Dois fazendeiros, um de Jataí e um de Rio Verde, se encontram para a prosa de todo sábado à tarde. Trabalhadores, mas completamente desactualizados com tecnologias modernas, cuja operação delegam aos filhos, logo começam com um assumto...
- Cumpadi, ocê já viu qual é a moda de comida, hoje?
- Não! Qual é?
- Eu nunca comi, mais parece que é um trem bão demais!
- Se num comeu, comé que sabe que é bão?
- Minha filha falou. Ela disse que já tem milhões de pessoas pelo mundo, que come todo dia. e já tem gente viciada, de tão bom que é! Parece que é um pexe que só dá lá nos esta'zunido!
- Ué! Intão deve de ser muito caro! Se é importado e só dá num lugar!
- E merm'assim o povo come todo dia!
O rioverdense matuta, tenta puxar pela memória, enquanto o outro dá um trago, mas não imagina que tipo de peixe possa ser...
- É pexe de água doce ô salgada?
- Num sei. Sei que tem até briga por causa dele. Tem país que até censurô, porque o povo tava fazeno bestera pra conseguir.
- Censurô? Quer dizer, racionamento?
- Acho que é! Cê sabe, se o povo compra demais, a balança econômica fica em déficit!
- Mas esse pexe deve ser gostoso demais! Vô querer experimentar.
- Minha filha falô que amanhã eu vô conhecê. Vô vê se te sobra um pedaço.
- Uai, eu fico agradecido, cumpadi. Mais, me fala, quem é que produz esse pexe?
- Eu até pensei que era brasileiro, por causa do nome, mas é americano do estrangeiro mermo. É um tal de José Quembergue, que o povo chama de Zé Quembergue, ele já deve tá íntimo dos fregueis.
- Esse nome num me é estranho... Mais num me alembro de onde ouvi...
- O rapais tá bilionário, vendendo esse pêxe pro mundo todo.
- Ué, se só ele sabe produzir e todo mundo gosta, que come todo dia, então enrica fácil mermo! Mais, que pexe é esse mermo, cumpadi?
- É pexe buquê.
Ele olha o amigo de longa data com uma cara de espanto! A primeira coisa que imaginou, foi um buquê de noiva nadando rio acima...
- Pexe buquê?
- Strai'né?
- Cumpadi, num tem nada dos estrangeiro que eu não ache estranho! Minissaia, por exemplo!
- Num gosta?
- Gosto muito! Falei que é estranho, não que não apreceio! É, quem sabe esse pexe buquê...
- Minha filha garantiu, falô que no começo vô estranhá, mais logo o trem fica bão! Só me alertou pra eu não me iludi com promessa de pexe buquê de cor diferente. Só tem azul! Os otro é falso!
Agora ele imagina um buquê azul subindo o rio, com um monte de buquês coloridos atrás, tentando acompanhar...
- Onde foi que a Mariinha incontrô esse pexe?
- Nas interlete.
- Ah, a interlete! Até hoje não intendo comé que funciona!
- Nem eu, nem quero. Só quero comê esse pexe! Diz que tem gente que até arranjô casamento, depois que comeu!
- Ué! Itão divia chamar pexe Sant'antoin! Agora é que vô querê um pedaço! Já tô cansado da viuvez!
O celular do jataiense toca. é a filha dele, avisando que já pode ir experimentar o facebook. Eles de despedem e o amigo promete mandar um prato para ele.
Um comentário:
bela imagem
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