02/11/2007

Mudar? Não; Evoluir




Saudações, caros leitores. Este blog já tem um ano e meio.


Não fiz absolutamente nada de especial por motivos próprios, coisas de Nanael mesmo.


Gosto muito de melhorar a mim e ao que me cerca, mas mudar é outra história. Parto do princípio de que nós nunca conseguimos usufruir de tudo o que o mundo consegue oferecer, de que sempre há um ponto de vista que não experimentamos, enfim, sempre haverá algo a aproveitar para um bom observador. Ao contrário do que pode parecer, querer usufruir de tudo ao mesmo tempo, como está muito em voga, é não aproveitar coisa alguma do que se poderia em doses bem pesadas. O corpo humano não suporta excessos, na verdade não consegue detectar muitos estímulos simultâneos, se atendo aos mais urgentes.


Primeiro vamos ao meu conceito de mudar. Mudar é modificar a essência da situação; Quem muda de casa estará trocando completamente o endereço, qualquer carta que seja enviada para lá, não encontrará o destinatário; Quem muda de comportamento altera até mesmo o modo como as pessoas a enxergam, levando muitas a se afastarem e outras a se aproximarem, modificando completamente a vida da pessoa; Quem muda de aparência estará trocando de identidade, pois as pessoas vão sempre associar o visual anterior ao comportamento que vêem agora, por mais que tentem não ficarão indiferentes à novidade.


Agora a evolução. Evoluir é aprimorar, tornar mais apto; Quem aprimora sua casa poderá continuando a receber as cartas no mesmo lugar, só que vivendo melhor; Quem aprimora seu comportamento poderá não só continuar com os amigos antigos, como ganhar novos; quem aprimora a própria aparência está reafirmando o que é, deixando claro que a efemeridade do mundo não vai lhe afetar tão facilmente.


Tanto a mudança quanto a evolução podem ou não ser boas, mas quando uma coisa é boa eu prefiro aprimorar a modificar. Este blog, por exemplo. No começo eu sequer colocava títulos nos textos, agora têm até ilustrações! Foi um aprimoramento. Sim, não sou um sucesso de acessos, como essa patota aqui:




Entre outros que minha pérfida memória não me permite enumerar. Mas a minha proposta nunca foi ser um campeão de visitas e ganhar dinheiro com isto aqui, foi simplesmente apresentar minhas idéias do melhor modo que eu puder. Tanto que ainda nem sei embutir o endereço das páginas em uma palavra-link. Mas isso é para uma evolução já agendada.



A questão é que, para mim, mudar sem haver o firme propósito de melhorar é nocivo. Eu não sei simplesmente colocar uma figurinha legal lá em cima, na cabeça do blog e ficar rindo de como ficou bonitinho. Eu preciso de uma função para a mudança, ainda que seja facilitar a leitura ou apenas tornar o aspecto mais agradável. É isso que chamo de evolução. Para muitos a simples troca do nome de apresentação já causa um bem-estar imenso, mas não para mim. Eu fico com remorsos. Me sinto tendo traído a mim e às minhas convicções. Preciso de uma função para justificar uma mudança.



Por isso mesmo eu lamento informar aos que já se enjoaram, mas o papel de parede que escolhi para a minha página ficará aqui por um bom tempo, até que eu encontre cousa realmente melhor. Confesso, eu não sei mexer direito nesse negócio de internet e suas linguagens exóticas, mas isso é apenas un dificultador para o que já não quero fazer. Assim como continuarei a escrever philosophia enquanto as duas graphias indicarem a mesma coisa.



Mas eu já efetivei mudanças em mim. Sério. Há até quinze anos eu me vestia como qualquer um; jeans, camiseta, tênis, et cétera. Só que a camiseta ficava sempre para dentro das calças. Me diziam para ficar mais "à vontade" e eu retrucava que não ficaria à vontade transformando uma camiseta em minissaia. Bem, aos poucos parei de usar isso e hoje só compro camisas pólo, o resto é de alfaiate. Tênis? Não, obrigado, fico com um bom e confortável par de sapatos de primeira linha, que actualmente custa bem menos. Encontrei aí o meu visual anos 1960 que uso até hoje. O aprimoramento é o uso de canetas-tinteiro e relógio analógico. Parece um retrocesso, eu sei, mas foi uma boa mudança acompanhada de uma boa evolução. Isso me fez bem tanto quanto o refinamento dos meus modos, tanto à mesa quanto na lida pessoal. Assumi o tiozão que eu tentava reprimir sem saber direito o porquê, mas liberei o aparente conservador que sou. Digo aparente porque, bem, já estou explicando neste texto. Sou infinitamente progressista e democrático, mas não confundo liberdade com libertinagem. Por mim as pessoas poderiam andar nuas, em locais onde isso não ofereça riscos. Me disciplino para não cair nas garras aparentemente bonitinhas dos modismos, para não perder minha identidade. Quando for o momento de mudar, mudarei sem esitar. Não antes.



Gosto muito de uma boa rotina, isso talvez explique boa parte da minha resistência às mudanças, principalmente às desnecessárias. Pois mudar custa muito mais do que aprimorar. Para mudar com sucesso é preciso haver um bom planejamento, ou uma grande e urgente necessidade. Seria bom, por exemplo, ter dos anos 1950 a mesma proximidade e boa educação, a mesma qualidade dos productos, mas com as boas conquistas que há hoje. Uma coisa boa não precisa excluir a outra, isso é evolução.