Chevy Caprice http://blogs.automotive.com |
Maria Cristina, linda menina, na flor da idade em plena maturidade.
Jovial que se ouve pela voz em toques de seda perolada, sincera que se vê nos olhos em timbre piano de suave balada.
Procuro no Google, às vezes, novidades com seu nome. Nada a desabona, absolutamente nada. Para quem não tem o hábito, digite o próprio nome entre aspas, no buscador, sabe-se lá o que estão aprontando com ele! O de Maria Cristina continua como sempre esteve, desde a época do escândalo dos cartões corporativos; limpo e cristalino.
O sorriso cansado desta laboradora abnegada em seu nobre labor, ainda que denuncie as máculas enfrentadas pelo caminho íngreme, sempre derrama um jorro de luz divina em quem se dispõe a aceitar sua ajuda. Aceitar sua ajuda é dar-lhe um presente, ela fica feliz em ajudar, só com a felicidade alheia, seja quem for. Mas a orgulhosa nem sempre aceita a nossa, hm!
Apesar da turba despótica que ora transforma em um pardieiro acadêmico, aquela que noutrora foi a escola mais respeitada e disputada de um Estado da Federação, que também não anda muito malhor das pernas, sua dedicação aos seus filhos adoptivos temporários é digna de uma verdadeira mãe. Marmanjos se encabulam, pedindo licença e demonstrando o respeito que os outros não conseguem, porque não abrem a via de retorno.
A vida nestas décadas, tem sido madrasta. O uso de recursos próprios para o que deveria ser provido pelo Estado, só acelera o desgaste a que se submete. Ela tentou, há alguns meses, fazer seu mestrado, mas para isso teria que abandonar o trabalho que ama; perdeu a chance e o dinheiro já investido. Por que teria que abandonar? Porque a política da estatística acima de tudo, permite que os outros não façam a contento o seu trabalho, sem serem importunados. Quem tem amigo ou parente no funcionalismo público, sabe do que estou falando. Ela poderia estar rica, se cedesse um milímetro naquilo em que os outros se atiram por inteiro.
Apesar do cansaço visível, ela trabalha. Ama trabalhar. Quando pode faz uma boa refeição, às vezes dia sim, dia não. Ama trabalhar em um ambiente onde isto é quase um crime. Resolve problemas em um ambiente onde empurrar com a barriga é a regra. Ela incomoda muitos acomodados pela simpatia partidária, porque faz suas falhas aparecerem, mas adivinhem se alguém tem culhões para encarar! Ela é frágil, delicada, mas tem autoridade inata, que salta mesmo quando fala manso. É delicadinha, mas durona, tem o sangue quente da avó espanhola correndo nas veias.
Quem pensa que Maria Cristina gosta de hatches pequenininhos e fáceis de estacionar, mesmo perdendo um pouco de espaço, está esphericamente enganado. A mulher é poderosa. Ela gosta de sedans imponentes, tem uma simpatia indisfarçada pelo Opala Diplomata, de preferência preto. Um carro que não só mostre que a chefe chegou, mas também permita à chefe levar e trazer seus pupilos com conforto e segurança... Creio que teria gostado do Caprice e seu corpo full size. Se bem que ela precisa é de um ônibus de piso alto.
Quem pensa, porém, que ela é uma mulher amarga, frustrada e de mal com a vida, por tudo de que abre mão... Chora, porque ela se sente realizada no que faz. Ela é realizada, apesar de todas as abdicações que tem feito ao longo de uma vida inteira. Enquanto os pseudo defensores do povo festejam cada corrupto que sai impune, e os pseudo defensores da moralidade fazem barulho pelo mesmo motivo, ela não deixa o trabalho parar. Os alunos, como na época do director Ludwig Von Waldoo, são a prioridade desta ítalo-hispânica encrenqueira e mandona. Ela não é como gente dissimulada, que manda fingindo pedir um favor, ela manda deixando claro que está mandando.
Sabem aquela mania que ela tinha, de reconferir duas vezes o trabalho feito? Bem, ela não tinha, ela tem. O perfeccionismo de quem faz bem feito ou não faz, assusta muitos "colegas" e acaba por afstá-los, o que não deixa de ser uma benece. Essas gente já está desistindo de ocupar seus ouvidos com o discurso retórico e ululante em que se resumem as reuniões que marcam, com única intenção de marcar a reunião seguinte. Assim tem mais tempo para dedicar-se àquilo que ama, que é a assistência social em sua mais pura acepção. Claro que sua beleza doce e refinada ajuda a angariar a simpatia, mas não duraria se não tivesse tanto conteúdo, muito mais e mais intenso do que se espera para sua pouca idade.
Dói vê-la desiludida com seu emprego, com sua chefia, desde o mais baixo escalão até a presidenta. Ela poderia ter um emprego melhor, com remuneração decente e tempo para a vida pessoal, se abdicasse do sacerdócio em que transformou sua dedicação aos alunos. Ela pensa nisso, então a desilusão encolhe, sai com o rabinho ente as pernas e a deixa trabalhar. É para isso que ela está lá, às vezes varando a noite e a madrugada com horas extras que já sabe, jamais receberá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário