06/09/2011

O Fernando está certo

Isto era a maior facilidade que tínhamos. E era para poucos!

Vendo hoje o blog (aqui) da amiga New, tive o gancho que precisava para voltar a um assunto que já abordei outras vezes, mas sempre de modos e ópticas diferentes.

O Fernando é um idoso inconformado com o inconformismo besta de uma juventude que se revolta pelo prazer de se revoltar. Eu evito usar esse termo, mas é tão apropriado e versátil que peguei gosto por ele: No meu tempo, mesada era dada por famílias abastadas. Nem faz tantos anos assim, só umas poucas décadas. A garotada que aprontava voltava para casa sabendo que teria esclarecimentos a prestar, e teriam que ser convincentes para o castigo não vir. Havia abusos, sim, havia, mas quem disse que essa eca aprovada por intelectuais de ar-condicionado, protege alguém de pais realmente perversos?

Vejo em fóruns de discussão pela rede, fedelhos sem limites se metendo em conversa de adultos, como se soubessem do que estão falando. Até podem ter lido a respeito, ouvido falar a respeito, visto vídeos a respeito, mas eles simplesmente se intrometem e começam a ofender os que declaram diferente. Houve apenas um, um só, que teve a ombridade mínima e indispensável de assumir que tinha onze anos, e que estava falando bobagem porque estava de férias escolares, e perdeu a chance de aprender uma profissão durante as mesmas. Os outros ainda hoje se metem e soltam potocas como se fossem adultos, apesar de não conseguirem disfarçar sua mentalidade pueril.

É uma garotada besta, que não mede conseqüências com trema de suas palavras (típico da idade) e solta atrocidades que levariam qualquer adulto aos tribunais, sem apelação. Piores são os que pensam que são engajados, politizados, esclarecidos e desiludidos. O que chamam de engajados e politizados, quase sempre, não passa de festejar a desgraça do desafeto eleito e fazer vistas vesgas e grossas para o mal feito de seus afetos; esclarecidos eu concordo até certo ponto, porque quem não leva em consideração a experiência alheia, e ainda menospreza testemunhos em contrário, tem conhecimento aleijado; quanto a desiludidos... tenham dó! Eles não têm idade para saber o que é realmente uma desilusão. No máximo estão profundamente decepcionados, mas faz parte da preparação para a vida adulta lidar com isso.

Estão tão preocupados com a criminalidade, com a violência, com a precariedade do policiamento preventivo, que se esquecem de se relacionar bem com autoridades, de colaborar com a polícia, de se unirem para terem a liberdade que reclamam ter sido tolhida pela bandidagem.

Estão tão preocupados com a doença pública, com a falta de médicos, com o descaso para com os hospitais públicos, que nenhum abre mão de uma ida ao cinema para suprir o básico de um posto de saúde (ataduras, luvas, soro fisiológico e outras cousas baratinhas), de carregar ao menos uns curativos no bolso para pequenas emergências, de ligar para a câmara municipal da cidade a cobrar atitudes.

Estão tão preocupados com a educação pública, com as esmolas dadas aos professores, com a falta de material de consumo e pessoal administrativo para dar apoio, que não filmam (com seus celulares mesmo) as condições das escolas próximas para denunciar, não doam sequer um livro, não abrem mão de um pouco do que têm para ajudar a atenuar o problema.

Eles só reclamam, só protestam, só xingam, só fazem caçar briga! Gente, isso nunca foi coisa de jovens! Ao menos no meu tempo, isto era coisa de velho caquético que não tem mais nenhuma perspectiva de vida, nem vontade de aprender mais cousa alguma. Se eu faço o que digo? Sim, dentro da autarquia onde trabalho, eu e meus colegas suprimos parte do que a prefeitura (de partido "progressista", viram) negligencia, inclusive photocópias para os contribuintes, de nossos bolsos. Só não levo um lap-top para poder trabalhar direito porque... o salário não dá mesmo.

A quantidade de garotos que morrem diariamente por motivos estúpidos, torpes, fúteis, mostra o quanto essa juventude está perdida, embora pense que sabe o que está fazendo. Tentando imitar os bandidos de cinema que adoram, metem-se em encrencas com bandidos de verdade e dão-se muitíssimo mal. Aviso, garotada, nem todo mundo que parece está blefando, alguns têm cacife para bancar o que mostram. O que acontece quando um  moleque desses morre por sua imprudência? gastos para o erário com ambulância, paramédicos (quando dá tempo), investigação policial, necropsia, enfim, toda uma máquina já assoberbada que poderia estar cuidando de quem sofreu um acidente, se ocupa de um monte de bobocas que não tiveram limites e varas de goiabeira em casa, quando precisaram. Em miúdos: Suas vidas não são problemas só de vocês, como pensam. Liberdade plena é utopia, uma panaceia que malandros com pretensões políticas enfiaram em suas cabecinhas de vento. Nem na natureza existe isso.

Enquanto vocês caçam encrenca virtual com quem pensa diferente, aqueles que dizem combater ficam à vontade, tendo certeza de que ninguém deixará o ciberbulliyng para prestar atenção ao que eles fazem. Pensam que são espertos, que suas retóricas prolixas são o máximo, mas não passam de marionetes nas mãos da malandragem de verdade.

Garotos, vão passear, vão estudar, fazer amigos, namorar, vão prestar serviços à comunidade, vão aprender a ser adultos. O mundo com que vocês sonham ficará muito mais próximo e plausível se começarem a trabalhar por ele, em vez de trabalhar contra inimigos políticos. Nem preciso falar que atacar o problema, como precisa ser atacado, não é para pessoas inexperientes, preciso? É para adultos. Dificilmente alguém muito jovem tem sangue frio e sensibilidade para não se deixar levar pelo tamanho do problema.

Não pensem que existe anonimato de verdade na internet. Vocês não são virtuais, seus computadores não são virtuais, a lan house não é virtual. É uma regra básica da investigação policial, tudo o que existe deixa pistas, e uma hora as suas aparecem. Enquanto vocês ficam dando risadas como o Pateta da Disney, esticando suas carinhas cheias de acne e esfregando suas mãos cabeludas, um agente policial pode estar observando. Assim como vocês assumem apelidos ridículos, um investigador pode assumir a identidade de uma vítima em potencial, ou pode muito bem ser quem vocês pensam ser uma loura burra escultural.

Um bom começo para quem quer mudar o mundo, de verdade e de uma vez por todas, é ouvir os mais velhos. Não precisa concordar com eles, basta ter o devido respeito por sua experiência e dar-lhe ouvidos. Às vezes, e já aconteceu comigo, uma hora de história de vida pessoal desmente muito do que teorias acadêmicas apregoam.

Hoje vocês têm uma quantidade de facilidades que nem a ficção científica do meu tempo imaginava. Para se fazer uma pesquisa escolar de dez páginas, meu Deus do céu, era uma semana de bibliotecas, jornais, consulta à gramática, revisão e muita caneta em papel almaço. Lembro de minhas mãos doendo de tanto escrever, de me isolar do resto do mundo para fazer algo decente e apresentável. Essa garotada tem condições de fazer pequenos livros (cem páginas, pelo menos) no mesmo tempo, mas a maioria só faz baixar trabalhos já prontos, às vezes sem mudar nada, nem o nome do autor! Quando muito, passa o corretor ortográfico. Hoje nem todos sabem empunhar uma caneta... O vício da facilidade produz efeitos similares ao consumo de drogas.
Privar-se um pouco dessas facilidades, do imediatismo da internet, pode adocicá-las bastante. Provavelmente essas facilidades até percam parte de seu encanto, para quem se acostuma a fazer esforços, deixam de ser imprescindíveis para serem importantes. Aprende-se a medir o valor do tempo pela qualidade do que se faz, não pela quantidade que muito raramente é usufruída. Assim o tempo que se vive ganha mais importância, conseqüentemente os prós e contras da fase da vida também. Ir devagar com o geral, focando um ou dois temas para ter velocidade faz um bem imenso, muito maior do que falar besteiras em fóruns de internet.
Quanto minha crítica ao eca, que é uma eca sem tamanho, conto uma historinha que constrangeu um conselho tutelar de Goiânia; Os pais de uma monstrinha de uns doze anos foram chamados, queriam dar-lhes lições de moral, de poltiticamente patético e outras baboseiras de intelectual que copia e cola, sem se importar com os motivos da reprimenda. Eles tinham dado umas boas palmadas na fedelha e esta os denunciou. O pai da aborrescente (que estava começando a se envolver com marginais) os interrompeu e fez uma ameaça, se eles não pudessem corrigir a conduta da filha e evitar que morresse como muitas outras idiotinhas morreram, por acerto de contas ou confronto com a polícia, então eles não a queriam mais, dariam aos membros do conselho para doção, para que eles a educassem como eles pregam que deve ser. O que aconteceu: Gelaram, tremeram nas bases e deixaram a família em paz.

3 comentários:

Vy disse...

Semana passada tive que presenciar e suportar um desses fedelhos que insiste em deixar o caminhão do Papy estacionado em frente minha garagem, e ainda acha que está com a razão. Tentei conversar, argumentar, mas... esse tipinho sabe mesmo o que é "argumento"? Acho que não deve nem ao menos ter um Aurélio velho e desbotado esquecido em alguma gaveta. Idades à parte, minha mãe não aguentou e saiu na rua pra peitar o moleque. Em outras épocas eu teria avançado nele, mas, talvez, de tanto praticar a física quântica, simplesmente mandei um comandinho enquanto a discussão corria e consegui silenciar minha mente a ponto de não me deixar infectar pelas palavras chucras do indivíduo mal crescido, mal educado e mal amado. Carreguei minha mãezinha pra dentro em silêncio e deixei a coisa mal barbada falando sozinha. Bom, bati um ofício para levar na Prefeitura, imprimi, mas não levei, porque não boto fé na prefeitura daqui. O prefeito empacotou faz uns 2 ou 3 meses, eu acho, e uma avalanche de gente foi mandada embora. Logo, acho que vou perder o meu tempo, que é precioso. Quanto ao fulano, ainda não sei o que fazer com a lingua enorme e ferina dele, que me disse aos pulmões pra rua toda ouvir e ele se orgulhar: "Num se mete cua minha familha, q c vai c arrependê".
É isso, os jovens de hoje.
Beijão querido! Vy

Nanael Soubaim disse...

Deixe estar. Esses sujeitos pediram para virem pobres e ignorantes, alegando que isto inibiria sua índole autoritária e vingativa, como se pobreza santificasse alguém. O deles está guardado e fermentando.

Holly disse...

Bando de idiotas, esses lixos ai são o expurgo da humanidade, acredito que a Terra está em devida fase de transformação e me sinto no dever de dizer que esses fedelhos todos são as réstias que tem de sair pra terminar a "limpeza do mundo". ^^