia, fica mil e seiscentas vezes mais forte. Já é possível fazê-lo, em breve será possível fabricar em série.

Nas linhas de montagem, o controle de qualidade poderá detectar e corrigir imediatamente, os mais mínimos defeitos, dando padrão Rolls Royce de qualidade ao singelo Tata Nano. Isso fora o grau de personalização que hoje é restrito a automóveis caríssimos, já que tinta e estofamento poderão ser feitos na hora, ao gosto do cliente, com altíssima qualidade de acabamento, fazendo até o flocado metálico camaleão em dois tons, se tornar uma pintura popular.

Aquele teu sonho de montar uma fabriqueta de brindes e afins, só para ter sossego na vida, já pode ser realizado HOJE. Tudo cabendo dentro do porta-malas de um Uno Mille. O cliente te chama, faz o pedido na hora, vocês projectam as peças na hora e, dependendo do tamanho, um dia de trabalho rende milhares delas, a preços camaradas para o cliente e remuneração atraente para ti. A alta costura poderá fazer acessórios exclusivos, feitos só para aquela cliente e nenhuma outra, mais baratos do que se mandar fazer pelos meios tradicionais... E ficará fácil o povo copiar depois.

Depois da popularização, em curso acelerado, das prototipadoras rápidas, a economia mundial não será mais a mesma. Ficaremos cada vez mais independente dos malditos especuladores internacionais, que alimentam a crise em proveito próprio, já que a necessidade de investimentos vultuosos, necessários ao pontapé de uma indústria de grande porte, cairá dramaticamente. Especialmente se fornecedores pessoais forem requisitados à empreitada.

O lado escuro desta força é o que muitos de vocês já imaginam. Se por um lado os soldados podem repor armamentos e equipamentos, no local, sem precisar de fornecimento de peças prontas, criminosos e terroristas também podem. Se com uma prototipadora comum, um serviço que empresas brasileiras já prestam sob encomenda, foi possível construir um fuzil, imaginem com uma máquina mais sofisticada e de maior capacidade. Não só armas, mas a pirataria também correrá solta. É questão de tempo até prototipadoras que utilizam metais pesados, como aços de alta liga, serem lançadas no mercado. Então será possível construir motores inteiros, prontos para uso, com uma precisão inviável para as linhas de montagem de hoje.

Equipes de automobilismo ganharão muito, porque será possível fazer motores e caixas de câmbio inteiros, de alta performance, com mais precisão e balanceamento muito maior do que o que fazem hoje, mas pelo mesmo preço que pagariam por um motor de rua. Da mesma forma, milícias e grupos isolados poderão suprir suas necessidades tecnológicas sem darem satisfações ao mundo aqui fora, podendo agir na surdina sem os riscos que seus membros correm hoje, para abastecer os grupos.

Por último e não menos importante, da mesma forma como aquela incrível protipadora, que utilizou o laser para amontoar e unir as moléculas, uma a uma, a uma velocidade espantosa, até formar o que bem poderia ser um esqueleto de uma diatomácea minúscula, mesmo para os padrões delas, médicos poderão construir tímpanos inteiros para surdos absolutos de nascença, restaurar um rosto a partir de uma esponja de colágeno, que permitiria a rápida proliferação da pele e dos músculos do paciente. Já é possível, para quem pagar, construir córneas com nanossensores que funcionem como uma câmera, permitindo ao indivíduo ser uma mídia viva, podendo até enxergar faixas do espectro que são invisíveis ao olho humano. Um homem biônico com tudo o que os antigos seriados mostravam, graças a esta tecnologia, já é técnica e economicamente viável, para quem quiser pagar um bilhão de dólares... Ou até menos.

Mas também permitirá o que só vemos hoje em filmes de ficção científica, como a transformação de pessoas em monstros. Acrescentar lâminas retráteis afiadas à estrutura óssea já é possível, embora pareça ficção. É possível, com esta tecnologia, modificar totalmente a estrutura óssea e muscular de um homem, acrescentando células cultivadas em laboratório, do próprio cobaia, de modo a impedir rejeição, tornando-o mais forte, rápido e resistente do que qualquer ser humano normal. É possível criar cavidades microscópicas que permitam abrigar glândulas específicas, ao gosto ou demência do cientista em questão. Transformar o esqueleto em um arsenal vivo, já saiu da esphera dos filmes de ação com roteiro ruim. Assim como o corpo de um acidentado pode ser totalmente reconstruído e reequipado, um soldado ou um criminoso pode trazer à vida real o que só existe, ainda, nos desenhos animados.

Se lhes parece meio fantasioso o que escrevi, lembrem-se do modo de trabalho dessa prototipadora. Ela trabalha com laser para a organização das moléculas. Em princípio, ela pode montar uma molécula nova, átomo por átomo, então modificar as funções de uma célula não é uma ficção absoluta, é questão de alguém querer e pagar o preço, porque haverá quem se disponha a colocar a ética de lado para encher os próprios bolsos. Com moléculas podendo ser manipuladas individualmente, alguns meses de tratamento seriam suficientes para transformar um recruta magricelo no Capitão América. Agora sim, os heróis podem ser levados um pouco à sério, porque muito do que os quadrinhos mostram já é viável. Para o bem e para o mal.

Ok, agora vocês já têm uma leve noção do mundo novo que se apresenta no horizonte. Agora perceberam que relações comerciais e sociais, em dez anos ou menos, não serão as mesmas de hoje. Agora vocês sabem que seus filhos mesmos poderão, ainda tão jovens, terem suas fabriquetas portáteis para atenderem à clientela que conseguirem, dependendo unicamente de seu talento para design ou soluções técnicas, da mesma forma como jovens da minha época faziam e vendiam lembrancinhas de gesso... Só que com qualidade e sofisticação industriais. Até as princesas da Disney já podem ter o teu rosto, como podem ver clicando aqui. Cedo ou tarde as outras empresas de entretenimento perceberão o filão, e o rosto do garotão aí poderá ser colocado em um bonequinho do Wolverine.

Agora, meus amigos, vocês sabem que não podem mais se dar o luxo da ignorância, porque ela deixou há muito de ser um casulo de proteção, e doravante é um sinal verde para predadores, tanto em nível pessoal quanto coletivo.

Perdoem tirar vocês de seu mundo de necessidades simples e previsíveis, mas o mundo real nunca foi assim, e de agora em diante, caríssimi, a ignorância está a caminho de tornar-se sinônimo de suicídio potencial. Parece alarmismo? Desculpem, mas estou sendo o mais didático e suave possível. Os países sérios já estão trabalhando em meios de se beneficiarem desta revolução, em escala muito maior e mais profunda do que a iniciativa privada. Meus queridos, o mundo em que vocês dormiram ontem, lamento, mas está morto.







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