Desta vez ela passou dos limites! Aquela
xexelentazinha!!!!!!!!! Como se atreve???? COMO SE
ATREVEEEEEEE?!?!?!?!?!?!?!?!?! SUBVERSIVA! TRAIDORA DAS CONQUISTAS SOCIAIS AO
NÍVEL DE LIBERTAÇÃO DAS PESSOAS DE VAGINA!!!!!!!!!!!!!!!! Não bastou ter se
casado! Não! Não bastou ter se aliado a essa tradição judaico-cristã misógina,
homofóbica, genocida, opressora, perpetuadora de privilégios milenares dos
povos ribeirinhos patriarcais! Ainda casou-se com uma pessoa de pênis! UMA
PESSOA DE PÊNIS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Mas não é esse o pior da história! Não! Ela
se atreveu a adoptar o sobrenome dele… Uma pessoa de vagina jovem casou-se com
uma pessoa de pênis e aceitou usar o sobrenome dele!!!!!!!!!! Uma acinte contra
as conquistas revolucionárias das pessoas de vagina ao nível histórico enquanto
enfrentamento da sociedade patriarcal neandertal!!!!! Agora a pessoa de pênis
vai dar opiniões na vida dessa jovem de vagina!!!!! NINGUÉM PODE DAR OPINIÕES
NA VIDA DE UMA PESSOA DE VAGINA!!!!!!!!!!! Nossos corpos, nossas
regras!!!!!!!!! E nossas regras proíbem essa atitude de submissão à cultura
milenar segregatória às vontades absolutistas fascistas das pessoas de
pênis!!!!! Só falta ela chamar essa pessoa de pênis de… de… de marido!!!!!!!!!!!!!!
Isso destruiria todas as nossas conquistas e anularia todas as nossas lutas
para derrubar esse sistema patriarcal estuprador injusto e perpetuador de
privilégios burgueses!!!!!!!! Isso fará com que percamos todos os nossos
direitos e sejamos novamente presas em jaulas conjugais! Mas eu sei o porquê!
Eu
(esta aqui)
que leio pensamentos, vejo através do tempo e conheço a vida dela melhor do que
ela, sei por que motivos essa pessoa de vagia teria traído nossa causa
libertária! A literatura progressista explica em detalhes o plano maligno e
perverso de predestinação que toda pessoa de pênis nasce sabendo e por isso é
previamente culpada por todas as mazelas da sociedade corrupta e injusta em que
vivemos!
Isso é uma tradição criada visando não a
felicidade da pessoa de vagina, mas para colocá-la em seu lugar na sociedade
patriarcal neandertal, mostrando que não passa de um objecto que naquele
momento, está sendo passada de um dono para outro, de uma opressão para outra,
de uma castração para outra, de uma escravidão para outra, de uma
microssociedade opressora para outra, de uma autonegação para outra! A pessoa
de vagina é toda enfeitada como um presente porque é só a isso que se resume
nesse ritual que não serve para porcaria nenhuma, a não ser legitimar e
consolidar os papéis pré-fixados de gêneros construídos ao longo de milhares de
anos na sociedade patriarcal! A pessoa de Pênis com todos os privilégios e
liberdades, a pessoa de vagina reclusa para cuidar do curral patriarcal e de
seu rebanho, sem o direito de interromper a formação do filhote de pessoas!
Enquanto a pessoa de vagina é reduzida a uma autômata escravizada, à pessoa de
pênis é permitido estuprar outras pessoas de vagina estigmatizadas e
mercantilizadas para satisfazer a construção de sua negação de sua
homossexualidade!
É tudo uma construção social imposta às pessoas
de vagina para sustentar a opressão do patriarcado neandertal opressor, porque
casamento é como sexo, é pura construção! Pior ainda o monogâmico que é
totalmente antinatural, inclusive o dos cisnes, de várias espécies de pinguins
e araras, todos criados, construídos e estruturados por essa sociedade feminicida!
É compreensível que jovens pessoas de vagina alimentem sonhos românticos
construídos e impostos pela misoginia estrutural desse patriarcado negacionista
de sua homossexualidade! Comprou a ilusão de uma felicidade não hormonal e
portanto falsa e construída, na vã e idiota esperança de que aquela noite de
glória e glamour vai garantir que sejam ambos felizes para sempre! Ela quer o
sonho de uma noite de romances tolos em uma festa castradora em que a pessoa de
vagina não é o centro das atenções, mas o centro das vigilâncias, porque a
partir daquele maldito “sim” ela aceita ser propriedade de uma pessoa de pênis,
em vez de viver sua vida em liberdade e seguindo suas próprias regras, e uma
delas é não se casar com pessoas de pênis! Mas tudo o que ela realmente quer é
gozar das delícias hormonais de uma lua de mel, porque é só a isso que se
resume a felicidade, é só hormônio! A ciência provou que sim! Então ela deveria
ter aproveitado a vida segundo as regras dela para o corpo dela, que deve ser
livre e sem fronteiras para seguir as regras do nosso movimento!
E para finalizar, eu sou intelectual! Eu sei de
tudo o que há para se saber! Eu conheço a verdade! Eu sou a verdade, o caminho
e a salvação! A minha verdade é a única que realmente vale! Ninguém chega à
revolução de gênero senão por mim!
Só faltou ela pedir a pena de morte para quem
nascer homem. Vamos ser francos, a vidinha da Sasha é dela, foi bancada pela
mãe até quando quis e teve todas as suas vontades respeitadas, um dinheiro que
foi ganho honestamente e não deve satisfações senão à receita federal, porque
essa não tem jeito mesmo. Namorou quem quis, o quanto quis, aproveitou a vida
como quis e vai continuar aproveitando como quer, isso inclui ter escolhido se
casar nos moldes tradicionais. O corpo é dela, a vida é dela, a decisão é dela!
Não estou falando de uma garotinha oprimida que ficou presa em casa durante a
vida inteira, obrigada a memorizar uma bíblia neopentecostal porcamente
traduzida ajoelhada no milho sob o sol do meio-dia. Ela sempre foi livre,
estudou muito, mas muito mesmo, formou sua mentalidade e sua personalidade por
conta própria, apoiada pela mãe, que deu a ela toda a liberdade de que
precisava! E em vez de ser mais uma idiota repetidora de bordões alheios, ela
decidiu ser jovem e fazer o que os jovens mais gostam de fazer, que é
contrariar um sistema injusto e opressor; no caso, o que dá a cada um a
liberdade para obedecer cegamente as regras dogmáticas do grupo intelectual de
ar condicional e julga o indivíduo pelo que a coletividade faz, generalizando
ao extremo e ainda cobrando-lhe pelos crimes que algum de seus ancestrais mais
distantes talvez pudesses ter cometido. Ela se rebelou não com pompa e
holofotes, queimando carros de trabalhadores em protestos que no fundo são pró
ditaduras ideológicas, mas intimamente, se decidindo por si mesma pelo romance
tradicional.
Eu não sou o maior fã de Maria das Graças
Meneguel, meu estilo é outro, mas uma das coisas que aprendi a admirar nela é a
competência de sua administração tanto empresarial quanto pessoal. Todo mundo
dizia que ela estava acabada, depois de romper com sua empresária, mas o
supremo senhor da razão deu-lhe ganho de causa. De início, e isso faz muitos
anos, fiquei com um pé atrás com o excesso de cuidados que ela aparentemente
dispensava à filha, a mim parecia superproteção de mãe inexperiente, muitas
vezes até comprando briga com seu próprio público por coisas às quais eu
simplesmente daria uma resposta sarcástica chamando civilizadamente o idiota de
idiota, mas isso é o que EU faria, seria a MINHA escolha resultante de MEU
livre arbítrio para tomar MINHAS decisões, e só eu arcaria com as
conseqüências. A vida doida de artista que ela teve deve ter influenciado seu
comportamento e seus métodos… bem, para mim qualquer vida baseada em noitadas é
doida, então minha opinião aqui não conta tanto, meus parâmetros são bem mais
caseiros, já disse isso aqui um monte de vezes em vários textos, enfim. Ao
contrário da mãe, que teve um início de carreira nas telas rendendo polêmicas
acaloradas com as esteiras de turbulência se estendendo até hoje, foi polêmica
em seu auge e continuou polemizando para defender seu rebento, como a mãe com
“M” maiúsculo que decidiu ser, Sasha escolheu curtir a vida adoidada ao lado de
um esposo para chamar de seu. Esposo… esposo… esposo…
Vocês podem acusar a Xuxa de um milhão de
coisas, afinal ela está rotineiramente nas manchetes e é calejada o bastante
para lidar com isso, mas as funções da maternidade ela cumpriu com louvor. Sua
pimpolha seria chamada de “emancipada e empoderada”, se estivesse vivendo da
mesada da mamãe em boates escuras cheias de drogas e promiscuidade gratuita,
seria assim posta em pedestais como modelo de mulher livre a ser seguido, mesmo
não fazendo absolutamente nada de útil, apenas buscando desesperadamente
prazeres efêmeros e destrutivos que alimentariam narrativas rasas. Seria um
ícone de algum movimento igual a tantos outros que faz o oposto do que prega em
frases de redes sociais. Foi uma adolescente comum e deu as dores de cabeça que
se espera de uma, nada muito além disso. Ela, entretanto, decidiu ser esposa,
em condições nas quais teria de tudo para ser um manancial de desespero e
tristezas para sua mãe, sendo inclusive retratada pela “mídia especializada”
como uma garota fútil que vivia só para si, e por parecer uma garotinha fútil e
egoísta era aclamada por colunistas de “celebridades”, só que ela provou o
contrário. Enquanto expunha superficialmente ao público uma vida social, ela
construía em sua intimidade a vida que realmente queria levar, e foi isso que
revoltou certas pessoas… “formadoras de opinião… que se revoltaram por ela ter
tido a sua própria contrária à que esperavam que tivesse, a fazer o que querem
proibir os outros de fazerem. A máxima do “a vida do outro não é da sua conta”
virou “a vida do outro é coletiva”.
Na época em que teve a Sasha, mesmo com o pai
sendo conhecido e bem-afamado, foi duramente criticada por ser mãe solteira,
inclusive pelo então ministro da saúde José Serra, que recebeu uma reprimenda
dura da então também musa da vacinação infantil. Assim como tantas outras
calúnias, inclusive de que seu “dixionário” ensinava as palavras erradas, ela
esfregou na cara dele o quanto a sua participação na campanha incrementava a
adesão dos pais e atenuava nas crianças o medo da injeção. Não, meus amigos,
ela não era a única extravagante da época, os anos 1980 foram férteis em
tosqueiras que fazem a Xuxa parecer uma simples boneca colorida. Ela se
defendeu sozinha, diga-se de passagem, e ao que parece transmitiu essa
experiência à filha, que teria então segurança emocional suficiente para
trilhar um caminho paralelo ao de outra pessoa, no caso, um homem. Não tenho
detalhes até porque ambas tiveram o bom senso de manter suas vidas realmente
pessoais fora do alcance dos odiadores invejosos, que agem como fanáticos
religiosos sob seus discursos libertários, mas tudo leva a crer que ela não foi
prometida para casamento antes de a mãe nascer e tampouco foi levada agrilhoada
para o altar, noves fora toda a especulação altamente passional dos opinadores
birrentos, Sasha fez valer de facto o poder e a liberdade de sua emancipação
plena.
Aliás, pelo pouco que a Xuxa já disse da vida
pessoal da família, Zafir também teve participação na formação da então petiz, portando
um homem ajudou a garota a formar uma personalidade autônoma e capaz de exercer
seu livre-arbítrio em uma vida adulta e sem frescuras. Ou seja, a parte do
patriarcado dessa equação teria sido altamente benéfica para ela, porque
sabemos o quanto um cafajeste pode destruir a vida de uma criança, mesmo não
morando sob o mesmo teto. E posto que certa feita a então infanta queria um
irmão, e a mãe mandou pedir ao pai dela, é facilmente concluível que ele foi um
pai presente e actuante, dentro do que sua carreira doida de artista lhe
permitiu. No mais, sendo ele o pai da então menor, sem a sua permissão ela não
teria ido para os Estados Unidos, para estudar e viver lá, então a abestalhada
narrativa da opressão e submissão ao patriarcado ai, ai, ai mil, vai pra fora
do Brasil, cai por terra por pura falta de alicerce. Viveu na cidade mais
cosmopolita do mundo, com todos os perigos que vêm de carona nesse bonde, onde
pôde ver tudo e teve a chance de experimentar o que quisesse, então decidir o
que fazer de sua jovem vida. Ela teve sim escolha, assim como a mãe teve.
Eu sei que vocês estão estranhando eu falar de
artista em um blog que tradicionalmente é avesso a isso, mas em verdade estou
me referindo às pessoas e não aos personagens que suas carreiras demandam que
vistam. Pessoas precisam ser ajudadas e fortificadas para que possam se
defender sozinhas, buscando obviamente ajuda sempre que a carga for maior do
que suas forças, em vez de serem rotuladas e estigmatizadas por faladores
frouxos que fazem tudo o que dizem combater. No avatar da rede social, um
sorriso e uma frase fofinha, mas a carga de ódio e rancor despejada contra quem
se atreve a contrariar suas narrativas faria inveja ao mais imaturo dos
mafiosos. Ou seja, mesmo quem aparentemente, durante uma vida inteira e
pregressa, teria atendido a todas as expectativas de um grupo dito libertário,
quando decide tomar suas próprias decisões sem consultar o manual da doutrina
deles, passa a ser no mínimo cidadão de segunda classe, ou membro de uma casta
inferior. O que lhes parecer ser conservador é demonizado e acusado de
renascimento das trevas medievais, justo eles que querem mudar tudo para que
então nada jamais mude para todo o sempre e “AI” de quem então tentar mudar
alguma coisa.
Sinceramente?
Mrs. Sasha, go ahead! Vá
em frente e distribua bananas! Tu ainda és jovem, cheia de vida e tem décadas
para mudar ou não sua decisão. Vá viver a vida adoidada com sua família, dar
cascudos no senhor seu marido e mimá-lo quando ele fizer por merecer! Mande os
detratores tomarem xarope de cicuta! Se eles encherem o saco, manda se verem
com a sua mãe, ela sabe dar o recado direitinho… e benza a Deus, ela tenta
parecer velha mas ainda é um mulherão!
2 comentários:
Realmente, as pessoas estão muito preocupadas com o outro e criando um radicalismo inverso.
Não é de hoje.
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