31/05/2012

Em uma escura manhã de quinta-feira

Os transtornos passam, as obrações ficam!

Foi uma manhã escura, eram 05h45min da manhã e só no último instante o motorista avisou, não desceria a rua 10, que continua na avenida Universitária, pois estava interditada. Desceria a 83 até o cepal e viraria para a Praça Universitária. Quem conhece o traçado original de Goiânia, que vigora naquela região, sabe o quanto um pequeno desvio de rota pode mudar a distância. É tudo em forma de leque, mudar de uma via principal para outra, pode mais do que dobrar a distância a ser percorrida.

Desci daquele pau-de-arara em lugar ermo, onde que eu quase nunca piso, ainda mais no escuro, em um horário em que absolutamente ninguém poderia me ajudar, porque estavam quase todos dormindo. Fui na intuição mesmo, seguindo as ruas que meu senso de direção dizia poder me levar ao pardieiro onde trabalho.

Alguns carros, esporadicamente, passavam ao longe. Avistei prédios familiares e segui na sua direção, certeira, pois logo os estragos que a prefeitura fez apareceram. E os riscos de torcer o pé também.

É interessante acrescentar que chovera na noite anterior, e a avenida parecia ligeiramente diferente de quando a deixei. Ontem, ela estava cheia de buracos, com o asfalto (mal) raspado, as rampas de acesso mal planejadas se estragando por falta de alicerce, enfim... Hoje estava quase tudo igual, só diferenciando por haver mais pontos interditados, e por uma capa de asfalto novo cobrir metade da pista.

Reitero que choveu na noite anterior, então a lógica me levou a crer que aquilo teria sido feito às pressas, debaixo de chuva e com enxurrada, ou tudo junto. No domingo, a avenida já tinha sido interditada para obras que NÃO FORAM FEITAS. Na segunda-feira a densa camada de poeira de terra e asfalto cobria as calçadas, em uma região repleta de clínicas, hospitais, escolas e faculdades. Ao contrário do restante da cidade, a chuva ali pareceu ter sido amis vigorosa, porque as rampas de acesso apresentavam buracos muito bem delimitados e lavados, alguns bem profundos. Como vocês sabem, e o prefeito parece não saber, a enxurrada não respeita fita de isolamento, e levou embora boa parte da obração feita no domingo.

Chegando ao serviço, bem mais tarde do que de costume, por causa da distância extra percorrida, o vigia confirmou tudo. Descreveu para mim a cena dos operários fazendo a obração e a enxurrada levando tudo embora, mais ou menos como quem tenta enxugar gelo. Mas eles conseguiram fazer aquela meia pista de asfalto, só não dou minha cara a tapa pelo que tem debaixo dela. Normalmente o asfalto goianiense é muito ruim, muito fino e feito de péssima matéria-prima. A cena de calçadas recém-feitas já terem rachaduras enormes em muitos pontos, se desmanchando nas bordas, com tijolos que parecem ter sido requentados, em vez de cozidos, já era triste o suficiente. Eles parecem não suportar o peso de uma pessoa mais robusta, quanto mais o uso severo de uma via pública, há muitos deles se esfarelando na extensão em que a prefeitura já obrou... Se bem que perace que vão quebrar tudo mais uma vez, para fazer algo.

Nesta semana, começaram a cortar o que já foi feito para fazer as rampas e outras alterações. Em vez de já terem derramado o cimento de modo a dar espaço, vejam bem, eles arrebentaram as calçadas depois de prontas. E muitas dessas rampinhas já estão com aspecto apocalíptico, se desmanchando, com muitas partes quebradas e algumas exibindo um espaço vazio, onde deveria haver um alicerce.

Ah, claro, a densa poeira de terra, asfalto, pó de alvenaria, entre outros, não estava mais lá. Obrigado, São Pedro, porque a prefeitura não deu a mínima para a sujeira e para os tipos que estabelecimentos que ela prejudicou; fora a população, que o Setor Universitário é densamente povoado.

A população? Quem se importa? Os passantes que se lasquem, com máquinas e caminhões obstruindo rampas de cadeirantes, em plena esquina, impedindo a visão dos motoristas que pretendem converter, faixas de isolamento os empurrando para as partes mais quebradas da obração, veículos da prefeitura os empurrando para o meio de uma avenida movimentadíssima... E os jornais provincianos, medíocres e presunçosos da cidade, afirmando que Goiânia é a melhor capitam em infra-estrutura.

Aqui, onde moro, temos dois postes com tomatinhos fracos que vivem no acende-apaga, acende-apaga, acende-apaga, acende e apaga de vez porque queimou. Qualquer um que tenha ouvido um eletricista conversar, sabe que o problema é o bocal, não a lâmpada. pois eles só trocam as lâmpadas, muito tempo depois de se queimarem, para logo voltarem a queimar, no acende-apaga que deixa a população à mercê dos meliantes que tomaram o bairro. Não, a polícia mais agressiva, que tem cometido muitos abusos contra cidadãos, não tornou nada mais seguro, apenas mostra à mídia contractada que o governo está obrando pelo Estado inteiro, enquanto a prefeitura faz uma obração extra na capital. Se o governo quisesse mesmo acabar com a meliancia, desapropriaria casas abandonadas e tomaria conta dos prédios públicos, que servem de mocó. Só que isso não aparece para o povão, obrar aparece. expôr um policial ao risco de uma emboscada, e Goiânia é rica em lugares propícios, mostra que o governo está obrando. Lugares que servem à especulação imobiliária, que financia campanhas.

Se para os policiais, treinados e atentos ao ambiente, é perigoso, imaginem para os operários que lutavam para a enxurrada não levar todo o seu serviço, no meio da noite, sem absolutamente ninguém a quem recorrer. Ninguém a quem recorrer, como os pedestres que precisam pular obstáculos, desviar de máquinas da prefeitura, enfrentar os carros no meio da rua... Tudo isso de manhã cedinho, com visibilidade mínima. A tradicional Praça Universitária virou um pandemônio, cheia de buracos, máquinas e afins, bons para gente mal intencionada se esconder, para ficar bonitinha e mal construída, quando for reinaugurada. Se estiver inteira, quando for reinaugurada.

25/05/2012

Mais um blog, Nanael?

Meia-volta, tropa! O novo blog é pra lá!

Sim, caríssimos, abri mais um blog. Não se trata de euforia, entusiasmo, nem modismos. Até porque, vocês sabem, os blogs estão perdendo bastante público para os micro blogs e as redes sociais, então a moda passou. As pessoas preferem, à amiúde, tratar com grupos inteiros de uma só vez, isto as redes sociais oferecem como ninguém. Não é o meu caso.

Demorei a abrir um blog e estou com ele há quase seis anos. Infelizmente, em termos, o Palavra de Nanael tem um caráter muito pessoal, pelo que fica difícil abordar temas específicos e de conhecimentos gerais. Eu já tinha sido convidado para participar de dois outros blogs, o Talicoisa e o Demônios Internos. Aquele, de temática despirocada, de tão livre, o outro de temática religiosa, esotérica, philosóphica. Hoje estou sozinho neles, e o Talicoisa acabou recebendo uma temática específica, o entretenimento de massas.

O blog À Bateria, que substituiu o problemático Página de Nanael, trata de veículos eléctricos, híbridos, à ar comprimido, hidrogênio, enfim, da retomada de tecnologias que foram sufocada pelo machismo e pelo baixo custo do petróleo, que na época, passagem do século XIX para o XX, parecia que jamais iria acabar... Estávamos enganados.

Assim como o novo, estão todos à inteira disposição, na lista de links à direita. Cliquem, leiam, comentem e divulguem. O blog novo, inaugurado ontem, é o Vintage Way of Life. Como o nome diz, ele aborda a estranha fauna que se espalhou rapidamente pelo mundo, na virada deste século. Falarei de pessoas e modas que buscam resgatar o que as cousas antigas têm de bom, e ainda têm a ensinar-nos. O de ruim, que fique no passado mesmo. Com dois artigos, na noite de inauguração, obtive boa receptividade, com um bom número de acessos, especialmente porque não tenho pistolão para me promover.

Vou dar conta? Sim, vou. Não é o número de tarefas que me impede de realizá-las, é a falta de condições, então tanto faz ter um ou dez blogs, ao menos para mim. Por problemas pessoais, não tenho actualizado este com a freqüência com que as idéias aparecem, nem com a urgência que pedem, mas isto é um problema meu e eu tenho que resolvê-lo.

Assim, peço a compreensão com que sempre contei, por parte de meus leitores, e convido a reler os arquivos dos blogs, do tempo em que eu tinha mais horas diárias disponíveis. Como tudo passa, esta fase periclitante também passará e eu poderei publicar mais rápido do que vocês serão capazes de ler.

Para o futuro, dependendo dos progressos da internet, que andam mais rápido do que eu consigo acompanhar, é possível que eu faça um portal em que todos eles estejam reunidos em páginas independentes, mas de acesso centralizado. Talvez até em maior número, dependendo das necessidades, não da minha vontade pessoal... Que há uns vinte anos era de me isolar em um rincão, longe de tudo e de todos, mas não aconteceu.

Sem mais, vão lá: http://nanaelvintage.blogspot.com.

18/05/2012

Com os erros alheios


O casal criava os filhos com um certo rigor, mas sem deixar faltar absolutamente nada do que necessitavam. Como ainda era muito pequenos, sem discernimento, não lhes davam muita liberdade de escolha. Afinal, se pudessem, comeriam jujuba o dia todo e jamais tomariam banho.

Contrariando um pouco a própria índole boêmia, o casal se controlava para não dar maus exemplos aos petizes. Viram em outras famílias, ainda na época de namoro, pais reclamando do comportamento de seus filhos, sem se darem conta que estavam apenas imitando os seus, de onde deduziram que o "Faça o que eu digo, não faça o que eu faço" é uma peneira usada como sombrinha.

Perceberam que nem tudo o que é antigo, é ruim, e vice-versa. Buscaram desde cedo a ajuda de uma psicóloga biruta para ver onde os outros casais acertavam e erravam. Souberam de erros bizarros. Não adiantava dar o que não tiveram, se antes não lhes dessem também o que de bom lhes foi dado, como educação e civilidade.

Não adiantaria também podar completamente os pequenos, porque um dia eles cresceriam e se tornariam adultos dependentes, incapazes de tomar decisões sozinhos. Era necessário dar-lhes a liberdade que fossem capazes de administrar. Ser democrático com pequenos ditadores era um dos erros mais comuns, assim como não dar liberdade nenhuma e anular totalmente a criança. E uma criança pequena, convenhamos, não sabe administrar nem o próprio intestino, quanto mais a liberdade! Enquanto assim estivessem, precisariam vigiar os seis de perto. Sim, seis! dois pares de gêmeos e dois adotivos. Onde estavam com as cabeças, não sabem, sabem que agora têm uma responsabilidade enorme, a de não colocar mais seis monstros egoístas e insensíveis à dor alheia no mundo.

A vontade de dar presentes para ver a casa sempre cor-de-rosa era controlada. Havia muitos brinquedos, sim, mas todos pedagógicos e coletivos, de modo que ninguém podia se apossar de um, nem tomar de quem estivesse usando. Mas que trabalheira! Quanto choro, quanta birra, quanta dor de cabeça! Claro que sempre aparecia um idiota dizendo que aquela casa estava virando um colégio de freiras, onde ninguém podia fazer nada; como se eles conhecessem um colégio de freiras. Vendo os filhos deles no colo, tranqüilos, com seus brinquedos hi-tec-benten com cenários vendidos separadamente, a tentação era forte.

Até os seis anos de idade, nenhum comia absolutamente um grama de porcaria industrializada. Mas para tanto, eles mesmos precisaram não comprar, pois sabiam que alguém encontraria, cedo ou tarde e daria trabalho. Comiam bobagem na rua, quando as crianças não estivessem por perto. Para ajudar, contrariando o que a pedabobagia pseudomoderna de quem vai da sala de professores para o banheiro e de lá para o ar-condicionado de suas salas, alguns horários de alguns canais eram bloqueados. Não por pornographia, por ideologia ou o que valha, mas para que programas dirigidos às crianças não lhes empurrassem porcarias de patrocinadores. Viam poucos programas realmente feitos para as crianças e, quando acabavam, iam brincar lá fora, juntos, com sujeira, plantas, insetos, tombos e choros. No fim da tarde, todo mundo para o banho, que deveriam dormir cedo, gostando ou não; o cansaço pelas actividades do dia os derrubava. Enquanto foram crianças, vestiam roupas de crianças, usavam brinquedos e ficavam longe de festas de adultos. Só conheceram o super mercado depois dos nove anos.

Foi uma época muito trabalhosa, mas foi a mais fácil. A partir dos nove anos, com os hormônios em ebulição e amizades de escola para influenciar, precisaram endurecer, mas sem perder a ternura jamais. Recorreram mais de uma vez à amiga Esther Gutemman (aqui, aqui, aqui e aqui), mestra ascensionada em matéria de educar e corrigir filhos. Ela sempre lhes dizia que não deveriam ser pais duros, nem pais moles, deveriam ser o que, quando e enquanto fosse preciso ser. Ajudou o facto de as idades serem próximas, e terem dado responsabilidades à medida em que cresciam. Com sete anos, por exemplo, já cuidavam uns dos outros, faziam lanches simples, arrumavam suas próprias bagunças e tudo mais. Entraram na adolescência já ajudando a limpar a casa e na lida culinária.

O que os "amigos" pensavam disso? DANE-SE! Não eram os amigos que pagavam suas contas, que os alimentavam, que os levavam no fiofó da noite ao pronto-socorro (pensa que é sopa ter filhos? Experimente) e tudo mais que eles faziam por sua prole. Não tinham pena de fazer os garotos chorarem, se fosse necessário, preferiam pagar psicoterapia pelo resto da vida, a pagar advogado uma vez só. Mas como isso desgastava o casal! O mundo inteiro conspirando para que radicalizassem para qualquer lado que fosse, desde a extrema permissividade até a extrema tirania, que eram escolhas confortáveis, mas equívocos que viam produzir frutos amargos e indigestos em outras famílias.

Paralelamente, cada um tinha seu jeito de ser. Eram seis filhos com estilos próprios, gostos próprios, modos próprios de ser, e isso era respeitado. Uma era louca, apaixonada, completamente caída por cantores cafonas. Chorou rios de lágrimas quando o Wando morreu. Colocou todas as calcinhas no varal, em sinal de luto. Brega? Imagina! Mas todo mundo respeitava, desde que não lhes obrigasse a ouvir o que não precisava ouvir. Seu sonho dourado é visitar o Museu do ABBA, na Suécia, e fazer um no mesmo estilo.

Os mesmos idiotas que outrora os acusava de transformarem a casa em um convento, então passaram a apontar o dedo para o que chamavam de desagregação familiar. O motivo era justo o respeito e a tolerância para com o modo de ser de cada um, inclusive a filha mais nova, Virgínia, otaku de carteirinha e já mestrada em fazer cosplay de tudo o que se imaginar, e costuma andar por aí fantasiada. Queriam ver todo mundo uniformizado, aparentando união, aparentando respeito, aparentando obediência, aparentando o raio que os parta! O casal explodiu de vez e rompeu com metade da família, a outra metade passou a agendar visitas com um mês ou mais de antecedência.

Assim que cada um teve idade, lhes deram trabalho. A persistência durante a infância, evitou a instalação de vicios do mundo contemporâneo, antes que tivessem capacidade para administrá-los. Sabem, porém, que o dito mercado de trabalho deixou de ser exigente para ser estúpido, deixando de lado gente capaz e disposta a crescer, para privilegiar pompa e circunstância. Que remédio? O casal teve que arranjar CNPJ e empregar os pimpolhos que eram tratados como coisas pelos empregadores. Afinal, eles tinham que aprender a respeitar, não a servir de capacho. Engolir sapo tem limite. Isso garantia uma vidinha mais fácil, certo? ERRADO! Ali não era um casal de empregadores que estava de olho, eram seus pais que tinham no pagamento dos salários um poder a mais, para controlar os seis. Sim, leitores, chegou ao ponto de os seis bons cidadãos mirins ficarem desempregados ao mesmo tempo.

Lucro? Pouco, bem pouco. O dividendo que eles buscavam, e conseguiam, era manter os filhos sob controle e se controlando. Não que não dessem problemas, eles reconheciam que tinham crianças e não anjos. mas à medida em que se tornavam mais responsáveis e competentes, ganhavam liberdade de escolha e diálogo. Não adiantava tentar controlar todos os aspectos da população doméstica, porque ela acabaria se tornando meia dúzia de adultos a esperar sempre que lhes dissessem o que deveriam fazer, tornando-os presas fáceis para mal intencionados, e o casal não estaria eternamente presente para socorrer. Precisavam aprender a escolher, arcar com as conseqüências, amadurecer, quebrar a cara, enfim, tudo. Uma vez que aprendessem a ser verdadeiramente donos de suas vidas, a democracia dentro de casa seria plena.

Com o tempo, antes mesmo da maioridade, os pais passaram a arcar só com as despesas básicas da casa, do resto os garotos se encarregavam. Às vezes até do pesado eles participavam, mais ou mesmo como se um grupo de cidadãos arregaçasse as mangas e fizesse pequenos reparos no patrimônio público, em vez de simplesmente reclamar que a prefeitura não olha pela comunidade, claro que depois cobrando o preço justo.

Um dia, com os primeiros aniversários de maioridade, a parte banida da família voltou àquela casa. Fizeram todo o possível para seus filhos criarem raízes, incluindo evitar muitas mudanças de endereço. O que viram foi um choque. Entre as ampliações da casa, estavam uma pequena biblioteca e uma pequena galeria de photographias, em que as diferenças entre os oito eram usadas para complementar, em vez de segregar. Avós precoces viam seus sobrinhos só agora, com capacidade para arcar com suas conseqüências, terem namoros de verdade. Os retratos mostravam todos os oito membros da família relaxados, à vontade, abraçados sem fazer pose e sem retesamento muscular. Lá dentro, todo mundo sabe quem manda, mas todos participam das decisões, porque todos querem resolver os problemas postos na mesa, em vez de discursar e competir para ver quem está certo.

O casal tinha na ponta da língua as orientações da amiga psicóloga, mas principalmente da amiga judia: Não é preciso ser duro nem mole, é preciso ser o que, quando e enquanto for necessário. Receita que parece simples, mas que os fez quebrar a cara um bocado de vezes até acharem a medida certa para cada um, porque cada um apresentou um nível e caraterística diferente de rebeldia, quando ela apareceu. Na garagem há três carros, uma van para levar toda a família, e dois pequenos, que cada um tem sua vida própria para tocar.

Foi uma luta, seis leões a matar por dia. Eles não recomendam a experiência para ninguém, avisam sem rodeios que cada filho é uma espada sobre a cabeça. Gostar de criança, todo adulto são gosta, mas isso não capacita ninguém a criar um filho, muito menos seis! É um poder muito melindroso, que escapa ao controle com uma facilidade imensa, requer toda a maturidade e determinação que a maioria da população mundial não tem. Quem sabe controlar um poder, sabe abidicar quando chega a hora. A autoridade de quem fez por merecê-la não pode ser tomada, mas é hora de dar o poder da casa a quem já sabe lidar com ele. Seus filhos agora são adultos, que se virem, eles vão para a segunda lua-se-mel, em Dublin.

11/05/2012

Vaquinhas no brejo

Vaca 'Carajá', na praça da Matriz de Campinas

Sim, as vaquinhas foram para o brejo. Semanas de exposição, com aceitação acima do esperado, fizeram a fama do cow parade em Goiânia. Nesta semana, foram transferidas das ruas para o parque agropecuário da Nova Vila, que para quem não sabe, é um bairro todo construído no brejo.

O bom foi ter mostrado que o goianiense ainda guarda um pouco daquele refinamento bucólico que políticos babões-populistas tentaram destruir com afinco. Ainda há chances adormecidas de Goiânia voltar a ser uma cidade civilizada e cordial, agradável de se viver... Especialmente no trânsito. Socorro...

Houve poucos incidentes, quase todos leves. Pichação foi de longe o maior problema. Os mesmos inúteis que gastam dinheiro com tinta e noites de sono para deixar seus garranchos supérfulos em propriedade alheia, e em quase tudo que é prédio público, decidiu deixar como legado à humanidade, mais rabiscos inúteis nas carcaças de fibra-de-vidro das vaquinhas.

Um incidente mais grave, porém, aconteceu no meio da 'gente de bem', da 'sociedade goianiense', cheia de títulos concedidos pela câmara de vereadores. Um grupo de fiotes de cruz-credo decidiu furtar uma das vacas, que estava no parque Vaca Brava, no Setor Bueno. Área nobilíssima, com tudo por perto e de primeira qualidade. Os mongos foram tão mongos, que levaram a vaca para o seu condomínio, como se ninguém fosse perceber uma vaca rosa-choque em tamanho natural com chifres espelhados, intitulada 'Oasis', na garagem do prédio. Levaram em uma Saveiro, sem nem uma lona para disfarçar, todo mundo viu os taiobas rindo feito dementes, enquanto cometiam uma infração grave de trânsito. Foram denunciados por um monte de gente, daí se vê o quanto são bem quistos, e os fi-lhi-nhos de zenten de bens foram parar na delegacia.

Bem, a vaquinha voltou ao parque e os meliantes foram soltos sob fiança. Comprovando o que Cocó Chanel disse "Há pessoas ricas e pessoas com dinheiro, infelizmente nem sempre são as mesmas", eles demonstraram toda a sua mentalidade subdesenvolvida e depredaram a vaquinha. como se dissessem "Se essa vaquinha chi-quér-ri-ma não pode seer minha, não será de mais nin-guém! Ai, como eu tô bandida!" e quebraram alguns dos pedaços espelhados.

Claro, que em fóruns de internet, houve quem defendesse os sujeitos, afirmando que nem era tão grave para ser chamado de 'crime' ou 'furto'. Claro que cada um deles, despertou a ira de cidadãos já fartos de impunidade, e foi devidamente avacalhado em massa. Pior foi a parte abobalhada de São Paulo colocar todos os goianos no mesmo saco e... Deixe pra lá, não vale à pena.

Felizmente a cow parade é uma organização muito bem administrada e todas as vacas serão devidamente restauradas. Elas estão, aliás, no parque de exposições justo porque começa hoje, a exposição agropecuária da cidade. Lá, como as vacas de verdade, serão leiloadas e a renda revertida para a caridade. A My-cow Jackson é uma das preferidas do público, mas foi a cor-de-rosa-choque que os garanhões furtaram e depois depredaram. Os pais desses jovens também me impressionaram muito. Com todo o sucesso que essas vaquinhas fizeram, NINGUÉM apresentou sequer uma linha de adesivos com ilustrações delas.

Absolutamente ninguém, nem os camelôs, apareceram vendendo mini vaquinhas com as estampas e poses das de verdade, expostas pela cidade.Não acredito que a organização do evento se recusasse, em troca de uma comissão para as ações sociais que sustentam, se recusassse a licenciar o que já estava pronto. E desde quando camelô dá tento para licenciamento? Sabem aqueles chaveirinhos co vaquinhas que, em se apertando o fundo, se deitam? Nem isso, com adesivos, se viu em bancas ou com ambulantes. A miopia do empresariado goiano é maior do que a média nacional.

O saldo, porém, é muito positivo, demonstra que o goianiense está disposto a gastar um pouco de seu tempo para apreciar arte, ainda que timidamente e ainda precise de formas mais lúdicas. Para o ano que vem, com certeza poderemos esperar por outra edição da cow parade, talvez com mais civilidade, mais maturidade e menos miopia de quem tem grana para investir. Assim, quem sabe, Goiânia se torna aquela promessa vanguardista que foi, até o início dos anos sessenta.





Para acompanhar a Cow Parade pelo Brasil, clique aqui, e vá ao website.

05/05/2012

Marcas na carne


Um modo fácil de ser mal entendido é ter firmeza naquilo em que se acredita, e se pronunciar sobre algo que normalmente não condiz com a sua natureza. Sempre parecerá estar sendo contra ou apontando o dedo àquilo ou àquela pessoa. É freqüente isso me acontecer.

No caso, eu não sou afeito a tatuagens, piercing, visual agressivo e afins. Mas muita gente confunde isso com não gostar das pessoas que usam essa estética. Meus leitores habituais sabem bem que a estética dita 'tradicional', vigente entre os anos trinta e sessenta, é a minha preferida, bem como sabem que eu já fui xingado pela esquerda e pela direita, por ser contra o que pensou que eu disse ou a favor do que pensou que eu tinha criticado, neste blog. Disto vocês tiram o que eu tenho que agüentar. Quase sempre me reservo o direito de ignorar a malcriação e passar por cima, que tenho uma vida complicada para tocar.

O problema ocorre quando pessoas de meu extremo apreço me entendem mal. Aqui eu não posso simplesmente dar de costas, como se sua opinião não me valesse. A opinião dessas pessoas me é muito cara, embora elas se confrontem e me coloquem em saias justas, de vez em quando. Aconteceu hoje.

Tatuagens e adornos (não os de aço inox de hoje, claro) espetados no corpo, foram proibidos pela Igreja no século VIII, com a alegação de ser um vandalismo contra o próprio corpo. Não que os canalhas da época tenham ficado bons por não poderem mais se tatuar. O facto, é que tatuagens mais visíveis eram (e ainda são) um modo rápido e seguro de pessoas de um grupo se identificarem, incluindo ordens secretas e religiosas não reconhecidas. Era fudo um meio socialmente aceitável de aumentar a perseguição já instaurada. Acontece que marinheiros continuavam se tatuando e colocando adornos no corpo, com a previsível conseqüência da marginalização, que tornou-se um estigma dos portos. Pouca gente se arriscava viajar para longe, por terra, por mar era quase ninguém. Eles precisavam muito daqueles marinheiros.

Quando se deram as grandes navegações, o que os europeus encontraram? Isso mesmo, gente tatuada e cheia de penduricalhos pelo corpo. e não foi somente entre os povos considerados selvagens, no altamente civilizado e organizado Japão, é tradicional os homens tatuarem o corpo inteiro com paisagens complexas e símbolos da cultura nipônica. No Japão feudal, um homem sem tatuagens não era necessáriamente um homem respeitado. Na falta de RG, era a identidade deles. E japonês que honrasse os bagos, usava leques coloridos. Isto foi só um dos pontos de discórdia entre ocidente e oriente, mas talvez um dos pontos mais polêmicos; até hoje.

Em algumas tribos no Atlântico Sul, as tatuagens eram tão agressivas, que alguns nativos eram confundidos com demônios, pelos navegadores. Também tão dolorosas, que alguns indivíduos faleciam durante a tatuagem, que era terminada e depois providenciado o funeral. Começaram a perceber como os tatuados foram sendo mandados para os tribunais da moral da época? É difícil entender que a humanidade evolui com muita má vontade e lentidão, e que por isso, às vezes, revisita suas raízes pré-históricas, mesmo usando terno e gravata?

Bem, a partir do fim da segunda guerra, a popularização da 'expressão artística corporal' se deu rapidamente, à revelia dos cleros. Soldados que voltavam do front, com a cabeça feita para aquilo que realmente era importante, em detrimento do que era mero protocolo supérfulo, se desencantaram com seus países, quando viram o que tinham deixado para trás: uma sociedade conservadora e permissiva, especialmente os Estados Unidos. Para quem não conhece bem psicologia, alerto que esta é uma mistura explosiva, capaz de gerar tantos conflitos conceituais, que acaba gerando grupos fundamentalistas, uns extremamente conservadores e cegos para tudo o que for contraditório em seu meio, outros extremamente liberais e cegos para tudo o que for contraditório em seu meio. Geralmente, dois grupos fundamentalistas de mesma orientação, não se bicam se não for contra um inimigo comum, porque a xenophobia faz parte do fundamentalismo.

Os motociclistas de vida livre, sem residência fixa, alguns deles arriscaram seus pescoços pela pátria, começaram a criar códigos, gírias e segredos para se comunicarem entre si sem serem importunados pelos (o termo não nasceu, mas ganhou corpo aqui) caretas da sociedade. Tatuagens, barbas, visual agressivo e outros, faziam parte. Preciso dizer que delinqüentes se aproveitaram rapidamente? Porque muito do que os filmes sobre juventude rebelde mostra, é reflexo da realidade da época, apesar de romanceado. E a 'sociedade careta' julgou o trigo pelo joio, colocou todo mundo em um só saco e motoqueiro de vida livre tornou-se sinônimo de bandido. Com a queda do governo cubano, então, cada um daqueles barbudos de motocicleta passou a ser visto como um Fidel Castro. Coloquem tudo isso em um país naturalmente neurótico e BUM!

De fins dos anos cinqüenta em diante, com os avanços tecnológicos e sanitários, a tatuagem decorativa se popularizou rapidamente, especialmente entre os moradores dos litorais. Novamente o mar e a tatuagem. A sociedade conservadora e permissiva, porém, tinha afrouxado um lado para manter os outros mais apertados. Negros e brancos, nos Estados Unidos, seriam presos se tentassem se casar. Quem o fizesse, teria que fazê-lo noutro país e nunca mais voltar. Isto e´só um dos pontos, todos eles dariam um par de trilogias distintas. Os pais fechavam os olhos para o modo como seus filhos se divertiam, confiando demais no próprio taco, e as drogas ilícitas começavam a entrar nos sagrados lares americanos, e nos brasileiros também, não se iludam, tudo era feito e mantido debaixo do pano. Novamente associaram tatuagem e penduricalhos a algo de ruim. Traficantes não tardaram a perceber que um visual moderno facilitaria a aproximação e infiltração. Não que eles se recusassem a usar o estilo conservador, não é isso, eles vão para qualquer lado que lhes dê dinheiro e poder, se conseguirem isso com roupa de Telettubbies, eles se vestem de Tink Wink sem pudores.

O fim da era de optimismo, que durou bem mais do que era de se esperar, acabou dando à tatuagem o significado original, o da comunicação, expressão e identidade. Isso, combinado com os avanços tecnológicos (porque nossas cabecinhas se mantém na idade antiga) deu uma variedade inédita de penduricalhos. Não eram só os velhos e medievais brincões de pirata, agora era possível expressar toda a frustração, toda a raiva, tudo o que se pensava da sociedade bla-bla, bla-bla e bla-bla, sem precisar tacar fogo em tudo e recriar o mundo de Mad Max ao vivo. Até porque, em sua maioria, eles perceberam que destruir a sociedade não daria os resultados que querem, as pessoas continuariam mesquinhas e limitadas, com ou sem uma sociedade unificada para resguardá-las.

Alguns chegaram ao extremo de colocar para fora, na pele, todos os seus demônios. Funciona melhor do que sair por aí e fazer vandalismo. Custa uma fortuna, a pessoa sabe que será discriminada, que a olharão torto e tudo mais. O caso é que a pessoa não se vê, não se sente (por assim dizer) mais uma pessoa normal, toda bonitinha e alinhada, como se seus traumas não existissem. Em alguns casos, chegam a tornar-se deliberadamente assustadoras, porque é assim que conseguem se enxergar, não aceitariam passar ao mundo uma imagem falsa. A exemplo de mulheres no Brasil e no oriente médio, que são desfiguradas por homens ciumentos e passam a precisar de intervenção cirúrgica para se reconstituírem, quando é possível a reconstituição... e quando a mentalidade tribal permite a ajuda médica. Mentalidade tribal ainda vigente em muitos rincões de nosso território.

A moça da ilustração do cabeçalho, por exemplo, não conseguiu mais ser a mocinha botina e angelical à esquerda. Acreditou que se transformando, acabaria sendo ouvida, pela violência que sofreu a vida inteira. De certa forma, foi ouvida, não sei se com os resultados que esperava. A aparência doce e angélica não assegurou-lhe a tranqüilidade familiar. Agora, pelo menos, ninguém lhe enche os pacovás. Hoje ela tem seu grupo, uma proteção frágil, mas tem. Tem visibilidade e a usa para sua causa, a denúncia da violência doméstica.

No fim das contas, a aparência é um pretexto para discriminação. Sem seu subterfúgio, continuar-se-ia discriminando do mesmo modo. Chiitas e sunitas não se engalfinham, mesmo ambos usando as roupas tradicionais do oriente médio? Qualquer cousa é pretexto para colocar em alguém a culpa por suas mazelas.

Reitero que eu encontro meu canto no art déco, o que me daria, para muitos, salvo conduto na sociedade. Lamento, não é verdade. Conheço a discriminação, a agressão verbal e física, a preterência, o desrespeito descarado e o escárnio desde a mais tenra idade. Só se eu tivesse me restringido a um grupo de semelhantes a mim, para não ter sofrido tudo isso, mas esse grupo não existiu e eu não sou segregador, para excluir de meu convívio alguém que não for minha cópia. Ser certinho, alinhado e disciplinado, não me garantiu e ainda não me garante sequer a proteção social, não me garante absolutamente nada.

04/05/2012

Hoje é quatro de Maio


Quem nunca tocou tuas mãos e não sentiu seu amor incondicional, negou-se o deleite da leveza que permeava cada uma de tuas intenções.

Quem jamais olhou teus olhos no profundo negro de suas pupilas, privou-se do vexame de chorar suas fraquezas ao ser tomado por seu brilho.

Quem jamais ouviu ao vivo a tua voz e não se viu cercado pelas notas que não desafinam, não sabe do frescor balsâmico que tuas palavas inoculavam.

Quem nunca partilho de tua presença terna em seus momentos terrenos, perdeu a sintonia fina de teus anseios pueris em prol do semelhante.

Permita, Audrey, que minhas palavras te toquem o coração dourado e te abram o sorriso emoldurado em teu singelo rosto de potestade.

Audrey teve sua educação austera alicerçada pelo trauma da fome durante a guerra, quando comeu flores para aplacar sua fome. Conheceu o que combateu e fez questão de levar a luta para o além-túmulo. Tratou de ser mais o que esperava de si mesma do que era esperado que fosse, angariando o respeito e até devoção de muitos colegas.

Ninguém é chamada "Anjo das Crianças" em um mundo materialista, se não tiver se doado em corpo às dores latentes dos pequenos desassistidos.

Ninguém é chamada de estrela de primeira grandeza em um mundo de pirotecnias, se seu brilho sozinho não servir de guia para o comportamento dos que te amam.

Ninguém é aclamada embaixadora em uma época em que ainda não gerava publicidade, se seu caráter não condiz com a diplomacia do amor ao próximo.

Ninguém é lembrada quando os jornais a esquecem pela ausência de escândalos, se sua falta não for muito maior do que seu tempo de vida.

Permita, Audrey, que toda devoção às tuas causas seja um pequeno reflexo de teu farol cordial, para angariar os corações rebeldes desta hora.

Audrey tocou sua vida de modo modesto para o que se esperava de uma estrela de primeira grandeza, com leveza, graça e elegância ainda hoje não equiparadas. Levou toda essa nobreza de ser às crianças invisíveis, que a era de prosperidade mundial deixou de lado, porque vendo-a tão bela e elegante, seus pequenos corações se acalmavam e permitiam melhor a aproximação.

Não tenho palavras próprias que traduzam o que quero dizer, me deixo inspirar naquilo em que creio para fluir os sentimentos mais sutis.

Não tenho autoridade moral para me reportar sem pedir licença, me guarneço pelo texto que ora traço em linhas que não controlo de todo.

Não peço que olhe por mim neste recluso momento, posto que teus anjinhos ainda merecem e requerem tua atenção angélica.

Não reconheço a doma que as ondas torpes tentam dar à tua imagem, foi a vida em tenra idade que te deu o controle de si, pelas mãos da privação.

Permita, Audrey, que o facto de não termos nos encontrado em vida, não seja obstáculo para eu não aprender e crescer com os teus ensinamentos.

Audrey dedicou sua vida ao trabalho árduo e honesto, a certa altura dedicou seu trabalho àqueles que gostariam de ter um que sustentasse suas famílias. Tomou para seus cuidados as crianças cujos pais não puderam sustê-las. Ainda as ampara por suas obras, que revertem seus ganhos para o bem de quem não tem bens.

Hoje é quatro de maio, dia da caridade e do amor incondicional ao próximo. É dia de Audrey Hepburn.


For Audrey Hepburn Crildren Foudation and official website, click here.
For Audrey Hepburn Fan site, click here.

02/05/2012

A novela da tarde

"Vai ser"???

Olha, eu vou ser sincera com você... Este é o pior texto que eu já vi em toda a minha vida! E olha que eu analiso, em média, uns dez ou doze roteiros por mês, há mais de vinte anos!

Chamar de ruim é elogio. Seus personagens são meras cópias uns dos outros, só mudando adereços, tiques, sexo e biotipos, quando muito! A impressão é que você pegou imagens de manequins de vitrine, na internet, e retocou tudo no paint brush, nem photoshop literário posso dizer que tem aqui!

Aliás, de literário isto não tem absolutamente nada! As falas são tão forçadas, que quase vejo Torquemanda nos bastidores, fazendo ameaças a quem não conseguir falar. Não vou dizer que é um roteiro idiota, porque para ser idiota precisa melhorar muito! Teremos que encontrar, quem sabe no português arcaico, algo que sirva para adjetivar isto!

Estes policiais aqui, por exemplo, você tirou de onde? Copiou e colou trechos de filmes dos Três Patetas? Isto é para ser engraçado, o alívio cômico da trama? Eles são tão irreais, que até o Guarda Belo, do Manda-Chuva, é mais verossímil!

Em absolutamente todas as cenas, cada uma delas, não há nada que justifique a cena posterior! Não dá nem para chamar isto aqui de caricato, porque é esculacho da pior estirpe! Até a trilha sonora sugeria é fora de contexto! Pode dar até processo contra a emissora, por difamação das obras!

As novelas mexicanas mais canhestras, têm cenas mais naturais e espontâneas do que estas! Nem dá para chamar isto de chichê, porque até para isso precisa de talento - e você não tem nenhum. Isto aqui é 'lixê', não dá nem para chamar de 'novelinha bobinha' ou 'água com açúcar'. É risco de diabetes tipo dois para qualquer um que passar do primeiro capítulo! Se esta porcaria for ao ar, vai faltar cana para produzir etanol!

Meu Deus, quem foi a ameba ignóbil  e anencéfala, que inventou que pessoas boas devem ser crédulas, bobinhas, ingênuas, chatas e com Q.I de ostra? O que te faz pensar que um homem, mesmo o mais banana, ficaria olhando a esposa se agarrando com outro, apenas soltando gemidos de indignação? Tudo para perdoá-la nos dez últimos segundos do último capítulo, em um cenário (literalmente) cor-de-rosa e viverem felizes para sempre?

Isto nem pode ser chamado de lavagem cerebral, é lobotomia televisiva da grossa! Colocar isto no ar, é chamar o tele espectador de burro, na cara dele e sem rodeios! Aliás, esse povo aqui é anacrônico, porque ninguém tem celular, e-mail, nem telégrapho! A dificuldade de eles se comunicarem uns com os outros é maior do que a da minha avó, quando ela era criança, na roça, onde e quando nem energia tinha.

Você já notou o quanto as falas se repetem? Não. Pois tente se lembrar do que escreveu, provavelmente depois de ter fumado um baseado vencido. Seus personagens canhestros falam, todos eles, as mesmíssimas coisas, quase que as mesmíssimas palavras, quando estão na mesma situação. Não um, ou poucos, ou a maioria, mas TODOS ELES!

Olha só uma das piores: Uma milionária que descobre que o adolescente gostosão, é seu filho desaparecido, e o alisa, alisa, alisa, dá presentes, protege, fica falada na cidade inteira por isso, MAS NÃO PENSA EM FAZER TESTE DE DNA POR MEDO DO QUE OS OUTROS VÃO PENSAR!!! Cara! Em que planeta você vive? Fala sério, na boa! Tu nasceu na Terra mesmo?

Eu já ri na cara de muitos autores medíocres, alguns abaixo da linha da mediocridade, mas você superou todos eles! Você conseguiu me tirar até a vontade de te sacanear na tua cara! A vontade que me dá, é mandar um segurança baixar tuas calças, te segurar para eu fazer um canudo bem grosso disto e enfiar aí! Porque parece que foi daí que essa porcaria saiu!

Quer que eu seja sincera, sem ofensas pro lado pessoal, já que no profissional é inevitável? Está aprovado. Esta é a nossa nova novela das tardes. Faremos cenários e produção tão medíocres quanto o texto, escolheremos um título ainda mais imbecil e rodaremos.