1937-40 Provincetown, Massachusetts - via Mashable |
A velha frase
“separar os homens dos meninos” é o norte deste texto, não há a menor intenção
de ofender, mas se isso acontecer eu lamento, vá procurar seus direitos: uma
fralda limpa e uma mamadeira morna. Para começar um homem é um adulto o mais
pleno possível, já que a plenitude absoluta é uma panaceia mitológica. Isso
significa no nível mais baixo e básico, assumir suas responsabilidades sem
hesitação, por mais que isso doe e desagrade. Parece simples? A atitude em si
é, mas há uma multidisciplinaridade holística aqui que complica tudo, e isso
inclui com agravante a lida com seres humanos, que é de longe a parte mais
dolorosa desse corredor polonês que é a maioridade. Gostamos de pensar que
somos muito racionais e objectivos, mas na maioria das vezes nem relativos
conseguimos ser, a subjectividade ornamentada orienta a maioria das conclusões
e reações de quem tem maioridade legal.
Assumir suas
responsabilidades não se resume a pedir desculpas e prometer arcar com
eventuais perdas, especialmente se o evento poderia ter sido prevenido, isso
são apenas palavras e palavras aceitam qualquer coisa, inclusive as do papel. É
preciso saber que um homem está apto a arcar com suas atribuições e aceitar que
nem todas são de sua escolha, terá que lidar com elas até para conseguir
conviver em sociedade. Dentre as que lhe serão cobradas, concorde com elas ou
não, estão a civilidade, o respeito para com o próximo e sua propriedade, os
deveres cívicos e estar preparado para ajudar quem estiver em dificuldades;
estes dois últimos são um tanto polêmicos nos dias correntes, mas mostrarei que
não são um bicho de sete cabeças.
Ser civilizado
não implica em abrir um sorriso de plástico para espalhar alegria artificial
pelas ruas, ninguém deveria ser obrigado a sorrir o tempo todo e em qualquer
situação. O comportamento civilizado implica em ser o menos desagradável
possível à civilização, no caso a sociedade em que estiver inserido, dando às
pessoas sinais de que não será desnecessariamente agressivo, danoso ou
inconveniente. Não importam seus andrajos ou seu estilo, pode ser um terno
clássico com chapéu ou um uniforme de motoqueiro selvagem, é o seu
comportamento que dará o recado. Evite mostrar aos outros o que está
mastigando, isso pode ser divertido às vezes em seu grupo mais íntimo, mas
mesmo junto a outros grupos com costumes semelhantes isso vai te fazer perder
crédito. Não se comporte em ambiente alheio ou público como se estivesse em sua
casa. Claro que não dá para ser perfeito, mas cultivar o hábito de evitar ser
mais desagradável do que o necessário faz parte de ser homem, assim como não
usar mais força do que a necessária, quando for inevitável. É uma disciplina
que só a prática pode oferecer, então não adianta ler compêndios inteiros,
postar em redes sociais e ficar nisso, é preciso tornar essa disciplina parte
de sua vida até agir assim naturalmente. Da mesma sorte sinta-se no direito de
retirar-se em definitivo de qualquer ambiente e companhia que não te aceitar
por causa do seu jeito de ser, sem culpa.
Manter íntegro o
ambiente em que precisar entrar pode parecer óbvio, mas muita gente não vê
problemas em causar danos a quem e a que lhe for conveniente. Um homem de
verdade sabe separar o pessoal do profissional e do social, isso se aprende ao
longo da maturação, então não deixa um sanitário sujo porque o funcionário do
local foi rude, ele faz questão de se manter acima daqueles que o ofenderam e
por isso às vezes é visto como arrogante; vocês não podem controlar o que os
outros vão pensar, quem quer pensar e falar mal de alguém o fará sob qualquer
pretexto. Apenas peguem suas coisas, deixem aos outros usuários do local a
impressão de que vocês não merecem aquele tratamento e vão se queixar a quem
pode resolver o assunto, bater boca com balconista só vai consumir seu tempo,
sua paciência, sua saúde e a tolerância da sociedade à sua presença. Neste
caso, aceite parecer arrogante, levante o queixo, fite muito brevemente o
desaforado e saia bruscamente deixando-o esbravejar sozinho. No final das contas,
quem for suficientemente adulto e civilizado vai compreender seu comportamento
e dar o devido apoio se for necessário ir aos tribunais, os outros nem
desenhando vão fazer a mais remota idéia de suas motivações.
Ser cavalheiro
faz parte da civilidade masculina. Não confundir cavalheirismo com romancismo
idealizador, a diferença é a mesma que há entre um homem pacífico e um
pacifista bobo sem noção de realidade. Seja pacífico, nunca passivo; da mesma
forma seja romântico, mas jamais se permita ser um sujeito meloso e grudento,
cego pela idealização do outro. Um homem que se preze é cavalheiro por si mesmo
e apesar dos que o cercam, não por causa do julgamento alheio. Coisas simples
como ajudar alguém mais fraco a carregar sacolas pesadas até onde for possível,
dentro de sua disponibilidade de tempo e recursos, é o mais básico acto de
cavalheirismo e a mais básica demonstração de ser homem. Claro que essa
demonstração deve ser como a caridade deve ser praticada, de forma espontânea e
sem a necessidade de divulgação, no cotidiano como se fosse algo que qualquer
um faria no seu lugar. Se acha isso muito pesado e não está disposto a carregar
essa cruz, ainda é tempo de pedir revogação de sua maioridade, com todas as
limitações legais inerentes… porque só estou começando. A vida de homem não é
para meninos, aqui nós contamos só conosco mesmo e estamos na vantagem se
recebermos um tapinha nas costas, mais do que isso é pedir muito.
Ainda faz parte
da civilidade e do cavalheirismo ceder sua vez na fila, se não houver um motivo
realmente impeditivo à gentileza, mas lembre-se de que ceder seu lugar não é
simplesmente passar a outra pessoa na sua frente. Lembre-se: cedeu, perdeu. Dê
seu lugar e vá para o final da fila, vocês só podem ceder o seu lugar, não os
de todos os outros que estiverem atrás, porque não… são… seus. Entendeu? Isso é
parte, só parte de assumir as responsabilidades e conseqüências pelos seus
actos. E por fila entenda-se não apenas um grupo de pessoas mais ou menos
alinhadas em uma sucessão regular e ordenada, mas também ceder sua vez de pegar
o táxi ou ser o último a entrar no ônibus, se houver damas pleiteando o
embarque, especialmente no caso de haver elementos não confiáveis no ponto.
Compreenderam que assumir riscos à sua integridade e aos seus bens faz parte de
ser homem? Não é porque fez alguma coisa boa que ficará isento de implicações
negativas, estejam sempre cientes e prontos para isso.
Ao volante ou
guidão de um veículo não é diferente. Cabe à parte mais forte, proteger os
outros e isso inclui ser tão prudente e prevenido quanto possível. É preferível
perder tinta a perder sangue, então um automóvel deve proteger um pedestre,
mesmo que se colocando deliberadamente na rota de atropelamento para ao menos
atenuar o impacto, especialmente se a potencial vítima for um idoso, uma
gestante ou uma criança. Novamente a regra de não fugir às suas
responsabilidades vem à tona, vocês terão feito algo bom que pode ter
conseqüências ruins por um bom tempo porque, bem, não preciso ensinar a ninguém
sobre a selvageria e desdém para com a vida que é o típico comportamento ao
trânsito no Brasil, o causador da colisão pode se sentir ofendido por ter sido
detido e isso vai roubar uns bons anos de sossego em disputas judiciais. Este
parágrafo é um gradiente para o próximo ítem, o respeito para com o próximo.
Da mesma forma
como um homem de verdade faz algo em sua rotina sem pretender ofender, também
deve ter por pressuposto que a atitude ou reação do outro não terá sido
intencionalmente ofensiva, isso não só evita contendas desnecessárias como
também julgamentos precipitados de juízo, o que em si é uma grande demonstração
de respeito para com o outro. Um rompante de indignação que culminar em um
impropério cabeludo, pode ser apenas um desabafo que deverá ser abordado em
momento oportuno, nunca na ocasião e no estado de espírito que o originou, isso
também é uma demonstração de respeito porque preserva uma provável dor que o
outro talvez não possa expor em público, e o público de cenas absolutamente
desnecessárias. Pareça frio e arrogante no primeiro momento, se for necessário,
isso inclusive ajudará a separar uma pessoa injuriada que soltou um desabafo
que não cabia mais no peito de um real ofensor, este vai insistir e
deliberadamente tentar causar problemas então a sua reação deve ser, para o
horror de alguns que porventura estiverem lendo este texto, a mais masculina
possível: defenda-se e aos próximos, ainda que buscando apoio policial.
O princípio de
que a vida do outro não é da sua conta, enquanto não invadir o seu espaço,
também faz parte de respeitar. Não é porque alguém relaxa no comportamento
público que constitui risco iminente, pode ser apenas uma mentalidade
permissiva e carente de formação familiar. Fique atento, mas não preste atenção
à intimidade alheia, da mesma forma que não se deve aproveitar a distração de
alguém a redes sociais para bisbilhotar sua vida cibernética, que quase sempre
está vinculada à pessoal em um grau bastante avançado. Tu és detetive?
Policial? Agente secreto? És responsável por aquela pessoa? Se as respostas
forem negativas, então deixe a privacidade do outro para ele, e mesmo nos casos
citados ainda cabem limites à vigilância, que variam muito e devem ser
adaptados a cada contexto. É como adentrar no ambiente privativo de alguém,
assim como seria alguém adentrando no seu ambiente privativo. Claro que
qualquer indício de comportamento perigoso deve ser reportado a quem for de
direito, fora isso um homem cuida da própria vida e deixa os outros viverem as
suas. Mais do que isso, não espera por reciprocidade para ser respeitoso,
apenas usa o tom adequado a cada situação.
Claro que não
poderia deixar de falar sobre o respeito tradicional, tão difamado nos dias
correntes, mas sem o qual não teríamos sobrevivido como espécie. Começando, um
homem deve aprender a diferença entre insistência e assédio, que essas gerações
mais recentes colocam no mesmo saco, como se joio e trigo fossem a mesma coisa
só porque são ambos vegetais. E pelo amor de Deus, aquela abordagem
infantilesca de “e aí, quer ficar comigo” é um dos maiores causadores de mal
entendidos que há! Vocês não podem controlar o que a outra pessoa vai pensar,
mas evitar passar uma má impressão desnecessária é imperioso! Aquela expressão
já denota aos ouvidos do outro que seu interesse é meramente pubiano! Também
por isso um homem não deve portar-se como um menino, porque de uma criança se
tolera algo assim, nunca de um adulto. Um homem deve saber abordar com respeito
e isso sempre começa com uma saudação consistente, ainda que informal, seguida
de comentários sobre o ambiente, o tempo e só então indo para a parte pessoal.
Não é um ritual inútil e tampouco estou obrando regras, é um gradiente
necessário para a outra parte demonstrar se aceita a sua presença, isso em toda
e qualquer situação. Manter uma distância mínima, que dê à outra pessoa a
certeza de que poderá evadir para qualquer lado a qualquer momento, é não só
sinal de respeito como também um avalista para futuras abordagens… ou mesmo
para que o provável par da pessoa não chegue acreditando que se trata de um
assédio.
Se a pessoa não
estiver naquele lugar explicitamente para ter experiências íntimas, nem toque
nesse assunto! A insistência, uma vez assegurada a ausência de entraves, se
dará com ca-va-lhei-ris-mo. Com gentileza, avançando terreno sem avançar
sinais; também se não houver insistência, não haverá pares e a pessoa pode
interpretar isso como desinteresse puro. Aquela receitinha básica e beijar a
mão, se despedir com cordialidade, mandar flores e tudo mais é o que realmente
funciona em uma sociedade saudável; ainda que vocês precisem ser a parte
saudável desta sociedade. Essa demonstração de respeito vai se ramificar e ter
duas conseqüências principais; primeiro vai mostrar aos seus amigos, bem como
aos amigos da pessoa e à sua família que suas intenções não são a de usar, ter
prazeres e depois abandonar; a segunda é que vai selecionar as amizades, porque
ataques verbais e digitais maldosos virão à tona e muita gente de seus círculos
vão concordar com os detratores, então será hora de virar uma página e nela
deixar toda essa gente. Aos restantes, principalmente à pessoa de sua
insistência respeitosa, ficará a impressão de que és um homem-feito, disposto a
abrir mão do que gosta para arcar com seus princípios, objectivos e
responsabilidades. Seus defeitos serão mais tolerados e suas virtudes chamarão
mais atenção do que eles, esta é uma das partes boas de tudo isso.
Da mesma forma o
respeito próprio é imperioso, sem o que os mal intencionados te enxergarão
prontamente como uma presa a ser abatida. Isso não é somente para agressões
físicas, mas também para o âmbito social e profissional. É relativamente fácil,
mas lamentavelmente cada vez menos para as pessoas identificarem quem é o
agressor, assim sua pronta defesa e demanda imperativa por respeito será bem
compreendida, mas quando a agressão é imaterial a coisa complica. Por isso
mesmo reserve-se o direito de não dar explicações sobre seus gostos, suas
preferências e seus hábitos privativos, é o seu mundo particular e nele as
regras são as suas. Não se queixe, não se explique. Embora apreciar a beleza
feminina seja considerado crime por essas gerações mimizentas, não o é; e o
pior é não haver adjetivo melhor do que esse para descrever essa gente. Ainda
que a estética admirada seja a impossível das heroínas de quadrinhos, o
problema seria exclusivamente seu, se fosse realmente um problema, porque um
homem sabe diferenciar a realidade da fantasia e não mistura as coisas, então
mande essa gente ir trabalhar e imponha respeito. A quem reclamar dê o contacto
de um bom psicoterapeuta.
Mais uma coisa…
Sim, o policial é seu empregado, o carimbador é seu empregado, o prefeito é seu
empregado, até o juiz é seu empregado, todos eles lhe devem respeito e
satisfações do que fizerem em seus trabalhos, mas só até certo ponto. Como
homens, vocês precisam saber que eles estão lá porque há um acordo coletivo e
todo o trabalho que estiverem fazendo a contento deve ser resguardado, bem como
suas figuras oficiais devem receber o devido respeito, para isso eles
infelizmente precisam ter algum grau de autoridade, é inevitável em sociedades
complexas. Exija respeito, mas nunca deixe sua indignação abrir precedentes
para que detratores das liberdades individuais enxerguem brechas para suas manifestações
nefastas em prol de tiranos. Até mesmo o homem que tentar te matar deve ser
tratado com a frieza respeitosa de quem vai esfregar na cara do agressor que a
vida continuará apesar dele. Da mesma forma um homem não confunde a afronta
pessoal com desacato à autoridade e não usa seu uniforme, ou crachá, para
intimidar manifestações pessoais de desagravo. Mantendo-se o limite do
respeito, deixe entrar por um ouvido e sair pelo outro, faça o que tiver que
fazer e siga com sua vida.
Isso, por falar
nisso, faz parte dos deveres cívicos, que prezam pelo bom funcionamento e
pronto reparo de mazelas da sociedade. Para quem torce o nariz, aqueles com
comportamento cívico têm mais credibilidade e voz para quem pode ajudar a
resolver os problemas; se esta explicação não foi suficiente, então volte para
o jardim de infância, sua maturidade não foi bem-sucedida. Para os que se
puseram a pensar a respeito com o espírito desarmado, esclareço que isso nada
tem a ver com idolatria ideológica ou partidária, tampouco com a hedionda
adulação a figuras públicas, que como eu disse são nossos empregados. Não
nossos salvadores, nossos empregados! Se alguém não respeita os próprios
empregados, não é boa pessoa e neste específico caso não é um homem de verdade,
merece falir e ter um chefe tão duro ou mais. Bons chefes prestam um serviço à
pátria muito maior do que o vulgo se apercebe, pois incentiva seus subordinados
à prontidão para qualquer problema que ocorra na empresa, e uma vez acostumado
à prontidão um eventual chamamento às armas será muito mais ágil e efetivo.
Lembrando que um HOMEM é preponderantemente pacífico, mas JAMAIS passivo;
almeja a paz para si e a outrem, mas não recua ante uma agressão injustificada.
Da mesma forma um
homem está sempre o mais a par possível das condições gerais de seu país, a
começar pelo seu bairro, então sua cidade, seu Estado e da União; mas não só
isso, porque um desarranjo em qualquer nação do mundo chega cedo ou tarde às
nossas fronteiras. Então sim, o que espero que ao menos alguns de vocês tenham
se dado conta, um homem deve estar pronto para a disputa diplomática, em
qualquer esphera que seja necessária, desde uma birra entre duas crianças até o
auxílio que lhe for possível para evitar contendas armadas entre outros com o
seu país, mesmo que influenciando, persuadindo e dissuadindo cidadãos d’outros
gentílicos. Não há pressão mais eficaz do que a interna. Se eu faço isso? Sim,
faço, dentro do que me é possível vou ao limite. Mas isso não seria possível se
eu estivesse à mercê de pensamentos e conclusões alheios, com lentes
ideológicas e partidárias a distorcer minha visão; uma visão saudável nua é
distorcida o suficiente para causar problemas, não precisamos de mais. Para
tanto se faz necessário o aprendizado de que tantos têm declinado das lições de
vida, por serem em suas mentes muito restritivo, e também por isso um
verdadeiro homem tem se tornado artigo tão raro.
Uma extensão do
civismo é a disposição em amparar seu compatriota em apuros, bem como o esforço
diplomático do auxílio a estrangeiros que padeçam em suas paragens.
Especialmente se noutras gestões tenhamos tido participação nos apuros de que
esses estrangeiros padecem. Lembram-se? Arcar com as conseqüências de seus
actos faz parte de ser homem. Não aceitar delegar a soberania a outros países,
especialmente a ditaduras também, isso é imprescindível a qualquer engajamento
cívico. Sem soberania não há como decidir sobre seu próprio destino, sob
influência ditatorial não há como decidir de verdade nem o que se vai comer
amanhã. Também por isso um homem não passa a mão na cabeça de sua própria
indústria, mas faz o que estiver ao seu alcance para prestigiar e estimular seu
desenvolvimento, tornando seu país menos dependente de serviços estrangeiros,
dando ao mandatário mais poder de dissuasão em qualquer confronto diplomático.
Não são só armas que dissuadem, se o outro país ver que o seu está se lixando
para eventuais embargos, ele terá que ceder em alguma coisa, e essa coisa pode
vir a ser o modo como trata seus próprios cidadãos, aqui a moeda de troca é
pagar não só pelo que eles querem vender, mas também para o modo como aquilo
foi fabricado.
Dar particular
atenção às tradições, excluindo aqui as mazelas, é um modo saudável e adulto de
vivenciar seu dever cívico, porque te integra à nação e ao gentílico com mais
facilidade. Um patriotismo saudável e equilibrado salta aos olhos, mas pode
parecer exagerado aos detratores, especialmente aos que fazem apologia a
tiranos, e por isso eles se esforçam em minar o respeito pelas instituições. Um
homem patriota inspira respeito e temor, dependendo das intenções do
estrangeiro naquele momento, e por isso pode ser perigoso aos olhos de seus
apoiadores. Dentro do princípio de não romantizar ou idealizar, o patriotismo
pode crescer à vontade, pois se sustenta por si, evitando que o homem perca
suas virtudes e ponha tudo a perder por causas fúteis, apenas por ter sido
afrontado. Amparado no conhecimento robusto das tradições, o que inclui o
contacto com quem as pratica, incluindo com indígenas, um homem tem subsídios
para enxergar com nitidez que limites podem ser expandidos e quais devem ser
deixados como estão, ao menos por ora. Justamente por essa visão amadurecida
algumas atitudes podem ser mal compreendidas e até usadas em seu desfavor,
especialmente no pardieiro das redes sociais, em particular por conta da
famigerada e infantil subcultura do cancelamento. É um risco que seus pais nem
imaginavam que viria a existir, mas vocês têm que enfrentar com a dignidade
necessária, e especialmente não arredar pé de absolutamente nada.
Não renegue pura
e simplesmente boas coisas importadas, elas têm muito a nos ensinar, mas sempre
que possível dê preferência ao que tiver sido produzido aqui, principalmente
demande reciprocidade, cada hora de trabalho importada deverá corresponder a
outra exportada. Não se trata simplesmente de um interesse comercial, mas da
manutenção do bom funcionamento interno de seu país. Sim, o Brasil dormiu no
ponto e nem de longe temos algo que se compare ao refinamento tecnológico de um
Cadillac em nossas linhas de montagem, então aqui vamos novamente recorrer ao
cavalheirismo, ao bom senso, à diplomacia e à matemática para equacionar a
questão. Não é preciso sacrificar os nossos para prestigiar o que o exterior
tem a nos oferecer, e vice-versa. Uma balança comercial positiva não é tudo, a
troca voluntária de bens, serviços e riquezas, quando feita com honradez e
celeridade, faz milagres para uma economia. E por falar nisso, que tal falar
bem de nossos productos tradicionais em suas redes sociais? Rapadura, moça,
pamonha, as redes nordestinas, canções tradicionais, festivais populares, a
literatura tradicional e uma miríade de atrações sedutoras que angariariam
rapidamente a simpatia de populações estrangeiras, deixando seus governos menos
propensos a serem hostis, por pura falta de apoio interno.
Tudo isso que
escrevi, embora pareça muito a alguns de vocês, é o básico de ser um homem que
assim mereça ser chamado, a vida de cada um acrescenta detalhes, melindres e
apuros que só cada um sabe quais são. Respeite, respeite-se e exija respeito.
Não quis ofender, longe de mim, mas se alguém se sentir ultrajado os conselhos
classistas de psicologia e psiquiatria ficarão felizes em encaminhar vocês para
bons profissionais.
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