28/07/2016

Confere, Aderbal?



 
Vladimir Kazak

Vejamos se entendi; A fedelha estava se afogando, teria uma morte lenta e agonizante como poucas. O cidadão arriscou-se para salvá-la, com uma multidão como testemunha, a reanimou e encaminhou para o socorro médico. Ela, em vez de agradecer ou simplesmente tocar sua vidazinha, moveu um processo contra o herói por ter tocado seu corpinho sacrossanto sem sua permissão, depois foi à internet com um vídeo cheio de lágrimas de crocodilo, se disse ofendida e invadida por ter sido tocada sem permissão e inconsciente por um estranho, como se fosse um estupro.

Meses depois do ocorrido, ninguém dos que se dizem lutadores pela igualdade se solidarizou com o homem, pelo contrário, apareceram mais fedelhas apoiando aquela, algumas afirmando que é assim que se deve tratar um homem, pois homens são todos iguais e devem ser odiados. Eu não imaginei isso, eu li. O cidadão a salvou, foi processado e as centenas de testemunhas em seu favor foram desconsideradas pelas fulanas.

Confere, Aderbal?

Confere!

Prossigamos. Um sujeito nasceu em uma democracia, teve sua família acolhida por esse país, pois no de origem até olhar torto para o chão poderia ser motivo para repressão. Usando dessa democracia, o que fez? Aprendeu tolerância para dar lições de moral aos nativos? Não, se alinhou com grupos extremistas, que ignoram solenemente que em sua região as pessoas se matam há quase um milênio e meio, simplesmente porque o outro reza em ré bemol. Infiltrou-se entre os freqüentadores de uma boate gay, estudou todos por meses, ganhou sua confiança e, dada noite, simplesmente matou o máximo que pôde antes de ser morto. E por ter sido morto, muitos ainda o enxergam como coitadinho e vítima da nação branca, hétero e machista... Hein?

Não obstante a dor das famílias, especialmente diante dos festejos em redes sociais por parte dos simpatizantes desses radicais, fedelhas vêm a público afirmar que não têm pena das vítimas, pois não seriam gays de verdade, visto que praticamente todos eram formados e trabalhavam em “profissões de homens”, seriam masculinizados demais e por isso seriam culpados pelo massacre, já que contribuíam com a perpetuação do modelo patriarcal da sociedade americana e que, palavras de uma delas, todos os homens teriam que ser mortos e ponto final. Os lutadores pela igualdade não deram importância a isso e reiteraram o ódio pelo ocidente.

Confere, Aderbal?

Confere!

Há anos, e põe anos nisso, a então primeira-dama americana expressou sua indignação, quando a polícia desbaratou uma quadrilha de traficantes que aliciava crianças. Na época ela chamou de monstro qualquer um que levasse crianças para o mundo do crime. Foi apoiada, recebeu a solidariedade popular. Em evento eleitoral recente, seu marido, na época presidente, precisou bater boca com um grupinho que nem sabia que era gente naquela época, alguns nem eram ainda, eles berravam frases prontas e palavras de ordem como “jovens negros não são monstros”, quando ela na época se referiu especificamente ao crime organizado, sem fazer sequer menção a biótipo, gentílico, religião ou orientação sexual, referiu-se especificamente a quem recruta crianças para o mundo do crime.

Esse grupo é da mesma turma que em uma pegadinha séria, rendeu apoio caloroso a um estranho em uma faculdade, quando ele tremulava a bandeira do estado islâmico, pois era seu direito de expressão, mas o repreendeu com rispidez quando ele fez o mesmo com a de Israel, em cujo território há parlamentares muçulmanos e cristãos no mesmo parlamento em que há judeus, sem segregação, como é no exército. Eles não quiseram saber, simplesmente repetiam gritando o que o organizador da baderna mandou que repetissem, como fazem fanáticos neopentecostais. Detalhe: A candidata é grande defensora dos direitos humanos e minorias, mas é branca, para eles seria culpada pelo que seus antepassados teriam feito, mesmo sem saber se o fizeram. Em redes sociais, os defensores da igualdade não deram a mínima, fingiram que nada tinha acontecido.

Confere, Aderbal?

Confere!

Ao próximo. Um sujeito que fora expulso do exército por assédio sexual se aproveitou da comoção nacional, em uma época em que grupos racistas voltaram à tona, felizmente sem a força de outrora, mas se infiltraram na polícia como radicais islâmicos se infiltram entre suas vítimas. Ele comprou uma arma de grosso calibre, que seu treinamento militar lhe permitiu manusear com maestria, e simplesmente abriu fogo contra policiais que atendiam a uma ocorrência, sem se importar se acertaria também os manifestantes. Foi morto por um robô teleguiado, pois o comando não quis arriscar seus policiais, mesmo os policiais negros.

A intenção declarada, e este não foi o primeiro caso, era matar policiais brancos para vingar vítimas negras de abusos de autoridade e procedimentos. Ou seja, justificaram as estupidezes que cometeram citando as alheias, vingando-se em quem não cometeu as atrocidades alegadas. Não houve investigação alguma por parte dos elementos, eles não deram nomes aos bois e não foram para cima dos que abusaram de suas fardas, simplesmente generalizaram e foram tomados como vítimas por lutadores pela igualdade. As credenciais machistas e misóginas que motivaram a expulsão do último caso não tiveram peso algum, a ordem é odiar e destruir a cultura branca ocidental, assim como um rapaz branco foi quase fisicamente agredido por um negro, por usar penteado rastafári, este o acusando de apropriar-se de sua cultura, como se fosse crime gostar e usar elementos de outras culturas. “Cada um vive como quiser e ninguém se mete” é só para uns.

Confere, Aderbal?

Confere!

Um trombadinha furtou o smartphone de uma cidadã no Rio de Janeiro, ela cometeu a asneira muito difundida de colocar o aparelho no bolso de trás do short, o que o deixou ridiculamente exposto e fácil de cair, quanto mais de subtrair! O elemento foi detido, depois solto sem qualquer medida corretiva, o aparelho já deve estar em algum presídio, sendo usado para comandar assassinatos ou mesmo chantagear cidadãos com falsos seqüestros. O acontecimento foi divulgado com menor importância pela imprensa, pois era só mais um entre tantos e desta vez houve o bônus de a vítima não ter sofrido qualquer agressão; foi furto, não roubo, e ela nem se dera conta na hora do ilícito.

Tudo teria ficado naquilo, se um grupo de lutadores pela igualdade não tivesse vindo a público declarar apoio ao meliante, alegando que ele precisava trocar por comida (mesmo sem saber se é realmente verdade) e que a vítima depois poderia pedir outro ao papai rico, ainda reiterando que o meliante estava certo no que fez. Não obstante a apologia ao crime, eles ignoraram e fingiram não tomar conhecimento das declarações amplamente divulgadas da vítima, esta quando soube da postagem muito compartilhada por outros defensores da igualdade. Ela se declarou trabalhadora doméstica, que ainda estava pagando pelo aparelho subtraído. Ninguém falou mais no assunto, nem para dizer que houve um equívoco e que se tomará mais cuidado para não haver conceitos preconcebidos em comentários futuros. Simplesmente não deram importância à vítima, que é pobre e conseguiu o aparelho a duras penas.

Confere, Aderbal?

Confere!

Isso só para citar alguns casos. Não vou esmiuçar a degola do padre francês por um terrorista, dentro da igreja, diante dos fiéis, que foi muito eufemizada pela imprensa politicamente patética e não rendeu nenhuma comoção entre os defensores da igualdade. A vítima, para eles, é única e exclusivamente o assassino.

Meus parabéns, idiotas! Vocês lograram êxito no que o nazifascismo falhou vergonhosamente! O mundo já está dividido entre as vítimas puras inocentes e os verdugos perversos irrecuperáveis, centenas de grupos que tentam a qualquer custo se enquadrar no primeiro critério. Talvez porque na época da guerra, não houvesse retardados eloqüentes como vocês para meter o bedelho em tudo, até no que não sabem do que se trata, obedecendo cegamente a retoristas patológicos cheios de boas intenções, e atrapalhar o andamento precário da paz que tínhamos conseguido a duras penas nos anos 1990, sem nos dar tempo para disseminar essa conquista pelo mundo. O Czar KGB agradece.

Se Hitler ainda estivesse na Terra, estaria orgulhoso de vocês.

22/07/2016

Falando de S/A...






Depois de algum tempo ouvindo e lendo sobre os escândalos da ECT e da Petrobrás, me interessei em dar uma olhada na lei das sociedades anônimas. Meus amigos, trata-se de uma encrenca do tamanho de Júpiter! Tem suas compensações, mas não é para qualquer um, não no tocante à gestão.

Imagine-se em sua festa de casamento. Para quem vê de fora, com o dinheiro conseguido com a participação de centenas de convidados, é tudo lindo e tu não tens do que reclamar. A casa é grande e bem equipada, há dois carros, uma motocicleta e bicicletas, para ocasiões e necessidades diferentes de transporte. O jardim é amplo, bem arranjado e arquitetado, tem até árvores frutíferas no quintal!

A festa é um deslumbre, com buffet de primeira e músicos animando o ambiente. Em um canto, onde todos tiram selfies, a montanha de presentes passa a impressão de que a vida será fácil e promissora. Este é o lado A da conversa, antes de dar meia-noite e a Cinderela voltar a ser a Gata Borralheira.

Imagine que quando a noiva for jogar o buquê, um sujeito se apresente como auditor de cerimônia e a obrigue a desmanchar o lindo e caro arranjo. Em vez de jogar o conjunto para alguém pegar, ela terá que despetalar todas as flores e jogar de modo que todos possam pegar ao menos uma pétala. A não ser que todos concordem em ficar de modo ordenado em distâncias correspondentes à sua cota de pétalas, vai ter briga, inclusive de casal.

Ok, finalmente a sós. Certo? Não mesmo! Intimidade de casal é para quem tem capital fechado! Haverá pelo menos três auditores na suíte de casal, fiscalizando a performance e assegurando que os interesses dos convidados também seja observado. Se eles quiserem que vocês tenham filhos, pode esquecer aquelas fantasias sexuais doidas, é só papai e mamãe mesmo! Ela tem que engravidar. E não reclame de amantes, os cotistas do matrimônio podem decidir que eles são necessários e não terás o direito de reclamar; especialmente se os filhos esperados por eles não virem.

Durante o casamento, diuturnamente, haverá gente entrando e saindo da casa. Em tese é a sua casa, mas centenas de pessoas têm as chaves até dos carros! Dependendo do quanto saiu de teu próprio bolso, podes impor limites a esse trânsito, mas quase sempre só podes pedir licença e prioridade em algumas ocasiões. Lembre-se, és o CEO da casa, podes decidir um monte de coisas e pedir privacidades a quem não for auditor de cada actividade doméstica, então não abra mão disso, ou o que já é difícil ficará insustentável.

Há vantagens, claro, além da maior facilidade e rapidez para consolidar o casamento com casa própria. Sempre haverá alguém para fechar a torneira aberta, desligar a lâmpada acesa em cômodo vazio e te avisar que o gás está acabando, sem que o arroz precise ficar empapado à espera de uma troca no meio da noite. Também te avisarão das condições de conservação da casa, talvez até alguns cotistas com mais participação façam o serviço, se estiveres muito ocupado. Cobrarão depois, é claro, mas interessa a eles que o casamento vá bem em todos os aspectos possíveis.

Mas essa ajuda também traz limitações. Sabe aquela viagem em um fim de semana prolongado? Convença seus cotistas de que compensa expor o carro ao estresse de uma viagem mais longa, especialmente se a rodovia for tipicamente brasileira, ou não tem viagem porcaria nenhuma! Alugue um carro, se não houver acordo, mas sem isso os da casa não saem da garagem.

Tua saúde física irá bem, queiras tu ou não. Teus acepipes preferidos podem ser dosados ou até banidos, para que teu desempenho não decaia. Aliás, por falar em desempenho, a esposa já engravidou? O tempo está passando, os cotistas do casamento estão contando os meses e podem ficar impacientes! Não vais gostar do que pode acontecer! Eles não colaboraram com esse casamento porque gostam de ti, pelo menos não a maioria deles, o fizeram porque houve um acordo, todas as partes aceitaram e agora eles esperam pelo combinado. Justo? Sim, é justo. A iniciativa foi tua, tu vieste com essa idéia de um casamento neste naipe e convenceu todo mundo a investir nele. Cadê o bebê, seu mala?

Se mesmo com toda a ajuda, tu não conseguires bons resultados, tua batata vai assar. Podem, por exemplo, começar a cortar do teu salário para pagar dívidas que deixaste de lado, pensando que daria conta delas depois, e a tua dívida com os cotistas aumenta, diminuindo tua participação acionária no casamento. Com o tempo e o agravamento de tua situação, alguém pode se sentir no direito de passar a mão na tua linda esposa e não terás direito de sequer reclamar. Se o bebê tão esperado e prometido não vir no prazo, meu amigo, és definitivamente um corno. Vão te afastar temporariamente das funções procriativas e designar um Ricardão para providenciar um herdeiro.

Acontece que isso não é tudo, nem todas as situações ficarão ao alcance de teu controle o tempo todo, na verdade elas vão fugir o tempo todo e terás que trazê-las de volta. Isso desgasta, ainda mais sabendo que tem centenas de pessoas te cobrando, dando palpites completamente diferentes e te cobrando os resultados que, qualquer analista sério sabe, não virão só porque tu queres que venham. Racionalidade, meus amigos, é uma característica inerente à raça vulcana, humanos nunca foram e um terno com gravata não muda isso, não se iludam.

Em último caso, lamento, vais continuar a receber tua cota de proventos, mas alguém vai chegar à suíte no meio da noite, se for necessário, portando um documento e acompanhado de policiais. Tu vais preso e o sujeito é o novo marido. Por que a prisão? Explico agora, para não vires depois reclamar de falta de aviso!

A lei de sociedades anônimas visa proteger a economia popular, porque em tese, qualquer um pode chegar com cem reais à bolsa de valores e comprar algumas ações, pra iniciar tímida e prudentemente sua poupança sem depender do governo. Sim, é um mito que precisa-se ser rico para investir. Quem tiver paciência e uma boa consultoria, pode ter um bom patrimônio em quinze ou vinte anos. Mas bom mesmo, para se despreocupar com a vida! Por isso o cidadão que abre o capital de sua empresa, não é mais dono dela, e não pode fazer o que bem entender. Lá dentro existe o dinheiro, e às vezes as esperanças de vida de muita gente! Ele não pode simplesmente fechar a empresa e ir viver da renda que teve com a venda do espólio, ele que venda sua parte acionária e deixe as economias alheias em paz!

Mas tem malandro! Como tem malandro. Nasce um otário a cada cinco minutos, para cada um deles há um malandro em cada esquina, prontinho para depenar e assar o pato. O pato pode ser tu, meu amigo, minha amiga, caríssimos leitores. Por isso vender ações abaixo do preço de mercado, avariar deliberadamente as finanças da companhia, vender activos abaixo do preço e sem autorização, maquiar balanços, enfim, prejudicar minimamente de qualquer forma o acionista, é crime. É por isso que executivos dançam tanto nas cadeiras de presidente, os conselhos das companhias evitam como podem que uma situação se torne crítica ou mesmo irreversível. Se bem que ultimamente eles têm sido meio neuróticos, rotatividade demais é sempre ruim.

As acusações contra o CEO e o conselho, porque este é responsável por fiscalizar e auxiliar o executivo, podem ir de crime contra a economia popular, passando por sonegação fiscal, evasão de divisas, formação de quadrilha e outros. Se a empresa for uma estatal, a coisa piora, porque a economia não é só popular, é pública. Aqui podem ser incluídas as acusações de peculato, corrupção activa, corrupção passiva e, em último caso, crime de leso-pátria. E neste caso aas punições podem não se restringir aos executivos da empresa, porque o executivo nacional é responsável por comandar e fiscalizar o presidente dessa estatal. Será que me fiz entender? Desenhar aqui é bem difícil, porque neste caso não há um partido político para defender o executivo incompetente.

É assim em qualquer parte do mundo civilizado, que tem encolhido bastante nos últimos anos. Quando a empresa ou o governo consegue abafar o caso, a imprensa divulga bem pouco, porque abafar absolutamente tudo não dá mesmo! Quando não consegue, é um escândalo. E mesmo quando abafa, os bastidores cuidam de disseminar a caca deita pelo CEO e pelo conselho da empresa, eles ficam queimados, terão mais dificuldade em se manter no mundo corporativo. Por isso é melhor aceitar uma demissão enquanto a situação pode ser remediada sem alarde, a fama e reputação do executivo ficam intactas, inclusive pela humildade de sair quando a situação sai do seu controle. Coisa que no Brasil, perdoem a autocrítica nacional, é muito raro de se encontrar.

Por tudo isso, vocês devem ter se lembrado dos filmes com executivos à beira de um ataque de nervos, alguns até surtando e saindo em camisas de força do escritório. À parte o exagero hollywoodiano, é tudo verdade. A alegoria que escrevi acima ilustra muito bem a vida de quem administra uma empresa de capital aberto, até as de capital fechado sujeitam seus executivos a situações semelhantes. Eu não estou desestimulando o empreendimento de capital aberto, eu estou mostrando a vocês como a vaca mastiga, sem romances e sem maquiagens. O lado bom, aos que não desistiram e se molharam de medo eu revelo, é que na maioria absoluta das vezes as coisas dão certo, mesmo com muitos tropeços, muitas quedas, muitos erros cometidos e muitas noites em claro para contornar crises crônicas. Geralmente o marido não se torna corno, consegue ser pai dos filhos da esposa e tem um casamento feliz. Além é claro de poder recuperar com o tempo, se não todo, a maioria absoluta do controle da companhia, com mais de 50% do controle acionário, o que lhe dará uma liberdade absurda de decisões e uma tranqüilidade surreal na administração cotidiana.

É questão de estilo, ou perfil, como se diz no jargão. Há gente que não tem vocação e nem interesse em gerar grandes transformações em uma sociedade, mas administra muito bem um negócio familiar de bairro, e vice-versa. O incompetente é aquele que tenta fazer o serviço do outro, quem faz bem seu próprio serviço é bem-vindo em qualquer companhia, mesmo que como colaborador independente. Para os donos de mercadinhos eu recomendo uma união cooperativa, para reduzir custos e facilitar a própria vida, conseguindo descontos que lojas de grande porte conseguem comprando directo do fabricante. Não precisa ser grande par ter coisas boas, só precisa de estratégia.

Como disse uma sátira na antiga revista MAD, a bolsa de valores permite que um garoto com uma banquinha de limonada assuma o controle acionário de uma grande corporação, apenas investindo e especulando as ações. Exagero, claro, mas não muito. Em princípio isso é possível.

Mais detalhes, ler (MAS LEIA MESMO) aqui e aqui

18/07/2016

Entendam, eu rejeito ditadores!

Alerta! Texto longo e chato!

    Eu tenho bloqueado páginas e perfis de sujeitos ditos "engajados", "politizados", "defensores de minorias e dos valores tradicionais" e outros bichos do tipo. Fiz e continuarei a fazer isso porque não vou perder amigos por causa das metralhadoras giratórias desses patifes. O motivo é o mesmo pelo qual eu já queria o afastamento da presidente em processo de impeachment há anos, eles usam a indignação e o sofrimento de grupos, e fazem questão de dividir a população em grupos, para louvar e apoiar ditadores, recusando-se ao mesmo tempo a admitir que aqueles países são ditaduras, sempre colocando em terceiros a culpa pela "difamação", ainda que os próprios ditadores divulguem seus actos tirânicos para amedrontar a população.

    Aproximar-se de regimes altamente misóginos e xenofóbicos, mesmo alegando "lutar" contra esses comportamentos, tem sido expediente comum e prática recorrente de Roussef, às custas do erário. Ela e TODOS os de sua base aliada. "Lutar"... Ra, ra, ra, ra... Não rio de escárnio, é de perplexidade. A contradição reinante nesse meio é tão extremada e dogmática quando a de igrejas caça-níqueis, bem como a das que realmente acreditam ser o único portal para o céu. Sim, conheço lunáticos que se consideram os únicos representantes do Criador na Terra, e que por isso teriam direito a cometer qualquer atrocidade. Se leram realmente a bíblia? Só as partes convenientes, as que confirmam sua missão messiânica, o resto fingem que não existe.

    Infelizmente o facto de se ter um diploma e toneladas de livros no currículo, não impede alguém de cair na armadilha da revolta. Há uma diferença basilar e uma semelhança cruel entre indignação e revolta, tanto que uma pode se transformar na outra. Indignar-se com as atrocidades policiais contra negros nos Estados Unidos, embora a maioria dos indignados não aceite que eles opinem sobre assuntos nossos, é no mínimo questão de humanidade. Indignar-se e agir com indignação resolve perenemente muitos problemas. Lembram-se da revolução francesa? Lembram-se de que não muito tempo depois, Napoleão tomou o poder e não queria sair nem a pau? Lembram-se que houve uma onda de revoltas e os grupos revoltosos se viraram uns contra os outros. A revolta tem o vício de deixar as defesas críticas muito baixas, para concentrar esforços na destruição do que se considera ser a ameaça. Os tiranos sabem se aproveitar dessa baixa de guarda.

    As coisas não mudaram muito, na verdade não mudaram quase nada de então até hoje. E quanto mais cheio de diplomas, títulos, pompa e seguidores ávidos por um discurso retórico, mais o cidadão se considera racional e dono de suas conclusões, quando na maior parte do tempo ele só rumina e maquia o que lhe foi imposto, quando aceitou o pacote fechado de sua ideologia. Tanto esquerda quando direita, nenhum dos bobos está imune à síndrome do toxicômano, este defende a qualquer custo, mesmo que precise matar, o objecto de seu vício. Mas até cair na paranoia completa, ele se considera dono de seus actos e rejeita que o dinheiro entregue ao traficante cause mal à sociedade; arma-se te todo o seu cabedal pseudointelectual para se justificar e agredir qté mesmo quem não seja também um viciado.

    É o mesmo que acontece em igrejas fundamentalistas, que se negam a admitir sua origem judaica e, assim, se recusa a estudar a Torat, até para não descobrir que seu livro sagrado foi todo tirado de uma pequena parte do livro dos judeus, e depois deturpado em inúmeras traduções consecutivas. Querem acreditar e se convencem com revolta de que o seu idioma é o original da bíblia. Qualquer facto comprovado de que aquela passagem é uma metáfora e não um relato histórico, já gera ameaças de morte e o esquecimento seletivo do segundo mandamento. Isso inclui o islamismo, que também é filho revolto do judaísmo. O problema maior é que os que raciocinam, em vez de simplesmente engolir a seco os trechos convenientes da bíblia e do alcorão, ficam calados, como se expressar sua indignação fosse uma confissão de ateísmo.

    Da mesma forma, os bobos com tendências messiânicas das bases "politizadas" temem se reconhecerem nas características de quem elegeram como inimigos, se discordarem te um ponto que seja de seus doutrinadores. Não, besta, não estou repetindo o que li ou ouvi. Volte lá para cima e releia o que eu disse de grupos religiosos. O doutrinado não precisa saber as bases alegadamente philosophicas do que acredita, basta acreditar e repetir indefinidamente, no modo "chato irascível" o que seu doutrinador impôs. A única exceção, acredito, tem sido o kardecismo, até o momento. Mas mesmo ele tem produzido espiritontos sem noção, que precisam contar pra todo mundo que são kardecistas. De resto, todos produzem fanáticos barulhentos e agressivos, que fazem parecer que são a maioria e se declaram os únicos representantes do que acreditam.

    Tentar curar injustiças com imposições estatais, aceitar um "ditador bonzinho" colocando cabresto em todos os aspectos da vida do cidadão, é uma tentação muito doce para esses grupos, tanto os políticos quanto os religiosos. Usam suas "boas intenções" para justificar tudo o que fazem e tudo o que seus ídolos ideológicos fazem; como explodir com um míssil antiaéreo um parente que dormiu durante um discurso longo e enfadonho de um ditador. Até negar que se trata de uma ditadura vale, é como mulher de cafajeste, ele pode violentar e matar uma criança, ela sempre vai defendê-lo, até a morte, que pode vir justo das mãos do canalha. Geralmente vem, seja de um marido, um pastor, um líder político, et cetera.

    Agora vamos a uma reclamação recorrente, nos últimos tempos, de que eu estaria fazendo apologia aos Estados Unidos. Eu já disse que estudei história, inclusive as partes que não convinham aos meus professores, porque meu modo de estudo é investigativo, no estilo policial mesmo.Eu descobri que o grande malfeitor da humanidade não é nem de longe o pior deles. Acontece que se trata de uma democracia, e se eles não o forem, nenhum país do mundo o é. Eu não procuro utopias, tenho mentalidade de engenheiro, não deixo de produzir um carro só porque ele não atingiu a acepção absoluta do termo "perfeição". Se estiver bom o bastante para aquele momento, em mando para a linha de montagem, com o tempo e os recursos das vendas, eu aperfeiçoo o modelo. Justo por se tratar de uma democracia, todos os podres vêm à tona cedo ou tarde, e os dirigentes não podem fazer absolutamente nada contra isso.

  Agora imaginem não poder sequer perguntar se a decisão do "líder" é realmente a melhor, sem o risco de ser preso e torturado. Imaginem não poder fazer qualquer tipo de manifestação sem que ela tenha sido convocada pelo governo! Mais! Não ter direito de recusar essa convocação, concorde ou não com ela. O que quer que aconteça um grupo que se manifeste sem permissão das autoridades, ainda que o resto do mundo tome conhecimento, o resto do país em questão nunca sabe até um estrangeiro subversivo conseguir enviar vídeos mentirosos para desestabilizar o país e o bem amado partido único e compulsório.

   Outra coisa, eu não dou grande importância a opiniões, nem às minhas, elas não curam perna quebrada. O que me interessa é resultado, que se o governo quisesse, já teria oferecido há muito tempo, ele teve mais de uma década para isso! Mas o que fez? Agraciou ditadores às nossas custas, manteve os problemas básicos que suscitaram "movimentos sociais" e os controlou manipulando seus "líderes", assim como fazem os regimes que eles idolatram. Eu não nego que o Brasil teve uma ditadura, cresci em quartéis e sei muito bem disso, da mesma forma como ninguém deveria negar que nossos vizinhos se tornaram também.

    Quanto aos problemas sérios que explodiram nos Estados Unidos, eu lamento assaz, mas me recuso a tecer comentários. Primeiro porque não sou cidadão americano, segundo porque não tenho poderes e nem influência para ajudar no caso, terceiro porque não me pediram ajuda. O mesmo para o caso da saída da Grã Bretanha da comunidade europeia. Se algum inglês me pedir conselho, tentarei ajudar, caso contrário eu me abstenho de dar pitados no quintal alheio. Da mesma sorte que não me meto na tua vida.

    Pois bem, aqueles pilantras que tanta gente "intelectual" adora, já não disfarçam mais. Putin, cria na União Soviética, não faz mais questão de parecer neutro, ele tem forçado tanto, que conseguiu reiniciar a guerra fria. A China há muito que é motivo de reclamação, pelo desprezo e pela grosseria com que trata representantes de outros países, mesmo em território alheio, bem como desdenha limites territoriais dos vizinhos. Nem vou falar do Irã, que iniciou oficialmente a onda de tribalização do oriente médio, em alguns lugares transformando mulheres e crianças em propriedades pessoais reconhecidas pelo Estado, mas como agora é um governo "companheiro", ninguém reclama.

    Agora releiam tudo e me mostrem uma só falta de verdade que eu tenha cometido. Ah, encontrou? Comprove. Não quero saber de discurso, quero factos, parâmetros, quero o palpável. Isso vocês não têm, nenhum ideólogo tem, nenhum pastor tem, absolutamente ninguém que se considere um soldado do exército bonzinho tem.

    Se eu gosto do Temer? Eu já o chamava de vice presidente Nosferatu desde que foi eleito, tirem disto suas conclusões. Da mesma forma não gosto da política externa do Obama Banana. Menos ainda do Czar KGB! Mas gostem ou não, é com o Obama que podemos contar. Ele e ninguém mais pode fazer frente às super ditaduras da actualidade. É este o meu foco.

    Por isso, meus caros, especialmente contactos de redes sociais, não levem para o lado pessoal eu ter bloqueado e, portanto, não ter lido alguns links que vocês me enviaram. Eu levei para o lado pessoal e  investiguei esses links, invariavelmente eles apoiam ditadores e usam a tua revolva para vender o pacote fechado que beneficia suas ditaduras preferidas. Fiz isso para preservar nossa amizade. Há muitos erros que um acadêmico pode cometer, afinal é humano, mas nunca, sob hipótese alguma se apoia um ditador.

    Nenhuma mesmo!

12/07/2016

Um Cowboy no escritório




Eu evito fazer comentários antes da conclusão de um caso, mas a crise de 2008 ainda traz reflexos, em especial no Velho Mundo. Também passo sem ler a maioria dos artigos acadêmicos inerentes, porque a despeito do que deveria ser, essa maioria é muito carregada de subjetividades disfarçadas de dados estatísticos e históricos; Interpretação, cada um tem a sua e a forma como bem entende. Comentaristas há muitos, fontes há poucas, as confiáveis então...

Em suma, preciso recorrer ao expediente de raciocinar por conta própria e cometer meus próprios erros. Como os europeus ainda são muito apegados aos seus nacionalismos, sempre culpando os outros países e, dentro destes, as outras regiões pelos problemas que enfrentam, precisei dar o braço a torcer e prestar mais atenção aos documentários americanos, que têm uma autocrítica que beira o doentio, em contraste com o ufanismo idem da sociedade mais bipolar do planeta.

  Em um deles, especificamente sobre a Nova Iorque pós-crise. A cidade vai muito bem, obrigado, mas isso a um custo bem alto. Mas é custo mesmo, no termo pecuniário. Apesar do estouro da bolha, os imóveis não param de encarecer. As pessoas estão sendo expulsas do centro e voltando aos subúrbios, de onde tinham saído nos anos 1990. Muita gente acabou se mudando de cidade mesmo, porque o m² está transformando New York em uma New Monaco. Vale ressaltar que a concorrência de indústrias em países que toleram bem a mão de obra escrava e de presos políticos, contribuiu muito para isso; Vocês sabem que países são esses.

O interessante foi ouvir os comentários de alguns dos desabrigados, que formaram espécies de favelas ao redor das metrópoles onde moravam, mas sem a presença do crime organizado, nisso o nível cultural e a pronta assistência de entidades e cidadãos fraternos foi de grande valia. Após mais de um ano vivendo em bosques abarrotados de barracas e motorhomes, alguns deles olham para suas antigas moradas e afirmam que não entendem como conseguiam viver lá, naquele inferno. Isso saído das mesmas pessoas que outrora amavam suas cidades.

Outro ponto muito interessante foi ver cidades pequenas que estão, categórica e escancaradamente, desprezando as grandes redes de supermercados, em favor de seus mercados locais, mesmo pagando preços mais altos por isso. Essas redes até se instalam em muitos lugarejos, mas fecham rapidamente não só por falta de demanda, mas também por falta de mão de obra. Repetindo: Por falta de mão de obra. Em plena crise, os americanos do interior escolheram não trabalhar para quem não lhes convém.

Em algumas cidades essas redes simplesmente não tiveram autorização para se instalar. Não é contraditório que nos Estados Unidos da América, especialmente no auge da crise, parcelas significativas da população tenham se recusado a aceitar uma oportunidade de amenizar o seu lado? Eu respondo: Não, não é contraditório. É preciso ter um conhecimento extremamente raso e tendencioso da sociedade americana, para acreditar nisso. Explico citando outro exemplo, o de algumas cidades pouco maiores do que alguns bairros metropolitanos, onde a tolerância e o respeito mútuo estão sendo fomentados em um nível de dar inveja ao discurso europeu.

Imaginem o que têm a ver um grupo de admiradores de armas com um clube de ecologistas, e uma reunião de senhoras que adoram fazer bolos e todo tipo de quitutes. Tempo... Pensaram? Eu respondo: Tudo. Esses três grupos, aparentemente dissonantes, estão dividindo cidades pequenas, onde todo mundo se conhece, e um ajudando no que falta aos outros. Não há hostilidades, ninguém aponta o dedo para o nariz do outro e os discursos são reservados às conversas internas dos grupos. Fora deles, com os bichos já soltos e o estresse aliviado, todo mundo convive como em uma sociedade civilizada. Isto é só um exemplo, há outros que agora estão brumosos em minha memória, mas as coisas são ainda mais interessantes.

Apesar da dívida pública e todo o catastrofismo que os noticiários alardeiam, essas regiões estão muito bem, bem até demais para quem era o alvo preferencial da crise, segundo os intelectuais de academias. Estes querem mais é que tudo desabe e a civilização se extinga!

O sucesso dessa capacidade de sobrevivência e progresso explica boa parte das crises. As pessoas têm buscado ter sucesso, antes de buscarem seus sonhos. O que aconteceu no país que se chama América é basicamente o que acontece no planeta inteiro, com algumas diferenças regionais. Estão colocando vaqueiros para trabalhar em escritórios fechados, e burocratas talentosos para buscar vidas alternativas e saudáveis no meio do mato; não é saudável para eles.

A base para essas escolhas equivocadas é muito bem aceita, tanto quanto escassa. Analisa-se um conjunto de características inatas e por ele se define onde o indivíduo teria mais sucesso. Um cowboy seria um bom executivo só porque é capaz de avançar no touro e derrubá-lo pelos chifres? Um administrador seria um bom fazendeiro só porque tem temperamento tranqüilo e sabe esperar o tempo certo de cada coisa? Acreditem, é basicamente isso que norteia a “felicidade pelo sucesso para depois buscar o sonho”. O exacto oposto do que construiu a parte boa da sociedade ocidental.

Aquelas pessoas lá do quarto parágrafo, muito provavelmente, são fazendeiros administrativos ou mesmo de lida, mas estavam se iludindo com as promessas de carreiras de sucesso para algum dia realizarem o sonho de viver em uma fazenda. Da mesma sorte o oposto, há muitas pessoas que gerenciariam grandes corporações com os pés nas costas, mas estão presas à ilusão de que longe do mato com um riacho por perto, morreriam intoxicadas.

Gente que vive onde e como gosta de viver, não arruma picuinha com o estilo de vida alheio, não repete bordões e frases prontas e agressivas, para se afirmar o tempo todo no que pensa que é. Quem é realmente feliz no litoral, não se desfaz do caipira que vive bem no meio do país, e vice-versa.

A questão é que as pessoas se esqueceram do que realmente são e algumas nem chegaram a saber, embarcaram na primeira canoa que parecia navegar bem. Não se trata de esperar ad eternum pelo sonho dourado, trata-se de trabalhar para realizar e viver esse sonho antes de a senilidade lhe tomar o corpo e o cérebro.

Em vez de mofar em uma linha de montagem para algum dia, na aposentadoria quem sabe, comprar uma casa no subúrbio e viver o que lhe resta longe da agitação da cidade grande, trabalhar premeditadamente para ter ainda forte e saudável o seu pedaço de terra, que com as técnicas modernas pode produzir mais do que uma grande fazenda de outrora, ainda mais com a capacidade de concentração que o trabalho na fábrica burila.

Em vez de contar preguiçosamente cada cabeça de gado, se imaginando chegar num Cadillac conversível à sede de sua empresa, estudar e trabalhar para abrir algum negócio no sertão mesmo, para ganhar experiência e se embasar para chutar traseiros de concorrentes picaretas, contando com a paciência e a atenção aos detalhes que a lida com o gado desenvolve.

Alguém vai ficar feliz por sua causa, alguém vai ficar triste por sua partida, alguém vai morder os cotovelos de inveja pela sua coragem. Não tem jeito, faz parte. O mercado financeiro e as armadilhas do clima não são os maiores riscos de quem empreende seu próprio sonho, é a reação das pessoas que te cercam o maior risco. Napoleão reclamava que era mais fácil lidar com o inimigo no campo de batalhas, do que com a ambição e soberba dos parentes. Aqui é a mesma coisa. Seguindo ou não, de modo competente e responsável o teu sonho, muita gente vai ficar triste e muita gente vai ficar feliz, a diferença está em qual grupo queres estar.

É este o pulo do gato de toda as crises graves e duradouras da economia, que desde o século XIX deixou de ser nacional e regional. A globalização, que muitos alienados que arrotam intelectualidade condenam, não é de hoje. Começou com a primeira viagem que levou artigos do oriente para a Europa. Não é o sistema que causa crises, o “deus sistema” não existe, é só uma convenção, uma espécie de larva astral burocrática que se alimenta do medo coletivo. Tu, preferindo o mais baratinho só porque é mais baratinho, ajuda a começar uma crise. Tu, pegando carona em uma onda de rendimentos fáceis, ajuda a começar uma crise. Tu, trabalhando duro e se capacitando para lucrar com o teu sonho, ajuda a atenuar uma crise.

Na verdade as pessoas nem deveriam correr atrás de um sonho, ele está lá na frente, mas não tem pernas para apostar corrida com uma larga dianteira de vantagem. O problema não é velocidade, é tempo. Tá, na física os dois são a mesma coisa, mas o tempo é o único aspecto que importa aqui. Não adianta, e isso os documentários deixaram claro na prática, se esbaforir e deixar de viver para realizar ontem, da mesma forma os atrasos não vão te dar anos de vida para tanto. É o teu tempo que importa.

É o que eu disse acima, o ritmo e o temperamento de cada um define onde, como e quando o teu modo de vida realmente começa, é ele o sonho, todo o resto é alegoria. Sair daquela metrópole infernal, rompendo com o status quo que tanto defendia, ir viver em uma cidade de cem mil habitantes no máximo, pode ser o que separa um indivíduo competente de sua realização profissional. Dá sim para se começar uma multinacional em uma cidade com poucas quadras, por que seria impossível?

O que esses anos de crise perseverante me mostraram, é que as pessoas esqueceram basicamente de um dos ingredientes básicos do sucesso da espécie humana, a mobilidade. Se apagaram à sua nacionalidade, à cultura local, à religião da família, ao banco preferido da pracinha da igreja e, em vez de transformar tudo isso em boas recordações e motivos para férias maravilhosas na cidade natal, transformaram em uma cadeia acolchoada, no pior sentido de “zona de conforto”. Afinal, ficando lá, a culpa de sua frustração e seus prantos é toda do condicionamento a que a sociedade impôs.

Meus queridos, não existe condicionamento que uns bons meses de psicoterapia intensiva não dissolva, nas mãos de um bom profissional. O resto é de favas contadas.

Houve nos anos 1950 uma corrida ao divã, mas por motivos equivocados, as pessoas queriam se adequar ao estilo de vida vigente em suas regiões, em vez de ajuda para encontrar seus próprios estilos de vida e saírem atrás dele. Seis décadas depois, o problema persiste. A mentalidade “libertária, inclusiva, progressista, tolerante” do século XXI só fez as pessoas se iludirem que as traquitanas de hoje tornam o mundo melhor, por isso voltaram ao divã para descobrir o que há de errado consigo, por não serem cem por cento felizes o tempo todo e sob qualquer circunstância.

Sabem aquela frase “Não pergunte o que o país pode fazer por você, pergunte o que você pode fazer pelo país”? Pois uma pessoa amarga e frustrada não pode fazer absolutamente nada além de atrapalhar. O bom que vi nesses documentários, é que muita gente já compreendeu isso e começa a largar tudo o que não lhe serve para recomeçar do zero; ou quase, já que em uma civilização ninguém recomeça realmente do zero, graças a Deus. O ruim é que os noticiários mostram que, mesmo com tantos exemplos contundentes, as pessoas continuam se apegando a conceitos preestabelecidos e culpando o sistema, a família, o emprego, a escola, o papagaio com diarreia, o raio que o parta pela sua infelicidade. E é muita, mas muita gente se recusando a ver e aprender com exemplos bem sucedidos, a aprender com os erros e acertos de quem meteu a cara no mundo e hoje desfalca as estatísticas tristes de suicídio.

Quer um conselho? Não, não estou vendendo, mas aceito doações. Ponha em tua cabeça que tua realização não está nos ditames, está no teu nariz. Siga-o! Teu país vai ganhar um cidadão útil, productivo e basilar para se reerguer de qualquer crise. Vá para o campo, vaqueiro!