01/12/2007

Camisinhas e camisolas


Esta é uma postagem de caráter coletivo. Uma contribuição singela ao movimento de incentivo ao uso de preservativos como meio de evitar a transmissão, com conseqüente infecção, de doenças venéreas, principalmente a Aids, ou Sida para os irmãos da terrinha.

Antes que achem que estou puxando brasa para a minha sardinha, devo dizer que sou virgem, sexo não me faz a menor falta, logo a camisinha não tem utilidade alguma para mim. Faço este trabalho aqui pelos que precisam dela.

A despeito des alguns sacerdotes e sacerdotisas cristãos que já perceberam que ainda não estão no céu, portanto precisam lidar com as coisas do mundo como quem está no mundo, as altas cúpulas do cristianismo teimam em repetir os mesmos erros de seus fundadores, os romanos antigos e antiquados. Usar a imagem alheia, como o Cristo Redentor, para difundir meias verdades é praxe da política romana.

Não se pode ter a ilusão de que uma juventude (mal) educada pela mídia e pelo mundo, cujos pais acham lindo a filha de nove anos se vestir e comportar como uma dançarina de axé, vai saber esperar que a mente acompanhe a maturidade de seu corpo. A rigidez mental e a arrogância julgadora impedem que o alto clero saiba tratar cada um de acordo com as suas capacidades, não de acordo com o que acham que deveriam ser.

Se é um mal, então que se escolha o mal menor e mais fácil de ser reparado. Abstinência é sim a única forma cem por cento segura de se evitar a gravidez, mas não uma infecção, esta pode ser adquirida em um acidente grave, um exame de sangue ou mesmo no parto. Temos então uma forma razoávelmente segura de evitar a transmissão de uma doença: CAMISINHA. Não é só a deficiência imunológica, toda e qualquer doença viral ou bacteriana pode ser transmitida durante a penetração, muitas vezes é algo que o transmissor não sabe que tem, talvez por ser imune. Todos temos alguma doença em algum nível e não sabemos. Mas é algo que o organismo de cada um tolera sem problemas, o que pode não acontecer com outro, onde o agente infeccioso pode encontrar campo aberto para proliferar e gerar uma doença.

Pés no chão que é onde estamos, por enquanto. Da mesma forma como as pessoas deveriam ser acostumadas desde cedo com a idéia da morte, também para o sexo deveria haver um aprendizado sem barreiras desnecessárias para cada idade. Isso sim seria uma verdadeira matéria de Educação Moral e Cívica, pois gente ciente dos riscos e conseqüências se seus actos, dificilmente se transforma em delinqüente. Ensinar que o outro sente prazer, mas não à força nem à nossa vontade, que o outro tem outras necessidades que não a nossa companhia, et cétera. Mas toda essa mudança passa necessáriamente pela educação sexual (que nada tem a ver com a da tevê) e pela familiaridade com métodos de proteção.

Padres e freiras precisam ter um comportamento muito contido por questões espirituais, que não cabem neste texto, noutro quem sabe. Mas as pessoas comuns, em sua maioria, precisam de uma actividade sexual regular, cada um com seus próprios motivos, mas precisam pelo menos umas três ou quatro vezes ao ano. Não incentivo a promiscuidade, sou muito à moda antiga para esse desespero actual de sair lambendo beiços de qualquer um em uma festa de rua. O que tenho é consciência de que estou em um orbe ainda de aprendizado, no qual as pessoas precisam errar para saber o que não devem fazer, mas sem riscos desnecessários. Não se pode exigir que se comportem como se já fossem anjos, pelas nozes do Boyne! Falar em prevenção sem falar nem permitir a presença de preservativos é estupidez, muito mais do que hipocrisia e irresponsabilidade. Isso aliena. Brasileiro já tem uma resistência cretina à camisinha, não precisamos que estraguem mais o quadro já difícil.

Vamos viver, patota, escolham seus pares, sejam fiéis, mas não confiem que a fidelidade os protegerá de uma doença que o outro desconhece ter. Se não quiserem ter filhos, usem camisinha, cantem como o Chacrinha: "Bota camisinha, bota, meu amor. Hoje está chovendo, não vai fazer calor...". E olha que ele cantava isso nos anos 1970! Um escândalo para a época.

Antes que alguém rasgue as próprias vestes, fingindo horror e dizendo "no meu tempo não tinha isso", saibam que camisinha é mais antiga do que se imagina. Os egípcios antigos usavam, mas não as de látex, eram de tripa de bode costurada. Era para não dar bode para o faraó. Então é melhor a Senhora ensinar à tua filhota, antes que a rua o faça de modo totalmente deturpado e incompleto. Porque se a Senhora não o fizer, eles só ensinam (e vão ensinar se houver omissão) a parte da festa, não ensinam a arrumar a bagunça. Adolescente só tem tamanho, vocês pais deveriam estar carecas de saber, eles precisam de sua orientação, ainda que seja um acompanhamento até o profissional de saúde competente, e esse profissional vai falar em camisinha. Sim, minha Senhora, não tem jeito mesmo, teus lábios imaculados terão que falar em coisas como sexo, dst, gravidez e muito mais. Mas não fique triste, quem sabe a confiança gerada faça tua filha se interessar finalmente pelo livro de receitas que tua bisavó começou. Sim Senhora, quem fala responsavelmente a esse respeito com os filhos ganha sua confiança, não são só espinhos.
Para terminar, uma orientação da Vigilância Sanitária: Todo e qualquer preservativo deve ter o selo do Inmetro e registro no Ministério da Saúde. Não poupem centavos comprando uma camisinha contrabandeada que faz "fon-fon" a cada movimento, pode ser engraçadinha, mas não serve para o sexo.

3 comentários:

Angelica Spinardi disse...

adorei seu texto Nanael...
Bom, eu ando realmente sumida do forum, to cheia de coisas pra fazer e tal, mande um abraço aos conhecidos, daqui um tempo eu volto!
:*

Priscila Andrade Cattoni disse...

Adorei Nanael! muito, muito bom.
Obrigada querido.

Fabiana disse...

Legal o texto e muito informativo.
Um grande abraço.