Os transtornos passam, as obrações ficam! |
Foi uma
manhã escura, eram 05h45min da manhã e só no último instante o motorista
avisou, não desceria a rua 10, que continua na avenida Universitária, pois
estava interditada. Desceria a 83 até o cepal e viraria para a Praça
Universitária. Quem conhece o traçado original de Goiânia, que vigora naquela
região, sabe o quanto um pequeno desvio de rota pode mudar a distância. É tudo
em forma de leque, mudar de uma via principal para outra, pode mais do que dobrar
a distância a ser percorrida.
Desci
daquele pau-de-arara em lugar ermo, onde que eu quase nunca piso, ainda mais no
escuro, em um horário em que absolutamente ninguém poderia me ajudar, porque
estavam quase todos dormindo. Fui na intuição mesmo, seguindo as ruas que meu
senso de direção dizia poder me levar ao pardieiro onde trabalho.
Alguns
carros, esporadicamente, passavam ao longe. Avistei prédios familiares e segui
na sua direção, certeira, pois logo os estragos que a prefeitura fez
apareceram. E os riscos de torcer o pé também.
É
interessante acrescentar que chovera na noite anterior, e a avenida parecia
ligeiramente diferente de quando a deixei. Ontem, ela estava cheia de buracos,
com o asfalto (mal) raspado, as rampas de acesso mal planejadas se estragando
por falta de alicerce, enfim... Hoje estava quase tudo igual, só diferenciando
por haver mais pontos interditados, e por uma capa de asfalto novo cobrir
metade da pista.
Reitero
que choveu na noite anterior, então a lógica me levou a crer que aquilo teria
sido feito às pressas, debaixo de chuva e com enxurrada, ou tudo junto. No
domingo, a avenida já tinha sido interditada para obras que NÃO FORAM FEITAS.
Na segunda-feira a densa camada de poeira de terra e asfalto cobria as
calçadas, em uma região repleta de clínicas, hospitais, escolas e faculdades.
Ao contrário do restante da cidade, a chuva ali pareceu ter sido amis vigorosa,
porque as rampas de acesso apresentavam buracos muito bem delimitados e
lavados, alguns bem profundos. Como vocês sabem, e o prefeito parece não saber,
a enxurrada não respeita fita de isolamento, e levou embora boa parte da
obração feita no domingo.
Chegando
ao serviço, bem mais tarde do que de costume, por causa da distância extra
percorrida, o vigia confirmou tudo. Descreveu para mim a cena dos operários
fazendo a obração e a enxurrada levando tudo embora, mais ou menos como quem
tenta enxugar gelo. Mas eles conseguiram fazer aquela meia pista de asfalto, só
não dou minha cara a tapa pelo que tem debaixo dela. Normalmente o asfalto
goianiense é muito ruim, muito fino e feito de péssima matéria-prima. A cena de
calçadas recém-feitas já terem rachaduras enormes em muitos pontos, se
desmanchando nas bordas, com tijolos que parecem ter sido requentados, em vez
de cozidos, já era triste o suficiente. Eles parecem não suportar o peso de uma
pessoa mais robusta, quanto mais o uso severo de uma via pública, há muitos
deles se esfarelando na extensão em que a prefeitura já obrou... Se bem que
perace que vão quebrar tudo mais uma vez, para fazer algo.
Nesta
semana, começaram a cortar o que já foi feito para fazer as rampas e outras
alterações. Em vez de já terem derramado o cimento de modo a dar espaço, vejam
bem, eles arrebentaram as calçadas depois de prontas. E muitas dessas rampinhas
já estão com aspecto apocalíptico, se desmanchando, com muitas partes quebradas
e algumas exibindo um espaço vazio, onde deveria haver um alicerce.
Ah,
claro, a densa poeira de terra, asfalto, pó de alvenaria, entre outros, não estava
mais lá. Obrigado, São Pedro, porque a prefeitura não deu a mínima para a
sujeira e para os tipos que estabelecimentos que ela prejudicou; fora a
população, que o Setor Universitário é densamente povoado.
A
população? Quem se importa? Os passantes que se lasquem, com máquinas e
caminhões obstruindo rampas de cadeirantes, em plena esquina, impedindo a visão
dos motoristas que pretendem converter, faixas de isolamento os empurrando para
as partes mais quebradas da obração, veículos da prefeitura os empurrando para
o meio de uma avenida movimentadíssima... E os jornais provincianos, medíocres
e presunçosos da cidade, afirmando que Goiânia é a melhor capitam em
infra-estrutura.
Aqui,
onde moro, temos dois postes com tomatinhos fracos que vivem no acende-apaga,
acende-apaga, acende-apaga, acende e apaga de vez porque queimou. Qualquer um
que tenha ouvido um eletricista conversar, sabe que o problema é o bocal, não a
lâmpada. pois eles só trocam as lâmpadas, muito tempo depois de se queimarem,
para logo voltarem a queimar, no acende-apaga que deixa a população à mercê dos
meliantes que tomaram o bairro. Não, a polícia mais agressiva, que tem cometido
muitos abusos contra cidadãos, não tornou nada mais seguro, apenas mostra à
mídia contractada que o governo está obrando pelo Estado inteiro, enquanto a
prefeitura faz uma obração extra na capital. Se o governo quisesse mesmo acabar
com a meliancia, desapropriaria casas abandonadas e tomaria conta dos prédios
públicos, que servem de mocó. Só que isso não aparece para o povão, obrar
aparece. expôr um policial ao risco de uma emboscada, e Goiânia é rica em
lugares propícios, mostra que o governo está obrando. Lugares que servem à
especulação imobiliária, que financia campanhas.
Se para
os policiais, treinados e atentos ao ambiente, é perigoso, imaginem para os
operários que lutavam para a enxurrada não levar todo o seu serviço, no meio da
noite, sem absolutamente ninguém a quem recorrer. Ninguém a quem recorrer, como
os pedestres que precisam pular obstáculos, desviar de máquinas da prefeitura,
enfrentar os carros no meio da rua... Tudo isso de manhã cedinho, com
visibilidade mínima. A tradicional Praça Universitária virou um pandemônio,
cheia de buracos, máquinas e afins, bons para gente mal intencionada se esconder,
para ficar bonitinha e mal construída, quando for reinaugurada. Se estiver inteira,
quando for reinaugurada.
2 comentários:
Tus tavas inspirado Nanain !
Eu conheço esses lugares tudo... fui lendo e imaginando na minha cabeça tudo.
Pelo que eu saiba teve um tempo que a prefeitura demoliu esses mocós e mandou a conta pros propriotários que largaram o imóvel nesse abandono pros nóias... pararam com as desobrações ?
E a polícia que canta mais pneu no asfalto que tiro comendo solto... são as novas Veraneios em terno de Blazer...
Eita Goiânia... tantos anos ai vivi... agora tô em outra cidade, mais calma... conheces Palmas ?
Caríssimo, eu não estava tããão inspirado assim, eu estava é soltando fogo pelas ventas.
Demolir mocó deixou de ser prioridade, a não ser que um elefante branco esteja precisto para ser construído no local, como a reforma do Mutirama.
Sobre os policiais, só te digo uma cousa: A polícia é o retrato fiél do comando máximo, ou seja, o governador. E o nosso gosta de jagunços.
Não conheço Palmas, sei que ainda está começando a ter problemas e, por isso mesmo, eles ainda são de fácil resolução. Faça um favor ao país, pegue todo mundo pelo colarinho e ajude Palmas a ser um oásis, ainda é possível.
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