27/03/2013

Vôo sentado é pago à parte

Discussão acalorada entre um cidadão e sua namorada com, segundo ele, crises de saudosismo.

- Cara! Prohas! Em que época você vive, heim?
- Na época da dignidade minima. Isto aqui já foi um quintilhão de vezes melhor, e nem faz tanto tempo assim.
- O quê era melhor, me fala!
- Dá uma olhada geral e raciocina.

Ele cede, desta vez. Das últimas, tinha se negado terminantemente a fazê-lo. Olha para os outros clientes, presta atenção, não vê nada de mal. Dá uma olhada nos funcionários, estes realmente parecem ter recebido uniformes tamanho único, feito com tecido-não-tecido "costurado" com cola quente, fora isso está normal. Volta a olhar para alguns clientes e vê que realmente estão um pouco desconfortáveis, nada fora do que considera aceitável... Fácil acreditar nisso, quando se tem 1,7m e 67kg. Os vendedores de quitutes estão de uniforme, como manda o figurino, melhor do que a maioria dos camelôs dos estádios de futebol. Está acostumado com aquelas porqueiras, acredita que talvez por isso não veja nada de errado com eles, pelo menos são limpos.

- É, reconheço que poderia estar melhor, mas para mim parece tudo razoável!
- "Razoável"? Você acha razoável pagar cinco reais por uma barrinha de cereais, que eu compro por um real na padaria, e cuja caixa com duas dúzias me custa reles quinze reais???
- Meu amor, mas o ambiente é chique! A gente não paga só pela comida, paga também pelo ambiente!
- Eu conheço esse tipo de serviço o suficiente para saber o que é chique e o que não é. A única coisa chique aqui é a propaganda enganosa que eles fazem! Eu nasci dentro de um ambiente desses, lembra? Tenho pelos antigos serviços, as mesmas saudades que tenho por músicos de verdade, por rock, pop, funk, cowntry, sertanejo de verdade. Eu conheci tudo isso.

Faz-se uma pausa, em que ele ri baixinho. Lembra bem do ataque de risos que teve, quando soube das condições em que ela nasceu, entre fronteiras, e a confusão que foi para registrá-la, já que na época não havia a precisão de navegação por satélite que qualquer um pode comprar barato, hoje em dia. Lá do fundo ouvem uma discussão. Alguém trouxe lanche de casa. Um funcionário terceirizado mostra as letrinhas miudinhas do contracto, com uma lente de aumento, para mostrar que tudo que for comestível lá dentro, deve render dividendos á companhia. Mal sabe o cidadão que suas coisas foram confundidas com o lixo da empresa e já estão compactadas, dentro do caminhão de coleta.

Um vendedor sai perguntando quem vai querer pipoca, só cinco reais o saquinho de 100ml. Se a qualidade do óleo for tão boa quanto o cheiro, ela vai preferir passar fome mesmo. Outro vende água para um cidadão na fila ao lado, abrindo uma garrafa térmica e enchendo um copinho de 50ml, um real cada.

Ele sabe que ela é veterana no ramo, até trabalha para uma concorrente estrangeira, que infelizmente precisou recorrer à porqueira dos serviços de uma nacional. Na realidade, havia um pequeno abismo financeiro entre os dois, que ela o ajudou a eliminar. Ele reconhece, na realidade ainda se deslumbra um pouco com os péssimos serviços de que ela reclama...

- Tá, eu pensei bem... O que te dá essa nostalgia toda, então?
- Pra começar, como é ainda hoje na empresa em que trabalho, falando só entre nós, a alimentação está incluída no preço do serviço. E lá não é lanchinho comprado da fábrica sem a embalagem, para economizar ninharia. Você vai ver, nossas refeições incluem frutas com doces, pães e bebida no desjejum. Almoço e jantar tem filé de salmão, meu querido...
- Put... putz que paralho, meu!
- Enfim, a alimentação não tem um peso tão grande nos custos operacionais. O que eu ressinto de todas, é a qualidade do atendimento, do início ao fim. Já ouvi falar de gente que foi verbalmente agredida por ter pedido papel higiênico, quando estava no banheiro. Perdeu-se totalmente a noção do que é o nosso ofício! Fora a asneira daquela cantora, que lamenta ver o porteiro do seu prédio sentado ao lado dela, estão fazendo economia onde não cabe, para tirar centavos do preço da ala econômica. Você viu que a Escanteio está falindo, não viu?
- Li a respeito, mas não imaginava que fosse por isso.
- Tem uma diferença enorme entre investir e gastar, que vai ser a próxima fase do teu aprendizado. Assim como há uma diferença gigantesca entre economia e avareza. As companhias nacionais... Vou falar ao teu ouvido, senão me trolam aqui dentro. Eles investiram mal o dinheiro ganho no começo da euforia. Ao contrário do consumidor comum, os bancos não se deixam enganar por propagandas, eles são profissionais e sabem quando alguém tem ou não condições de honrar uma dívida.
- Ou seja, a gestão das companhias nacionais é incompetente, é isso?
- Tão incompetente, que não atinou que as pessoas não se importavam tanto assim com os preços, o tratamento recebido era muito mais importante.
- E hoje, com essa facilidade em pagar...
- É uma mina de ouro que eles esnobam! O consumidor que se acostuma a ser bem tratado não aceita serviço ruim! Mas nas cabeças ocas deles, bom tratamento é custo.
- E como ser gentil vai encarecer a passagem?
- Não encarece. O problema é que isso demanda um investimento inicial que eles não querem fazer. Os custos de um adicional salarial não são um horror, o eventual aumento na passagem é justificável e o passageiro paga. Paga e sai fazendo propaganda para a companhia.

Faz uma pausa, para segurar os ímpetos de xingar todo mundo, respira fundo e continua...

- O problema maior é que o empresariado(?) brasileiro aprendeu a só investir com ajuda estatal. Confia que há muito dinheiro e se esquece de dois fatores importantes: A quantidade de candidatos a receber esse dinheiro também é enorme, então acaba não sobrando tanto assim para todo undo, nem a qualquer hora do dia ou da noite, como se fosse caixa electrônico de banco; Existe favorecimento no governo, eles sabem disso, sabem que quem tem mais amizades, tem prioridade, e a malandragem se vira contra o malandro. Entendeu?

Mais uma pausa, abrindo um sorriso de leve, lembrando de quando era criança e vivia viajando de avião, quando o comissariado de bordo era quase que um corpo de enfermagem...

- Olha, eu ainda lembro de ver os bancos todos limpos e impecáveis, cheirando a novo. Mesmo em aeronaves já rodadas. O faturamento não era tão grande assim, se comparado ao que é hoje, e mesmo assim não víamos esses remendo escandalosos, esses encostos encardidos, nem essas... moças com cara de TPM perpétua. Perder malas era um escândalo para a companhia...

Ela explica pacientemente que nem tudo o que viu no passado, deveria ter ficado lá, e a qualidade dos serviços é uma delas, uma vez que a tecnologia permitiu uma redução significativa de custos em todas as áreas. Assim que entram em espaço aéreo americano, os valores são convertidos. A água de R$1,00 passa para US$1,00. Por isso ela o obrigou a comer muito bem e esvaziar a bexiga, antes de embarcarem. Mais uma hora e desembarcam, só levaram a bagagem de mão, para garantir que não seria extraviada.

22/03/2013

A finesse nossa de cada dia - generalidades

Confundidos, e tratados por muitos como frescura, os bons modos são negligenciados por gerações que se apegaram à superficialidade e ao efêmero, sem se darem ao trabalho de saber os motivos de sua existência. Talvez seja mesmo difícil cobrar isso de quem é efêmero e superficial em tudo o que almeja.

Vamos aos dois países ocidentais mais reconhecidos pela boa educação de seus respectivos cidadãos. Bem, na realidade essa boa educação tem muito de mito. França e Inglaterra são vistas como referências de finesse e sofisticação, especialmente por quem tem o hábito de fazer comparações entre o Brasil e outros países. Não é mentira, mas também não é de todo verdade.

O francês é visto pelos outros europeus como mau-humorado e intolerante com quem não domina seu idioma. É tido por alguns como anti higiênico, especialmente o parisiense, que tem o hábito de comprar pão e levá-lo debaixo do braço para casa, nem sempre embrulhado. A fama de pervertido é muito mitológica, mas tem algum fundamento.

O inglês é taxado sem dó de hipócrita. Tem uma certa polidez que não esconde a agressividade de seus ancestrais.  Piadas de mau gosto, humor negro, ironias ferinas, arrogância à flor da pele e outros mais, são aspectos que fazem muitos europeus reconhecerem os britânicos em uma descrição. Fora a conhecida belicosidade que os americanos herdaram deles.

Well, mes amis, vocês vão me perguntar que diabos então torna esses dois países tão admirados, se são tão escrotos? Eu respondo: Porque nós também somos, não menos e sem um décimo da maturidade civilizatória deles. França e Inglaterra deram os moldes da sociedade ocidental pós idade média. Tudo o que nossos países são, devem a eles, gostem ou não.

Acontece que essas duas nações não ganharam a admiração dos mais bem instruídos à toa. De quando ambos viviam sob o comando do mesmo trono, podemos dizer que são parentes na marra, com similaridades que um não admite ter em comum com o outro, mas me permitem falar de ambos ao mesmo tempo.

Mesmo com essa fama toda, francos e bretões têm regras muito claras e rigidamente observadas de convivência. Elas permitem que inimigos mortais se sentem à mesma mesa, sem o risco de se engalfinharem no meio do jantar. Sabem aquelas cenas exageradas dos filmes de James Bond à mesa do vilão? É um exagero sim, mas tem um fundo muito forte de verdade.

São regras muito arraigadas, que eles seguem desde pequeninos, às vezes na marra, o que cria muitos episódios do brutal humor britânico. Por essas regras, o mais abrutalhado herói de guerra consegue conviver com jovens civis, que ajudou a impedir que precisassem virar alvos de artilharia. Muitos de vocês são ávidos pesquisadores e sabem o quanto esse choque de experiências pode ser combustível.

O que a finesse tem a ver com isso? Dear friends, a finesse é o conjunto dessas regras de convivência. O que ela fez pelos nossos amigos, foi ajudar a controlar sua índole. Embora muita gente faça uso superficial das regras de etiqueta, elas ajudaram os dois países a controlarem sua força e sua tendência destrutiva.

Explico, mon ami. Sabe aquela propaganda de pneu que diz "Potência sem controle não é nada"? Ela diz a pura verdade. As regrinhas chatas de finesse têm o mesmo efeito das artes marciais, condicionando o praticante a controlar sua força. Isso, aliás, está claro no tipo de utensílios utilizados no aprendizado; louças finas, porcelanas delicadas, vidraria cara, e similares.

Quando quebrar uma xícara significa ter um prejuízo grande, naturalmente dispensa-se mais cuidado no seu manuseio. É mais ou menos como acelerar as conseqüências da vida, fazendo o indivíduo ver de imediato no que dá o seu descontrole emocional, seu desajeito, sua arrogância ou seja lá o que se precisar trabalhar.

A hora do chá, herdada de chineses, indianos e japoneses, é uma das ferramentas comportamentais mais poderosas. A função desse ritual não é empanturrar, até porque as quantidades são pequenas, grandes refeições têm hora para acontecer, no máximo num piquenique.

O rito que envolve o serviço do chá ensina e condiciona o cidadão que tudo tem sua hora e sua ordem de acontecimento, em resumo, ensina disciplina social. Por isso, aliás, as casas de chá não costumam cobrar barato, mesmo as mais simples. Aquilo não é um restaurante, é uma academia. Seus freqüentadores têm necessariamente que deixar a ansiedade e o estresse do lado de fora, por isso muitas proíbem o uso do celular em seus recintos.

Por isso muitos jovens repudiam e tacham de hipocrisia, certos rituais sociais, porque não aprenderam a ter paciência e foco, não aprendendo a ler nas entrelinhas e reconhecer a utilidade do que lhes precedeu. E deixar o celular desligado, para a maioria deles, é um sacrilégio. Mas seria garantia de levar um pontapé dos freqüentadores de uma casa de chá.

Esses ritos são também um meio de se fugir do mundo, sem precisar virar zumbi toxicômano. É um modo de se ter algo sob algum controle. Pode parecer pouco, mas é um momento em que o cidadão se torna dono de uma parte de sua vida. Questão de saúde mental, entendem?

O hábito de se apreciar obras de arte, cuja imitação cega acabou gerando estereótipos de alto grau vexatório, tanto do público quanto dos "artistas", é um exercício de finesse. A apreciação de uma obra de arte, como nas regras de etiqueta, consiste em saber interpretar e ler as entrelinhas. Um artista de verdade sabe propiciar isso. Um apreciador bem educado sabe reconhecer um artista de verdade, por isso muitas vezes parece ser arrogante... Às vezes é mesmo.

Eu, por exemplo, aprendi a apreciar automóveis antigos. Embora goste do conjunto em geral, contrario um pouco o status quo, prefiro os carros familiares, quando o mais comum é se admirar os esportivos. Faz parte. Não se deve fingir que gosta do que a maioria gosta, isso sim é hipocrisia. Pessoas realmente finas sabem reconhecer um hipócrita e sempre o deixam pensando que é bem-vindo, quando na verdade o isolam educadamente.

O que não significa que não perdem a calma. Quando perdem, é de uma vez, mas isso nunca acontece sem muitos avisos de que se está ultrapassando limites. As dicas são claras, mas infelizmente a idiotice crônica que tomou o mundo, deixou a maioria insensível a elas. A lida habitual com a delicadeza treina o quando, quanto, onde e até quando usar a força.

Com o tempo, e a incorporação do hábito, a pessoa passa automaticamente a se limitar ao seu espaço, até estranhando quando vê duas pessoas sozinhas tomando toda a largura de uma calçada. Sabe que violar a regra do espaço alheio é estar às portas de uma agressão desnecessária. E quem diria que isso seria aprendido tomando chá? Pois foi.

Os latinos, mais despachados e sem o contacto com o extremo oriente que os ingleses tiveram, praticamente não aprenderam isso. Questão de oportunidade perdida... E de jamais terem corrido atrás do prejuízo. Deixo claro que regras de etiqueta não te tornam uma pessoa melhor, mas te ajudam a ser. Não preciso dizer que uma população mais refinada não vota em qualquer um, por isso brasileiro é tão estimulado a ser grosseiro.

A irritação de nossos amigos com quem fala alto demais, tem um fundo sólido de pragmatismo. Eles gostam de ouvir suas próprias vozes e a de seus interlocutores, sem que precisem contar para todos no ambiente o que estão conversando. Questão de privacidade, não gostam mesmo de saber que o fulano da mesa lá longe, pode ter escutado detalhes de uma conversa reservada. Nos negócios e na vida íntima, sigilo é ouro.

Não sei se preciso falar de bons modos á mesa... Talvez precise dar uma passada rápida. O facto de tu gostares do que comes, não significa que os outros sejam obrigados a saber o que estás comendo, seja vendo ou ouvindo a mastigação. Tem mais, quem come aos poucos, come menos, sente melhor o sabor do alimento e consegue manter a boca fechada. Falar com a boca cheia  atrapalha a dicção, causa mal entendidos, enfim, teus pais não te repreendiam à toa.

À parte as conseqüências nefastas de interesses egoicos, como ambições e conspirações de família, a finesse não tolhe a espontaneidade de uma pessoa, só lhe dá o controle dela. É como mandar o cavalo para um bom adestrador, ele compreenderá muito melhor o que o cocheiro deseja, e reconhecerá melhor os perigos da estrada. Ele continua correndo e saltitando, quando em descanso, continua copulando, continua comendo, vivendo sua vida, só que leva a carruagem com muito mais eficiência.

Eu poderia escrever um livro a respeito, que ainda assim não abrangeria toda a utilidade pessoal e social da finesse, mas não da frescura. Mas creio que o que temos aqui já atiça suas cabecinhas bem intencionadas. Então, um ou dois torrões?

15/03/2013

Nomes novos para ministérios

Arte de Alberto Benett

Virou piada cara e sem graça. O governo está inventando ministérios a torto e a direito, apenas para barganhar apoio político da base aliada... quem precisa de oposição, né? Mas haja tributação para sustentar tantos inúteis de gravata e medalhinhas!

O simples facto de um deles ter confessado não saber enfiar uma isca no anzol, já tirou completamente o crédito que normalmente um Ministro de Estado tem. Ou seja, é tudo mesmo só para garantir apoio parlamentar... E mesmo assim tem fracassado no seu intento.

Então, ciente de que logo não terão mais nomes para inventar para ministérios idiotas, e para ajudar a misturar um pouco de risos aos nosso prantos, as Organizações Nanajara apresentam...


NOMES NOVOS PARA MINISTÉRIOS

MC- MINISTÉRIO DA COSTURA. A fim de fomentar um trabalho típico das camadas de baixa renda, promoveremos a implementação ministerial de um representante digno e ao nível dos anseios populares. Assim, com este ministério, teremos uma pasta dedicada ao resgate da dignidade e da renda dos brasileiros que vivem da costura de baixa demanda.
Declaração do ministro: Não sei enfiar uma agulha na linha.

MVU- MINISTÉRIO DAS VIAS URBANAS. Finalmente uma pasta específica para combater os males do trânsito caótico, da má conservação das ruas, da precariedade da sinalização, dos desvios de verba feitos muito na cara e difíceis de disfarçar. De agora em diante o Planalto terá um olho aguçado a vigiar esta face importante da vida do cidadão, que agora tem a quem recorrer em última instância.
Declaração do ministro: Governar é construir ferrovias.

MICO- Ministério da Costa Oeste. O país inteiro preocupado em estruturar a costa atlântica, para viabilizar as exportações para a Europa, mas ninguém até hoje se preocupou com o outro lado, a costa pacífica. Chega de dependermos de portos argentinos e chilenos! Basta de encarecer o frete com longas distâncias em vias terrestres! O ministério da costa oeste vai fomentar uma região praticamente esquecida do país, e dar ocupação a um bando de desocupados da base aliada.
Declaração do ministro: Mas não era mais fácil fazer uma ponte até a China?

MP- Ministério dos Pólos. Outra região praticamente despovoada e desprovida de desenvolvimento. A base aliada, ressentida pela dor popular, decidiu indicar seu homem mais bem preparado (imagine os idiotas) para a pasta. O Brasil será o primeiro país da América Latina a dedicar um ministério só para as zonas frias do planeta, onde se fazem presentes as maiores potências mundiais, equiparando-nos às mesmas.
Declaração do ministro: Aposto tanto em minha pasta, que farei uma casa de veraneio na Antártida.

MINO- Ministério das Novelas. Antes que a mídia golpista reclame, já aviso que se trata de uma das mais legítimas e importantes manifestações culturais do Brasil. Uma novela pode parar o país inteiro, apenas por causa de uma surra em uma vilã, então nada mais urgente do que se criar uma pasta exclusiva para os assunto da tele dramaturgia, com centenas de funcionários dedicados a assistir e arquivar tudo o que disser respeito a cada capítulo de cada uma delas.
Declaração da ministra: Cala boca que tô vendo a novela!

MILU- Ministério da Lua. Por que só os americanos podem? Por que só a máquina imperialista de opressão cultural e econômica pode se estabelecer em nosso satélite natural? Chega de exclusividade! Agora o Brasil também estabelecerá uma base lunar, levando nossos valores e nossa gente aonde nenhum país latino americano jamais esteve. As operações da pasta começarão já, com propagandas caras, idiotas e acorrentadas à neurose politicamente patética.
Declaração do ministro: Vamos salvar a Lua, enquanto ainda tem verde e ar puro para respirar.

MIA- Ministério Alienígena. Nós sabemos que os governos mentem, que a verdade está lá fora e que todos os presidentes do mundo encobrem a realidade. Por isso a presidenta colocou o seu governo à disposição da verdade! Arrebanhou um monte de lunáticos da base aliada, nenhum deles sabendo para que lado fica o espaço, acalmou a base aliada e já colocou todo mundo para ver filmes de ficção científica dos anos sessenta, assim estarão preparados para sua gloriosa missão, fazendo jus aos salários exorbitantes que ganharão.
Declaração do ministro: Só acredito vendo!

MINA- Ministério do Natal. Ho-ho-ho! Feliz natal e próspero ministério novo! Como a base aliada se comportou direitinho, foi honesta, honrada, ética, dedicada às causas mais elevadas e urgentes do país, pensando unicamente em eliminar as chagas que assolam nossa amada pátria, a presidenta aceitou a indicação de um crente dogmopata para gerir os assuntos desta época tão importante do calendário cristão.
Declaração do ministro: Fora, ajudante do demônio! O natal é do Senhor Jesus!

MPP- Ministério da Piada Pronta. Será a pasta auxiliar do Ministério das Relações Exteriores. sua função, será explicar o Brasil e suas asneiras aos países amigos, deixando o Itamaraty para as funções sérias. O primeiro acto do ministro deverá ser a formação de sua equipe, que contará com doze sub-ministros, com respectivos assessores, secretariados, sub-secretariados, auxiliares de escritório, oficiais do cafezinho, oficiais motoristas, motoristas adjuntos, suplentes de motoristas, auxiliares de assuntos prazerosos, assessores de assuntos aleatórios e afins. Tudo pago com o seu dinheiro, é claro!
Declaração do ministro: Eu me preocupar?

P.S: Se alguém não percebeu as doses de ironia, favor desconsiderar o texto.

11/03/2013

Fabricantes de auto estima

Texto e arte de Nanael Soubaim
Seu filho está triste? Não parece estar cem por cento feliz vinte e quatro horas por dia? Isso é terrível!
Pesquisas científicas recentes, com laudos conclusivos pagos à vista, mostram que 137% das crianças de seis meses de gestação até vinte e dois anos, sofrem em silêncio com a rejeição social. Destes, 155% se devem à sua aparência. 

Ser alvo de brincadeiras na escola, é o principal motivo de crianças se tornarem potenciais atiradores insanos, ou até suicidas. Vejam relatos de pais:

- Eu já passei por isso e era terrível! As pessoas olhavam para mim como se eu não fosse invisível, alguns até percebiam que eu tinha uma espinha na cara! Não quero que meus filhos sofram, não quero que fiquem contrariados, não quero nem mesmo que saibam o que é o mundo real.

- Quando eu era estudante, não tinha jeito. Ou nos alimentávamos direito, ou a acne proliferava mais do que o normal. Ainda me lembro de amigos fazendo brincadeiras sobre minhas espinhas, me lembro de eu mesma tirando sarro dos outros, mas isso não vem ao caso. O importante é que precisamos proteger nossos filhos de algo natural e passageiro.

- Não é porque faz parte das conseqüências de sobreviver à infância, que nosos filhinhos de açúcar devem passar por isso! É por isso que eles usam e eu recomendo o sebo-nete Azóica.  Eu também uso e recomendo, tal qual está no escripit.

O sebo-nete Azoica penetra fundo na pele, causando alergias e efeitos colaterais, mas eliminando a produção natural de gordura que entope os poros, tarefa naturalmente deixada a micro aracnídeos que os limpam sem cobrar um centavo, mas o nosso sebo-nete mata até eles, a sua pele fica limpinha e ressecada, necessitando depois de usar o creme hidratante Azoica super anti-UVA-UVB-UTERERE.

O que estão esperando, não deixem seus filhos expostos a situações que os ensinarão a lidar com frustrações e diferenças, evitando também assim que eles precisem pedir seu colo e estreitem os laços familiares. Vá imediatamente ao seu dermatologista e exija que ele receite os sebo-netes Azoica, ou troque de médico.

Este producto é contra indicado para uma pancada de casos, tantos que vocês não vão conseguir ler as letrinhas, muito menos na velocidade em que elas vão passar. Se os sintomas persistirem, só se persistirem após alguns anos de uso, então sim procure um médico, nós mesmos lhes indicaremos algum.

Pois é, meus amigos, vocês estão vendo novamente a indústria da auto-estima atacar nossos filhos. Novamente querem nos convencer, e não o fariam que não obtivessem uma margem suficiente de sucesso, de que eles só serão felizes se forem poupados do mundo real, se viverem confinados em uma bolha de ilusões até que chegue a hora de eles educarem seus filhos... Só que então não terão aprendido absolutamente nada, para fazê-lo.

A estratégia é manjada, usar imagens e nomes que remetam a alguma credibilidade científica, apelar para os seus corações e depois se apresentarem como a solução do problema. A tática também é simples, apresentar uma pesquisa pela qual ninguém em sã consciência poria a mão no fogo, mostrar artistas em cenas absolutamente forçadas e fazer parecer que nossos filhos NUNCA são capazes de se defenderem dos problemas cotidianos, e que uma conversa cotidiana para estreitamento de laços jamais atenuará eventuais problemas com auto-estiva.

Vocês sabem de que comerciais estou falando. Agora lembrem-se da cena em que a garota é alvo de uma brincadeira me mau gosto, mas em vez de ir ter com o safado que a fez, chega em casa choramingando. É chantagem emocional. Eles sabem que vocês são capazes de torcer o pescoço de quem magoar seus filhos, sabem e exploram sem escrúpulos.

Procurar um dermatologista antes de comprar o sabonete? Nem pensar! Precisa provar seu amor aos seus filhos, abarrotando a despensa de porcarias que vão eliminar TODAS AS DEFESAS NATURAIS DA PELE, e ainda causar alguns problemas alergênicos por exposição cutânea, que a gordura removida costuma resolver sozinha.

Sim, há casos, e muitos casos, em que se deve tomar providências contra a acne, mas não será ressecando toda a pele, eliminando por completo a biodiversidade do corpo humano. Que foi? Sim, caríssimos, nós somos biomas ambulantes. Temos no corpo dez vezes mais células estranhas do que nossas, a maioria absoluta não nos faz qualquer mal. mas eles as querem eliminar assim mesmo, tudo em nome de se ter uma pele de silicone. Essas criaturas microscópicas não estão conosco à toa, são elas que fazem concorrência com os agente patogênicos, deixando-lhes menos com o que possam se alimentar... Fora os que comem nossa gordura excedente, sem cobrar um centavo por isso.

Quando se precisa resolver problemas com acne, quase sempre aqueles creminhos e pomadas tradicionais, baratinhos, aplicados somente na área afetada, resolvem tudo, mas tudo mesmo. Só que estes productos não são vendidos como felicidade artificial, só como atenuadores de um incômodo, o que dá muito menos apelo aos nossos corações moles... Não me faça essa cara de bulldog zangado, ela não me engana! Você sentiu o coração apertado, quando pensou que sua cria pudesse estar passando pelo mesmo. Lamento informar que provavelmente está. Lamento informar que isso é necessário à boa formação psicológica do petiz. Lamento informar que terás que bancar a madrasta de vez em quando e mandá-lo se virar.

É a vida, minha filha! Não se trata de ser justa ou não, não existe outra para fazer comparação. É com ela que nosos filhos precisam a prender a lidar. Colocá-los dentro de uma bolha de amenidades e prazeres, como esses mercenários querem, só vai deixá-los frouxos para as dificuldades que a vida adulta impõe, e insensíveis à dor que eles mesmos não sentirem. Qualquer semelhança com aborrescentes quebrando boates e matando quem termina o namoro com eles, é mera realidade.

Não tem milagres aqui, mas também não tem segredo. Quem quer ter menos acne, uma pele mais saudável, uma expressão facial mais limpa, precisa abrir mão dos excessos da vida cotidiana. Precisa aprender a comer e o que comer, manter-se longe de drogas, deixar as (palavra odiosa) baladas para de vez em quando, fazer exercícios físicos com moderação, não pegar sol fora de hora, não usar roupas muito quentes, et cétera.

Uma vida de excessos vai cobrar seu preço, pagar para não tê-los é inútil, só vai adiar e acrescer juros á conta. Querem ter pele bonita? Qualquer website de dermatologia tem todas as dicas de que vocês precisam, de graça.

04/03/2013

Ecochatos e ecocegos

EV1 e Superbird; Sabendo usar, dá para se ter ambos no melhor de dois mundos.

Se me perguntarem qual dos dois é o pior, respondo que dou um pelo outro e não peço troco. Os dois são resultado directo da guerra suja de laudos científicos, que tomou conta de praticamente todas as áreas do conhecimento humano. Ambos são ameaças à perpetuação da espécie.

O ecochato ignora que o próprio ser humano é parte da natureza, e que é impossível haver qualquer actividade biológica sem geração de resíduos, por pouco que sejam. Os mais radicais pregam a extinção voluntária da humanidade, mas eles mesmos não nos fazem o favor de dar o exemplo.

O ecocego nega que a humanidade dependa da natureza para qualquer coisa, afirma até que queimar o Brasil inteiro não aferaria nem mesmo os países vizinhos, sem dizer qual foi o pseudocientista que afirmou isso. Seu sonho é devastar o planeta e vender tudo sem medir conseqüências, mas ele mesmo quer viver em uma alameda florida.

Tudo começou com a Eco 72, pouco antes da crise do petróleo deflagrada por Kadafi. Até então, era ponto pacífico que a poluição e o desmatamento desordenado estavam prejudicando a própria humanidade. Ninguém dizia para demolir todos os carrões com mais de um metro e  meio de comprimento, mas era consenso que o uso comedido por si só já reduziria drasticamente a poluição atmospherica, que chegava a níveis alarmantes em todas as metrópoles do mundo.

A partir de então, as pessoas passaram lentamente a se interessar por ecologia, mas ainda tinham alguns mitos na cachola. Por exemplo, a Amazônia não é o pulmão do mundo, este é o mar, a função da floresta é regular o clima, e faz isso com tamanha competência que ela produz seu próprio clima, permitindo uma diversidade e densidade ímpar de espécies. Muitas destas, aliás, estão fornecendo material científico e comercial precioso, ignorado há até dez anos.

No decorrer dos anos setenta, com a crise do petróleo, os extremos se exaltaram. Um lado berrando "Eu estava certo! Ahahahahahahah! O mundo está condenado e vocês são os únicos culpados!" enquanto o outro gritava "Esses comunistas safados querem roubar o seu emprego e destruir nosso modo de vida! Nenhum de vocês é bandido, nossas famílias não podem passar fome por causa de alguns passarinhos idiotas!".

Reagan, por meio do aumento do endividamento, e do aparelhamento da máquina de guerra, conseguiu controlar a crise financeira decorrente da crise petrolífera, inclusive fomentando a produção doméstica. O mundo ocidental ficou tão maravilhado, sem imaginar que a bomba estouraria neste início de século, que nem percebeu suas sabotagens ao desenvolvimento de energias limpas; tendo inclusive removido os painéis solares da Casa Branca.

Preciso dizer que o outro lado encrespou? Não, né! Ninguém se importava muito se em Cubatão, crianças nasciam anencéfalas por causa da extrema poluição, e do triste título de cidade mais poluída do mundo. Simplesmente olhava para o noticiário e esperava que Spectreman viesse limpar tudo com seus raios coloridos.

Ah, sim, tivemos o proálcool. O mundo inteiro nos invejou por uma década inteira. Mas a prioridade de nenhum governo brasileiro foi o Brasil, nenhum mesmo! O que deveria garantir nossa independência energética, virou mico.

Nesta esteira, vendo radicalmente o outro lado da moeda, os ecoxaropes começaram a gritar que a extinção dos motores seria a salvação da humanidade, da qual querem a pronta e voluntária extinção. Como fazer centros cirúrgicos funcionarem, como levar pacientes em tempo hábil aos hospitais, como transportar dezenas de toneladas de água e equipamentos até um incêndio a dezenas de quilômetros, como transportar família mais compras ou bagagem, como atravessar o oceano, enfim, como fazer um mundo integrado existir na base de pedais, é uma equação que eles não conseguem equilibrar; simplesmente porque não dá zero.

Cometendo o mesmo erro de um século atrás, demonstrando que parte significativa da população tem uma afeminação enrustida, soltaram boatos de que carro que não mata por câncer de pulmão e não ensurdece os outros não é carro de homem. E assim o consumidor idiota deixou que matassem o Chevrolet EV1. Só que as companhias conhecem a verdade, são elas que financiam e compram (ou compravam) os laudos pró-petróleo. Hoje temos mais de quatro e meio milhões de carros eléctricos pelo mundo, menos de vinte anos depois dos ecocegos terem matado o EV1. Para meus leitores habituais, eu não preciso desenhar.

D'outro lado, tão medonho quanto, estavam os radicais que pensavam que eram bichos-grilo. Mas só pensavam, porque a philosophia de paz e amor foi p'ras cucuias em três tempos. Eles não ficaram nem um pouco felizes com a redução acelerada dos níveis de emissões, queriam que as máquinas deixassem imediatamente de soltar carbono. Quando os eléctricos ressurgiram, em vez de aplaudirem, atacaram com veemência o potencial poluidor das baterias, sem dar pelotas à possibilidade de se dar pequenas cargas até pedalando, nem para o quanto é remota a possibilidade de o material reativo vazar. Não, eles querem que se instale um gerador em cada roda para alimentar o motor, e assim fazer o veículo funcionar por moto perpétuo... Não, não é piada. Já li e ouvi isso muitas vezes, na internet e ao vivo, de quem ignora as mais elementares leis da física.

Caríssimo leitori, vosso amigo de fé, irmão camarada vai lhes dizer o que a experiência me ensinou, e o que deu certo à margem da guerra de laudos corrompidos que os dois lados aloprados divulgam, ainda que matando a comunidade científica de vergonha.
  • Seus carros poluem. Triste isso, não? Mas dá para fazê-los poluir menos. Como quase sempre andam com pouca carga, vocês podem esquecer as marchas pares, na cidade. Arranquem com a primeira marcha, passem, para a terceira e, se for o caso, para a quinta. A aceleração fica mais lenta, mas o consumo cai bastante, na mesma proporção das emissões, e cidade não é lugar de apostar corrida;
  • Andar de bicicleta é muito bom, principalmente se lembrar que a calçada não é lugar para elas. Se puder adaptar um kit de bateria, controlador e motor de furadeira nela, ou mesmo pagar o preço abusivo cobrado por uma eléctrica no Brasil, teu transporte individual estará garantido para a maioria absoluta dos casos, desde que não chova, não precise levar carga nem enfrentar rampas íngremes. Use o bom senso;
  • Quantos Cadillac Big-Block 500" vocês costumam ver pelas ruas? Poucos, né? Nem todo dia se vê mais do que um. Embora seja individualmente um carro beberrão, a soma de seus exemplares é pequena, assim como as emissões totais da espécie. Um carro popular, no conjunto de seu modelo, pode facilmente poluir muito mais do que uma percentagem muito grande dos muscle-cars, que além de poucos, também são utilizados com parcimônia... Ou não haveria viatura no mundo que os pegasse;
  • Falando em carro popular, vamos a um mito muito arraigado. Pensa mesmo que trocar de carro a cada três anos, ou mesmo todos os anos, te garante uma postura ecológica? Tu precisas ficar com ele por cinco ou seis anos, para neutralizar o impacto ambiental de sua construção. Para reverter, no mínimo oito anos, tempo suficiente para ele sair de linha e valer uma ninharia, no mercado de usados;
  • Vamos ser sinceros, transporte público brasileiro é uma desgraça para a acepção da palavra. Mas só porque brasileiro acha que progredir é andar sozinho em um utilitário esportivo, dentro da cidade, usando só marchas baixas. É este povo, ou seja, nós, que deixa o governo entregar o transporte público nas mãos de gente indicada por pilantras dos bastidores da política. Não fosse assim, nenhuma cidade com mais de um milhão de habitantes estaria sem metrô, inclusive Goiânia;
  • Separe o lixo. Ponha material orgânico em um saco e resíduos humanos em outro, bem como papel, vidros, metais, plásticos, borrachas, trapos, material electrônico e madeira, tudo devidamente identificado. Cabe um adendo, as lâmpadas fluorecentes compactas devem ser descartadas inteiras, em caixas forradas e com seu conteúdo identificado. Simples? Nem tanto...
  • Tirem seus traseiros dos sofás, parem de ver bizarre-show que nada tem de realidade, e façam suas associações de bairro, de classe, do que seja, exigir a cabeça do secretário municipal, se ele não providenciar imediatamente um centro decente de triagem, separação e encaminhamento para reciclagem. Não, meus amigos, eles não entendem outra linguagem, tanto menos quanto mais comprometidos com as próximas eleições estiverem. É para colocar os safardanas contra a parede, deixando claro que suas carreiras políticas estão por um fio;
  • Seu pinto não vai cair, se não pegar uma doença grave o não o cortarem fora. Salvo estas duas situações, e nenhuma outra, NADA DO QUE FIZERES VAI AFETAR TUA MASCULINIDADE! Então, benzinho, não tenha medo de rodar numa daquelas motoquinhas movidas à pilha. E caso não saibas, é bastante simples envenenar uma, converse com um técnico competentes, o que poderás ver pelas instalações de sua oficina e as coisas que ele faz no tempo livre. Som? Dá para se colocar, sem grilo;
  • Podes comprar um super carrão eléctrico, mesmo sabendo que ele custa quase o dobro do similar de mesmo desempenho? Para quem é o carro, heim? Então, mané! Compra e não dê satisfações aos outros. Tens mesmo um Plymouth Superbird na garagem? Estás com medo de quê? Use a melhor gasolina, os melhores aditivos, o melhor lubrificante e desfrute de teu carro! Se tens bala para comprar este foguete de asfalto, é porque podes mantê-lo sempre na sua melhor forma, basta seguir o que eu disse sobre andar na cidade;
  • Tu não gastas mais por um chocolate fino? Por um destilado mais elaborado? Por uma roupa de marca? Então por que vais economizar sem necessidade em teu carro, na tua casa, na tua alimentação, no teu lazer, enfim, consigo mesmo? Artigos que geram menos impacto são mais caros até conseguirem escala de produção para baratear, isso só depende do consumidor, ou seja, de nós;
  • Não se mete na vida alheia. Desde que o outro não esteja burlando uma lei, ou prejudicando deliberadamente os outros, deixe-o seguir sua vida. Nada é mais capaz de transformar alguém em inimigo de um conceito de vida, do que ser maltratado por causa dele. Preciso desenhar? Não, né.

Todo o resto é especulação, campanha difamatória, ignorância ou mentira lascada mesmo. Lembrem-se de que vivemos uma época em que pesquisas bombásticas são desmentidas diariamente por novas pesquisas, que são desmentidas pelas consecutivas e por aí vai. Antes de darem crédito ou desacreditarem em alguém, vejam quem está por trás daquela informação, quem financia a pesquisa e a notícia, qual o histórico do pesquisador, mas sob hipótese alguma acredite só porque está escrito, ou porque vai de encontro com sua ideologia ou seja lá como chame suas idéias. Empresas fazem coisas boas e coisas ruins, são geridas por pessoas, não por anjos ou demônios, só por pessoas.

Exemplifico com as ditas terapias alternativas. Amaldiçoadas por céticos radicais, e tidas como salvação suprema pelos bichos-grilo radicais, elas foram combatidas à exaustão pelos laboratórios, porque reduzem a necessidade de medicação. Como sei? Dez anos trabalhando em vigilância sanitária, filhos. Eu vi tudo isso acontecer. Porém, como toda obra humana, essas terapias têm seus limites e contra-indicações, que qualquer terapeuta sério sabe levar ao paciente. A Avnisa liberou esses tratamentos, mesmo sem seus defensores terem bala para fazer lobby, porque apresentaram efeitos práticos mais do que suficientes para merecer o crédito. Isto é só um exemplo ilustrativo, porque gente completamente ignorante combate ou exalta sem ter conhecimento de causa, usando bordões, frases prontas, palavras de ordem  e gritos de guerra.

Guerra, aliás, se deixarmos, é no que os dois xaropes econeuróticos vão acabar mergulhando o mundo. Entre eles, a guerra já existe. E numa guerra, vocês sabem quem é a primeira vítima.