16/11/2015

Filho é atraso, né... Não é? Hein?

Tudo bem se vocês não querem isto, mas teu desafeto quer!
  Não, eu não estou insensível às tragédias dos últimos dias, todas elas anunciadas. Não entrarei em méritos específicos, nem direi que foi bem feito, não sou tão mau assim! O que quero tratar agora é do efeito causa e conseqüência.

  Há muito tempo as pessoas têm comentado, voltando do exterior, o quanto o índice de orientais tem crescido no ocidente. Ninguém se deu o trabalho de estudar as ramificações e o horizonte que esse fenômeno nos apresentava, mas ele estava ali, bem nas nossas frontes o tempo todo, dizendo e firmando fé de sua aproximação. O aumento de famílias de origem oriental estava acompanhado rente do encolhimento e envelhecimento da população nativa européia.

  Não quero condenar o desejo de jovens casais adiarem e reduzirem ao mínimo a cria, as últimas seis gerações foram educadas a pensar primeiro em si, nos seus sonhos e, como virou moda, nos seus direitos, para depois ver o que faz por outro que nem nasceu ainda, e talvez nem nasça. O problema, no caso, é que com isso a população demora mais a se renovar e se renova menos. A questão não é só demográfica, é também econômica.

  A maioria absoluta das pessoas, tão logo planeja a vida profissional, pensa em trabalhar até certo ponto e parar, viver da renda a que tem direito e ter vida mansa na velhice. Sabemos que isso quase nunca acontece, mas é a meta de quase todo mundo: Até aqui eu contribuo e ajudo a sustentar os aposentados, depois é a vez de eu ser sustentado. Até meados dos anos oitenta isso funcionava muito bem, o mundo nem se preocupava com o envelhecimento da população porque a previdência (social e  privada) estava recebendo mais do que pagava. Só que isso mudou.

  A partir dos anos noventa a balança seguiu uma senóide descendente, a massa de trabalhadores estava ficando muito, mas muito próxima à de aposentados. De então até o momento as previdências têm apresentado déficits praticamente no mundo inteiro, há lugares onde os aposentados já superaram o número de trabalhadores na activa. O que isso significa? Quem leu os editoriais de economia nos últimos vinte anos sabe muito bem, está cada vez mais difícil tapar o rombo, o dinheiro que entra nem sempre cobre o que sai.

  Os sindicatos encresparam todas as vezes que uma equipe econômica acena para a necessidade de se aumentar o tempo de serviço, para compensar em parte o envelhecimento e encolhimento da população. Bem, não vou dizer o que penso desses sindicatos, só digo que a ação deles teve uma conseqüência, o encolhimento da base de pagadores das previdências. Certo, foi a escolha deles, essa escolha moveu uma máquina que só agora está mostrando para que lado anda.

  Existe uma verdade que é muito mal interpretada e, muitas vezes, deliberadamente distorcida para interesses de grupos, que agora e a mim não interessa especular da nobreza ou não de suas intenções. O mundo tem cerca de sete e meio bilhões de habitantes, a maioria deles vive no vasto oriente, do próximo ao extremo. Criou-se a histeria de que haveria muito mais gente no mundo do que seríamos capazes de alimentar e medicar, qualquer multidão localizada é utilizada para validar o mito. Na verdade toda a população mundial viveria bem no sudeste brasileiro, ninguém precisaria dormir em pé e a simples existência de mercado tão concentrado facilitaria muito a logística, facilitando assim, também, a geração de empregos para todo mundo.

  Não vou falar das mazelas políticas, ideológicas, econômicas, dogmáticas et cétera. Não viveria tempo suficiente para discorrer sobre todas as ramificações do caso, então me aterei ao que o título sugere.

  Bem, a natureza odeia o vazio. O espaço cedido por um corpo é rapidamente tomado por outro. Não há bondade e tampouco maldade nisso, é simplesmente uma das leis mais elementais do universo. A população só está crescendo muito no oriente, que é tradicionalmente tido como mais conservador. No ocidente, são justamente os que se assumem conservadores que têm mais filhos, os que se dizem progressistas não raro detestam crianças, as consideram incômodos e entraves no gozo da vida plena de uma pessoa. Não é implicância, pode perguntar a quem trata de saúde mental e verá o que digo.

  No Japão já estão chamando descendentes de emigrantes, antes desprezados, para repovoar o país, oferecendo vantagens que os nativos não têm. A população, ciente da gravidade presente, não reclama muito. Não faz muito tempo alguns países europeus começaram a conceder cidadania a descendentes de nativos, para também tentar reverter a situação. O temor deles, especialmente dos mais chegados ao nacionalismo, é que os imigrantes da África e Ásia vão pagar suas aposentadorias. Chineses, muçulmanos de várias origens e etnias, pessoas que são normalmente mais conservadoras com relação às ditas conquistas modernas.

  Bem, se para você um filho antes dos trinta anos é um estorvo, acredite, para uma argelina típica é uma bênção. Ao contrário do ocidente, que tenta poupar as crianças de tudo e trancá-las em uma redoma de cristal, os orientais não vêem problemas em seus rebentos ajudarem nas tarefas de casa, lavarem o banheiro da escola onde estudam, levarem reprimendas severas em público... Tudo o que a sociedade do "viver por prazer" tolhe de seus descendentes.

  São sociedades repressoras, que geram traumas e tolhem a individualidade? Sim, até certo ponto sim. Nossa sociedade é demasiadamente permissiva e frouxa na formação moral do cidadão? Sim, até certo ponto sim. O problema é que esses pontos se cruzam e dão espaço suficiente para que um lado ocupe os espaços deixados pelo outro. Não é porque uma atitude ou palavra saiu de seus desafetos, que tu deves desconsiderá-la, os inimigos que elegeste também podem estar certos e o que eles dizem também pode ser benéfico para ti e tua sociedade.

  Enquanto o estereótipo da mulher ocidental vê um filho como incômodo e, isso já acontece, pode até abortar até o limite da lei só para ter um filho mais próximo do que deseja ter, uma africana ou asiática em seu estereótipo releva facilmente o sofrimento do parto e aceita o que vier. Vejam bem, eu disse que são estereótipos, mas assim como os mitos, os estereótipos têm raízes fortes nas sociedades que os criaram. Uma mulher religiosa e conservadora não vê problemas em ter seis filhos, ainda mais se puderem planejar bem. Será uma mulher infeliz, hipócrita que viverá uma alegria falsa para dar satisfações à sociedade e à família? Errado! Muitas mulheres que não são tidas como conservadoras, lamentam não poderem ter tido vários filhos. O facto de alguém não sair todas as noites, não transar sem compromissos, não ser adepto de entretenimentos radicais, não ser simpático ao modismo de viver de photossintese para não magoar as plantas, não significa que seja conservador. Hitler era vegetariano.

  Perceberam como mesmo aqueles que se dizem ativistas que lutam contra os preconceitos, podem ser os maiores propagadores de um ou mais, só mudando o rótulo?

  Pois bem, enquanto o mundo ocidental se digladiava nessa ladainha estéril, os pragmáticos orientais simplesmente chegaram e tomaram os espaços ociosos, o que inclui empregos, escolas, casas, bairros inteiros, enfim. Eles estão por toda parte, tomaram conta de uma fatia considerável da sociedade ocidental, sem precisar protestar contra tudo isso que aí está, sem depredar, sem pichar fachadas, apenas se aproveitaram de uma sociedade que se julga moderna, se julga tolerante, se julga avançada, se julga poderosa e perdeu décadas debatendo bobagens, não raro coisas que deveriam ficar entre o psiquiatra e seu paciente, a ponto de cogitar que o Estado faça leis para absolutamente todas os aspectos da vida humana, para evitar que alguém espirre em um ângulo inadequado e ofenda os valores e as conquistas de outro cidadão.

  Nota: Vocês estão fazendo o que todos os ditadores da história tentaram. meus parabéns, imbecís.

  Certo, ninguém é obrigado a ter três filhos, a se casar, a dedicar vinte ou trinta anos da vida que poderia ser preenchida só com prazeres, para colocar um pedaço petulante de gente no caminho do crescimento. Mas os orientais e os ocidentais conservadores não vêem nenhum problema nisso, pelo contrário. O mito da matriarca italiana poderosa e dominadora, que bate no rosto e corrige o filho mesmo que ele já tenha netos, não é mito. Ela existe e é mais numerosa do que vocês imaginam. Só não mora mais em uma casa de pedras nos rincões da Itália, não a maioria delas, é claro, mas é facilmente reconhecida por quem se dispuser a vê-la.

  Se vocês acham que um filho é um obstáculo, não tenham filhos, mas saibam que para muita gente, e quase sempre gente que não gosta do tipo de vida que vocês levam, ter vários filhos é um sonho, não necessariamente uma imposição. Esses numerosos filhos vão ocupar o espaço dos que vocês não quiseram ter, e sendo numerosos, terão mais peso político. eles vão pagar suas aposentadorias, sim, mas só até quando quiserem. Afinal, se eles acharem que seu estilo de vida contribuiu para a decadência do mundo, podem forçar leis para que vocês, mesmo velhos e quase sem forças, sejam obrigados a procurar novamente trabalho ou, Deus os livre, pedir esmolas.

  A escolha é de vocês, é seu livre arbítrio, mas as conseqüências também são.

09/11/2015

A segunda-feira mais sexta-feira de todos os tempos!


  Cheguei ao trabalho como todos os dias, ou como deveria ser em todos os dias, se a porcaria do transporte público de Goiânia não tivesse decaído de "exemplo" para "lição amarga". De madrugada, neste famigerado horário de verão, que por si já atrapalha bastante. Estou acostumado a me levantar às 04h45 ou antes, às vezes antes mesmo de o despertador tocar, depende do meu nível de esgotamento; e hoje estava esgotado como se tivesse trabalhado sete dias seguidos.

  Tão logo terminei os preparativos, me deparei com a típica cena de sexta-feira, as peças fiscais que normalmente só aparecem no fim de semana estavam lá, com a prolixia, a retótica, o abiso de vícios de linguagem e os garranchos hieroglíficos típicos de sexta-feira. O clima estava formado. eu via "09 de Novembro" no calendário que eu pendurei na sala, no começo do ano, mas tudo tinha cara de dia 12!

  Os olhos já cansados, estavam com a fadiga típica de fim de semana, como se tivessem sido forçados por uma semana inteira seguida, para descobrir que raios queriam dizer aqueles três rabiscos completamente diferentes entre si, para depois eu descobrir que era "555"... Depois de muita investigação, com o sistema TODO EM DOS travando o tempo todo.

  Cometi os erros típicos de uma dura e pesada sexta-feira, como confundir as duas Lucienes e perguntar a uma pelos erros da outra. Claro que ela curtiu com a minha cara, com a elegância característica, é claro, mas também com todo o direito que tinha... E com testemunha.

  Hora mais tarde, minha, hoje única colega de recepção chegou com os queixumes de sempre, que não seriam novidade se já fosse sexta-feira. Mas o calendário não me deixava enganar, ainda era e é segunda-feira. Até os malas, os casos difíceis, os tropeços e os capilés que costumam aparecer na sexta, apareceram hoje! Eu tinha a falsa sensação de que voltaria pra casa, desarmaria tudo e no dia seguinte dormiria até tarde, por volta das 08h; mas é claro que eu não vou dormir até tarde, amanhã é terça-feira!

  As faxineiras terceirizadas atrapalharam o atendimento como se fosse sexta-feira, como se a sala tivesse acumulado quatro longos dias de sujeira e suor. Fui contrariado para fora, como se fosse sexta-feira, porque a qualquer momento poderia aparecer um documento pra encaminhar e, dependendo do nível de complexidade e garrancho, seria de meia a uma hora só nele!

  Ah, sim, o chá também acabou mais cedo, como se fosse sexta-feira...

  Na saída, apesar de tudo, fui para o ponto de ônibus a pouco mais de um quilômetro dali com o falso alívio de que descansaria no dia seguinte. Até peguei um caminho ligeiramente diferente, como se fosse sexta-feira! O palco da ilusão estava formado! Eu sabia que ainda era começo, mas tudo tinha cara de fim de semana, até a bateria da câmera, com apenas um pique, rendeu dezenas de photographias!

  Em casa almocei com gosto de sexta-feira. Não, não é um sabor agradável como pode parecer, até a língua fica cansada demais para registrar todas as nuances do sabor, o frango acabou com gosto de chuchu assado levemente flavorizado. A sesta que tiro de vez em quando, apesar do calor, acentuou o clima de sexta-feira. Acreditem, eu realmente preciso desse intervalo, ou surto!

  Comer um donut assado, sem aquele peso de óleo e aquela lambreca de açúcar, que comprei de uma menina com sotaque portenho, deu pane de vez em meus sentidos. Conscientemente eu sei que é segunda-feira, mas o corpo está no clima de sexta-feira, nem quero sofrer por antecipação em imaginar a reação dele em se recusar a sair da cama, quando o despertador tocar!

  Completando a confusão, hoje, no fim da tarde do horário real, uma intensa luz amarelo intenso entrou pela porta da copa, dando aquela sensação de alívio que só uma verdadeira sexta-feira dá, com a perspectiva de não enfrentar o ônibus no dia seguinte. Nada mais falso! Nada mais cruelmente falso! Eu, que normalmente gosto da segunda-feira, por este caráter enganador, estou detestando esta!

  Pérfida!

04/11/2015

Talvez o burro seja eu!

  Estou mantendo distância de velhos amigos, com quem já confabulei e dividi momentos dos mais diversos, in loco ou via internet. Mantenho justo para não macular a amizade, para não ter que escolher entre ser um burro ou um canalha.

  Sim, cari leitori, chegamos ao ponto em que a dissolução desnecessária de um laço só pode ser evitada com a esporadicidade de contactos. Não só isso, mas também a escolha meticulosa das circunstâncias e dos tópicos a serem tratados, visto que qualquer vírgula mais para um lado do que para o outro pode redundar em uma discussão ideológica tão fútil quanto abrasiva.

  O motivo é o velho discurso de superioridade acadêmica e ideológica, que finge parafraseados de piedade em dados momentos, para passar mel no que foi dito e tentar se resguardar dos frutos amargos do que se dirá em seguida. Quem não compartilha desse ponto extremamente polarizado de vista seria burro ou canalha; a burrice poderia ser revertida com estudos, segundo os MUITOS adeptos desses discursos, quase sempre populistas de direita E de esquerda.

  Francamente, estou me lixando para os conceitos e rótulos que cada um se atribui. Mando os mais exaltados fazerem exame de fezes e degustarem o resultado. Eu já evito ler mais do que o enunciado, pois sem ele infelizmente não há como saber do conteúdo, quando o assunto são as paixões ufanistas dos ideólogos, principalmente os que se declaram intelectuais. E não precisa se dizer intelectual, a arrogância e o modo como se pronuncia, tanto pior quanto mais prolixia e retórica, são quase como cartaz e cola a exibir em letras berrantes "EU SOU INTELECTUAL, NÃO SE ATREVA A CONTRARIAR O QUE EU DELIBERAR, ENQUANTO PENSADOR, QUE É O CERTO, SEU IGNORANTE OU MAU CARÁTER".

  Feito que meu perfil está muito longe de ser o de um canalha, e essas pessoas confiam cegamente em seus julgamentos, todas elas, incluindo amigos, devem me considerar um completo ignorante. Eu falo mal do governo, não só os pontos discursivos ideologizados em que muitos exprimem o desejo de radicalização, mas os rompantes de autoritarismo e corrupção que muitos negam que existam. Eu uso um peso e uma medida para tudo, se o que os anteriores fizeram era condenável, o mesmo feito pelo actual também é.

  Não, a Dilma não inventou a corrupção, o Lula não inventou a corrupção, o FHC não inventou a corrupção, o Collor não inventou a corrupção, o Geisel não inventou a corrupção, o Vargas não inventou a corrupção, Deodoro da Fonseca não inventou a corrupção, Dom João VI não inventou a corrupção, ninguém inventou a corrupção! Se isso fosse motivo para me calar e me posicionar pró alguém, o faria por todos eles. Não lamento dizer que não é. Muito do que a imprensa diz contra o governo, eu vejo acontecer do meu posto de trabalho, inclusive as últimas que o ministério da saúde tenta desmentir,

  Já disse aqui que ideologia e todas as "boas intenções" correlatas tornaram-se dogmas, à imagem dos dogmas religiosos mais fundamentalistas. Quem se apega a um dogma acredita ter a verdade em suas mãos. Alguns dizem ser apenas a "sua verdade", mas ela é tão glorificada que para o infectado torna-se A VERDADE. Bem, carissimi, quem tem A VERDADE tem medo da verdade. Mas o que é a verdade? Dê um tiro de fuzil na própria cabeça e descubra. Tente achar que nada de relevante aconteceu e saberá do que estou falando. Radical? Não, isso é apenas para mostrar de modo inequívoco que "a verdade pessoal" de cada um não significa absolutamente nada para mim, inclusive a minha, que nunca promovi a mais além da patente de opinião predominante.

  Já me senti burro muitas, mas muitas vezes, inclusive depois de velho. Mas não tenho medo da verdade, ainda que ela me obrigue a mudar completamente os rumos de minhas conclusões. Foi assim que virei ateu, foi assim que deixei de ser ateu, et cetera. O que eu defendo, e isso é cada vez menos público, é o que eu vi funcionando de forma autônoma, estável e perene NA PRÁTICA. Na teoria um Fusca precisaria de 85CV para manter 140km/h, na prática ele consegue um pouco mais do que isso com 59CV. Foi a engenharia que precisou desenvolver outro padrão de cálculo para explicar isso. Na prática.

  O problema dessas pessoas é que suas "verdades" têm rostos, nomes, histórias e muita, mas muita "estória". São vistas como grandes heróis intelectuais paradigmas infalíveis suprarracionais da humanidade. Se são atacados, é porque têm razão, certo? Errado. Se eu estiver comendo e alguém puser a mão no meu prato sem minha permissão, a coisa vai ficar feia para o lado do invasor. Ele estará cem por cento errado da silva sauro em pegar sem pedir e será atacado. Às vezes as pessoas são atacadas não por serem portadoras da voz de grupos bla-bla-bla, muitas vezes é porque fizeram maldade e não a repararam. Muitas vezes essa maldade é feita com justificativas que fazem o revide parecer perseguição. De todos os lados, não há só dois.

  Eu tenho um componente que agrava muito tudo isso, eu descobri que aparento acreditar sacramente em tudo o que digo. Mais, eu aparento querer converter todo mundo ao meu "ponto de vista", entre aspas mesmo, para enfatizar a falta de valor dessas paixões acadêmicas. E é tudo tão intenso, as pessoas recebem isso com tamanho impacto, que aparentemente me vêem como um alto sacerdote a condená-las por seguirem suas próprias linhas de pensamento. Ok, eu até acredito no que digo, ou não diria, mas eu simplesmente não me levo a sério! Eu me acho um porre, entendem?

  Infelizmente as pessoas me levam muito, mas muito a sério. Mais a sério do que seria higio. Felizmente eu tendo a levar esses ataques quase tão a sério quanto a mim mesmo. Eu sei que não são dirigidos a mim, me atingem, mas são metralhadoras giratórias, é como se fossem pombos que cheiraram creolina, eles voam sem saber para onde e acabam atingindo os outros pombos ao redor. como sei? É uma historinha que um dia conto a vocês, posso adiantar que vi a cena acontecer bem na minha frente.

  Por essas e outras que recebo também o rótulo de alienado. Rótulo que não gruda na minha testa oleosa. Isso porque parei de publicar postagens politizadas, antenadas, engajadas, activisdas, assadas, grelhadas caramelizadas e cobertas com o delicioso chocolate nestllé. Meu perfil no facebook tem hoje quase nada que possa ser vinculado ao que intelectuais gostam de ver e ouvir, esses mesmos que desdém Adele, por ela não ser um estereótipo da intelectualidade.

  Crianças, o meu trabalho e a minha vida já são muito estressantes por suas próprias naturezas. Eu não vou me desgastar pelo que não vale à pena. E dane-se quem me achar alienado, política NÃO VALE À PENA. Até porque no Brasil não se faz política, é um jogo dos tronos em que patetas seguem seus reis para a morte certa. Eu não tenho heróis, eu não tenho paradigmas, eu não tenho casa própria! Não me levem a mal, e mesmo que levem, dane-se, eu não vou gastar recursos com o que faz muito barulho e dá zero resultado confiável.

  Talvez eu seja um burro, ausente do orbe em uma vida etérea sem ancoragem no mundo palpável. Talvez eu seja um canalha que se finge de burro para distrair suas atenções, afim de fazer tudo por debaixo do pano e derrubar seus heróis ideológicos, religiosos, artísticos, celebráticos, históricos, histéricos e donos da verdade única e absoluta. Talvez esses heróis sejam os canalhas da história, então os burros seriam vocês. Já pensaram nisso?

  Prestem atenção na imagem de texto que utilizei. Vejam, visualizem, mentalizem e meditem. Não é difícil compreender que eu quero e necessito de um mínimo de sossego na vida social, é? Eu não gosto realmente de uma vida social, nos parâmetros usuais, mas tenho que me conformar com esta. Então, se querem continuar a me ver, me ler e me compreender de facto, peço um pouco de respeito, pois se ele falta, tudo mais falta.