17/06/2012

Vida moderna - o carro deu pau

Sai da frente, Fiesta! (http://irmaododecio.blogspot.com.br/)

Interessante ver como a invasão dos computadores em absolutamente tudo o que consome electricidade, mudou os hábitos. Algo como o televisor ter que ser desligado, desplugado da tomada, aguardar uns dez minutos e só então ser religado, porque ele é na verdade um computador que recebe sinais de tevê. E o manual de instruções do porqueira? Parece ter sido feito para os técnicos que projetaram o aparelho, não só pelos termos, mas pela ausência de procedimentos simples para um mero trocar de canais. E não é demais lembrar que um computador digital, seja qual for, é vulnerável a vírus. Daí não se espante se aquele tão desejado televisor de leds plasmáticos, com tela de 101", derrepente passar a receber só programação de emissoras insignificantes, que doutra forma não teriam audiência nem de seus proprietários. Muita gente começa a ter saudades dos velhos televisores de dial.

Outro caso interessante é o dos automóveis. Não sei se vocês perceberam, mas a injeção eletrônica é um computador. Ela não faz só gerenciar e corrigir erros de parâmetros, ela comanda o carro, tanto mais quanto mais ítens micro processados digitais integrados o modelo tiver.

Sim, eu sei, tenho quase trinta anos de ramo nesta praia, sei muito bem das vantagens da injeção, da integração, da economia de combustível, redução de poluentes e tudo mais. O problema é que os contras não recebem a devida atenção das montadoras. Já tem muito carro por aí simplesmente dando pau. Imagine teu carro cheio de gente, na ladeira, e o motor simplesmente pára de funcionar, mesmo com todos os ítens eléctricos e mecânicos em ordem. Pensou no desespero? Pois acabas de se colocar na pele dos que já passaram por isso. Seria cômico, não fosse o risco de acidentes, e se tratar de um producto caro, porque um automóvel consome muita economia de um trabalhador em qualquer parte do mundo.

Recentemente uma amiga passou por isso, e provavelmente o problema ainda persiste. Um Fiesta 2007, que em tese passa dos 180km/h, se recusa a exeder os 45km/h. Ele tem força para puxar o carro ladeira acima, mas jamais ultrapassando os 45km/h, não raro atrapalhando o trânsito. A aceleração não deve em nada aos Fenemês pré-Fiat, de onde vocês podem ter uma idéia da irritação de minha amiga pé-de-chumbo.

Já foram trocadas peças importantes, como velas, filtros e até a bomba de combustível, que na desmontagem mostrou alguns problemas. O problema persistiu. Fui obrigado a entristecê-la, avisando que teria que levar o carro à concessionária para os técnicos enfiarem um cabo de um lap-top no módulo da injeção, e então eliminar o problema. Normalmente é cousa rápida, mas eles arrancam o couro assim mesmo.

O agravante é que essa amiga não tem tempo nem carro reserva, para deixar seu sedan na manutenção. E quando eu digo "não tem tempo", é ela freqüentemente ficar das sete às vinte e uma horas enfornada naquela maldita sala, desperdiçando sua juventude para atenuar o descaso de um governo que gasta com propaganda, em vez de dar jeito nas instituições... como dar pé na bunda de incompetentes. Mas esta é outra história, já contada aqui várias vezes. Ela detesta receber ordens de gente incapaz, imaginem de uma máquina!

Com falhas tão freqüentes e estúpidas de aparelhos que custam tão caro, dos quais alguns podem matar quem os utiliza, me assustam. Não sei vocês, mas para um vírus contaminar todo o automóvel, a partir de um pen-drive colocado para tocar música, me parece muito mais plausível do que as montadoras fazem parecer. As concessionárias abafam, até porque os sintomas gerados dão margem para troca de peças caras, com uso de mão-de-obra muito especializada, que inflacionam bastante a conta que o dono do carro terá que pagar. Como se já não bastasse a maioria dos motores de hoje ser descartável, não permitindo retíficas em muitos dos casos, além de nem sempre compensarem ser trocados, por causa do preço. Por falar nisso, tu sabes em que país o o motor do teu carro foi fabricado? Não que ser importado seja sinônimo de problemas, afinal o motor do Landau e do Maverick era canadense, e confiabilidade à toda prova é sinônimo do Ford 302". O problema aqui é que, além de não terem nem sombra dessa confiabilidade, os motores que equipam nossos carros são feitos, muitas vezes, noutros continentes, com peças oriundas de vários países diferentes. Dependendo do problema, vale mais à pena jogar o motor no ferro-velho e instalar um antigo e robusto AP ou Fiat-Fiasa, seja qual for a marca do teu carro.

A solução para isso seria o carro ter um comando manual de regulagem, ou comando analógico ainda que micro processado, em caso de pane no software da injeção. Mas isso, além de acrescentar custos às linhas de montagem burramente secas, em vez de enxutas, daria ao proprietário com um pouco de conhecimento uma certa independência dos concessionários. Da mesma forma como num televisor em que o software apenas gerencia o aparelho, em vez de ser tudo o que o faz funcionar. E a minha amiga já é tão avessa a computadores, quando descobriu que o carro dela é um, e que por causa disso pode ser facilmente ultrapassado por um Gordinni...

2 comentários:

cRiPpLe_rOoStEr a.k.a. Kamikaze disse...

É por aí mesmo, a eletrônica embarcada hoje atingiu proporções que podem ser consideradas assustadoras. Eu particularmente não teria tanto medo de um vírus passar de uma pen-drive para todo o circuito eletrônico num veículo através de um aparelho de som, mas alguns tem tanta integração entre os módulos de controle do powertrain e dos controles genéricos (travas, vidros elétricos e outros acessórios) que torna-se realmente preocupante.

http://cripplerooster.blogspot.com/2012/05/eletronica-embarcada-de-devaneio.html


Mas na prática, eu continuo favorável a alguns carros "velhos" com menos recursos hi-tech mas que possam proporcionar o mesmo nível de conforto de modelos mais recentes com mais confiabilidade de sistemas rústicos.

http://cripplerooster.blogspot.com/2012/01/carros-velhos-uma-verdadeira-ameaca.html

Nanael Soubaim disse...

A tendência é colocarem todas as funções em cima de um só processador, para reduzir custos. Daí, o que afetar uma função...