Tudo bem se vocês não querem isto, mas teu desafeto quer! |
Há muito tempo as pessoas têm comentado, voltando do exterior, o quanto o índice de orientais tem crescido no ocidente. Ninguém se deu o trabalho de estudar as ramificações e o horizonte que esse fenômeno nos apresentava, mas ele estava ali, bem nas nossas frontes o tempo todo, dizendo e firmando fé de sua aproximação. O aumento de famílias de origem oriental estava acompanhado rente do encolhimento e envelhecimento da população nativa européia.
Não quero condenar o desejo de jovens casais adiarem e reduzirem ao mínimo a cria, as últimas seis gerações foram educadas a pensar primeiro em si, nos seus sonhos e, como virou moda, nos seus direitos, para depois ver o que faz por outro que nem nasceu ainda, e talvez nem nasça. O problema, no caso, é que com isso a população demora mais a se renovar e se renova menos. A questão não é só demográfica, é também econômica.
A maioria absoluta das pessoas, tão logo planeja a vida profissional, pensa em trabalhar até certo ponto e parar, viver da renda a que tem direito e ter vida mansa na velhice. Sabemos que isso quase nunca acontece, mas é a meta de quase todo mundo: Até aqui eu contribuo e ajudo a sustentar os aposentados, depois é a vez de eu ser sustentado. Até meados dos anos oitenta isso funcionava muito bem, o mundo nem se preocupava com o envelhecimento da população porque a previdência (social e privada) estava recebendo mais do que pagava. Só que isso mudou.
A partir dos anos noventa a balança seguiu uma senóide descendente, a massa de trabalhadores estava ficando muito, mas muito próxima à de aposentados. De então até o momento as previdências têm apresentado déficits praticamente no mundo inteiro, há lugares onde os aposentados já superaram o número de trabalhadores na activa. O que isso significa? Quem leu os editoriais de economia nos últimos vinte anos sabe muito bem, está cada vez mais difícil tapar o rombo, o dinheiro que entra nem sempre cobre o que sai.
Os sindicatos encresparam todas as vezes que uma equipe econômica acena para a necessidade de se aumentar o tempo de serviço, para compensar em parte o envelhecimento e encolhimento da população. Bem, não vou dizer o que penso desses sindicatos, só digo que a ação deles teve uma conseqüência, o encolhimento da base de pagadores das previdências. Certo, foi a escolha deles, essa escolha moveu uma máquina que só agora está mostrando para que lado anda.
Existe uma verdade que é muito mal interpretada e, muitas vezes, deliberadamente distorcida para interesses de grupos, que agora e a mim não interessa especular da nobreza ou não de suas intenções. O mundo tem cerca de sete e meio bilhões de habitantes, a maioria deles vive no vasto oriente, do próximo ao extremo. Criou-se a histeria de que haveria muito mais gente no mundo do que seríamos capazes de alimentar e medicar, qualquer multidão localizada é utilizada para validar o mito. Na verdade toda a população mundial viveria bem no sudeste brasileiro, ninguém precisaria dormir em pé e a simples existência de mercado tão concentrado facilitaria muito a logística, facilitando assim, também, a geração de empregos para todo mundo.
Não vou falar das mazelas políticas, ideológicas, econômicas, dogmáticas et cétera. Não viveria tempo suficiente para discorrer sobre todas as ramificações do caso, então me aterei ao que o título sugere.
Bem, a natureza odeia o vazio. O espaço cedido por um corpo é rapidamente tomado por outro. Não há bondade e tampouco maldade nisso, é simplesmente uma das leis mais elementais do universo. A população só está crescendo muito no oriente, que é tradicionalmente tido como mais conservador. No ocidente, são justamente os que se assumem conservadores que têm mais filhos, os que se dizem progressistas não raro detestam crianças, as consideram incômodos e entraves no gozo da vida plena de uma pessoa. Não é implicância, pode perguntar a quem trata de saúde mental e verá o que digo.
No Japão já estão chamando descendentes de emigrantes, antes desprezados, para repovoar o país, oferecendo vantagens que os nativos não têm. A população, ciente da gravidade presente, não reclama muito. Não faz muito tempo alguns países europeus começaram a conceder cidadania a descendentes de nativos, para também tentar reverter a situação. O temor deles, especialmente dos mais chegados ao nacionalismo, é que os imigrantes da África e Ásia vão pagar suas aposentadorias. Chineses, muçulmanos de várias origens e etnias, pessoas que são normalmente mais conservadoras com relação às ditas conquistas modernas.
Bem, se para você um filho antes dos trinta anos é um estorvo, acredite, para uma argelina típica é uma bênção. Ao contrário do ocidente, que tenta poupar as crianças de tudo e trancá-las em uma redoma de cristal, os orientais não vêem problemas em seus rebentos ajudarem nas tarefas de casa, lavarem o banheiro da escola onde estudam, levarem reprimendas severas em público... Tudo o que a sociedade do "viver por prazer" tolhe de seus descendentes.
São sociedades repressoras, que geram traumas e tolhem a individualidade? Sim, até certo ponto sim. Nossa sociedade é demasiadamente permissiva e frouxa na formação moral do cidadão? Sim, até certo ponto sim. O problema é que esses pontos se cruzam e dão espaço suficiente para que um lado ocupe os espaços deixados pelo outro. Não é porque uma atitude ou palavra saiu de seus desafetos, que tu deves desconsiderá-la, os inimigos que elegeste também podem estar certos e o que eles dizem também pode ser benéfico para ti e tua sociedade.
Enquanto o estereótipo da mulher ocidental vê um filho como incômodo e, isso já acontece, pode até abortar até o limite da lei só para ter um filho mais próximo do que deseja ter, uma africana ou asiática em seu estereótipo releva facilmente o sofrimento do parto e aceita o que vier. Vejam bem, eu disse que são estereótipos, mas assim como os mitos, os estereótipos têm raízes fortes nas sociedades que os criaram. Uma mulher religiosa e conservadora não vê problemas em ter seis filhos, ainda mais se puderem planejar bem. Será uma mulher infeliz, hipócrita que viverá uma alegria falsa para dar satisfações à sociedade e à família? Errado! Muitas mulheres que não são tidas como conservadoras, lamentam não poderem ter tido vários filhos. O facto de alguém não sair todas as noites, não transar sem compromissos, não ser adepto de entretenimentos radicais, não ser simpático ao modismo de viver de photossintese para não magoar as plantas, não significa que seja conservador. Hitler era vegetariano.
Perceberam como mesmo aqueles que se dizem ativistas que lutam contra os preconceitos, podem ser os maiores propagadores de um ou mais, só mudando o rótulo?
Pois bem, enquanto o mundo ocidental se digladiava nessa ladainha estéril, os pragmáticos orientais simplesmente chegaram e tomaram os espaços ociosos, o que inclui empregos, escolas, casas, bairros inteiros, enfim. Eles estão por toda parte, tomaram conta de uma fatia considerável da sociedade ocidental, sem precisar protestar contra tudo isso que aí está, sem depredar, sem pichar fachadas, apenas se aproveitaram de uma sociedade que se julga moderna, se julga tolerante, se julga avançada, se julga poderosa e perdeu décadas debatendo bobagens, não raro coisas que deveriam ficar entre o psiquiatra e seu paciente, a ponto de cogitar que o Estado faça leis para absolutamente todas os aspectos da vida humana, para evitar que alguém espirre em um ângulo inadequado e ofenda os valores e as conquistas de outro cidadão.
Nota: Vocês estão fazendo o que todos os ditadores da história tentaram. meus parabéns, imbecís.
Certo, ninguém é obrigado a ter três filhos, a se casar, a dedicar vinte ou trinta anos da vida que poderia ser preenchida só com prazeres, para colocar um pedaço petulante de gente no caminho do crescimento. Mas os orientais e os ocidentais conservadores não vêem nenhum problema nisso, pelo contrário. O mito da matriarca italiana poderosa e dominadora, que bate no rosto e corrige o filho mesmo que ele já tenha netos, não é mito. Ela existe e é mais numerosa do que vocês imaginam. Só não mora mais em uma casa de pedras nos rincões da Itália, não a maioria delas, é claro, mas é facilmente reconhecida por quem se dispuser a vê-la.
Se vocês acham que um filho é um obstáculo, não tenham filhos, mas saibam que para muita gente, e quase sempre gente que não gosta do tipo de vida que vocês levam, ter vários filhos é um sonho, não necessariamente uma imposição. Esses numerosos filhos vão ocupar o espaço dos que vocês não quiseram ter, e sendo numerosos, terão mais peso político. eles vão pagar suas aposentadorias, sim, mas só até quando quiserem. Afinal, se eles acharem que seu estilo de vida contribuiu para a decadência do mundo, podem forçar leis para que vocês, mesmo velhos e quase sem forças, sejam obrigados a procurar novamente trabalho ou, Deus os livre, pedir esmolas.
A escolha é de vocês, é seu livre arbítrio, mas as conseqüências também são.
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