Assevero que o bebê panda gostou |
Quatro garotas, cidadãs de um país
muito sério e com uma cultura muito rigorosa no tocante ao comportamento em
público, afagam o bebê panda de um zoológico local, com severas regras
sanitárias, cercadas por profissionais competentes de uma equipe que sabe o que
faz e jamais permitiria ocorrências arriscadas próximas a animais raros, ainda
mais um filhote. Desde 2016 que Lisa, Jennie, Rosé e Kin Ji-Soo são manchete,
primeiro porque o grupo da YG Entertainment jogou na lata de lixo o conceito de
que cantoras de K-pop precisam entrar na faca até não se parecerem em nada
consigo mesmas, segundo porque são quatro anos sem trocas de integrantes e
terceiro, porque não têm papas nas línguas; ou seja, subverteram praticamente
tudo o que se considerava como padrão para K-pop até então. Elas ralam duro,
ensaiam coreografias complexas, às vezes precisam treinar contando piadas em Fa
e rindo repentinamente em Do, mantêm a forma física e costumam usar figurinos
extravagantes nos shows em que esbanjam suas belezas joviais, há muita pressão
e o treinamento prévio para sua estreia foi tão duro quanto longo; é o que as
identifica com os outros astros do gênero. A diferença é que elas caíram em
boas mãos, num grupo que lhes permite ser mais autênticas e expressar o que
pensam, claro que comedindo as palavras, mas podem o que a maioria dos colegas
não pode. Os Blinks, seus fãs, sabem valorizar essa rara autenticidade no mundo
artístico.
Mas teve gente se irritando com
isso. Os mesmos ambientalistas chineses e estrangeiros que fizeram-se de cegos,
quando as ilhas militares artificiais dizimaram sítios marinhos, passaram a
gritar contra os afagos apontando até para o facto de elas terem cães para
acusá-las de terem posto filhote e mãe panda em risco. Nem vou falar novamente
sobre a hidrelétrica no rio Amarelo! Nem do uso intensivo de carvão! Nem da
pesca predatória em águas territoriais alheias com escolta militar! Para esses ambientalistas
melancias nada disso importa. Importa fazer acusações sem investigação prévia
de todo o contexto dos acontecimentos, baseando-se apenas em “algo errado nisso
poderia ter acontecido”, “na minha opinião não pode” ou “ofenderam o símbolo
sagrado da nação”; embora façam troça explícita ao que é sagrado para os outros;
a religião lá é o partido. Não consultaram o zoológico, os veterinários, o
próprio quarteto a respeito dos cuidados tomados previamente, apenas tomaram as
dores de um regime que se considera proprietário de todos os pandas do mundo,
inclusive dos que nascem fora de seu território.
Aliás, se considera dono do próprio
mundo, dando palpites nas políticas internas alheias e punindo países que
contrariem seus interesses… quer dizer, pune os países que não têm poderio
bélico e econômico para reagir. Se não dependesse tanto dos alimentos
brasileiros para manter a população sob controle, já teríamos sido alvos de sua
ira. Sua presença na África já é consistente, muitos países lhe devem os tubos
em empréstimos que não conseguirão pagar tão cedo; talvez nunca, porque o PCC
pode manipular juros e multas de acordo com seus desejos, assim como faz com o
câmbio, ou vocês pensam que a economia local se desenvolveu só na base do
“derramar mais concreto do que bombas”, como alardeia a turma do “vai estudar
história”? Dinheiro pode ser reposto, o que eles querem é o que não pode ser
reposto, como a própria soberania política dos Estados que cometeram o erro de
lhes pedir ajuda. Porque não basta fazer os próprios cidadãos terem pavor de
dizer em público que se lembram do massacre da praça da paz celestial, usa de
seu gigantesco mercado interno para pressionar empresas a baixarem suas cabeças
aos caprichos ditatoriais que tanto arrancam suspiros de nossa pseudoelitezinha
pseudointelectual.
Aos cidadãos reféns do regime, dizem
que o ocidente tem inveja de seu progresso. Se acreditam ou não, pouco importa,
mas a quem perguntar é compulsório dizer que acreditam. O agravante é exigirem
isso de estrangeiros em seus próprios países, não sendo raro encontrar pessoas
que já até moraram lá e foram banidas, simplesmente por terem dito em público
algo que pudesse ser interpretado por alguém como uma crítica ao regime
(como esta moça). E sim, estrangeiros
lá dentro são mais rigidamente vigiados do que o próprio cidadão, a ponto de
precisar comprar um celular local porque o que eles não podem espionar
simplesmente não funcionam, não têm nenhum suporte; o contrário do que eles
fazem em países alheios. Antes um esclarecimento, há uma diferença imensa entre
dizer-se insatisfeito com os resultados de uma decisão política, e dizer que
precisam de um novo líder; isto se dizia no Brasil entre 1964 e 1984 sem render
qualquer sanção, não por isso. Claro que essa completa ausência de oposição
ajuda no desenvolvimento material econômico, já que ninguém vai se atrever a
perder prazos ou travar uma votação para afrontar o líder... como fazem aqui.
Toda a invejável infraestrutura de
internet, mais censurada do que livro ilustrado de pornô pesado em convento da
idade média, não é para facilitar a vida do cidadão, isso acontece como efeito
colateral até para os mendigos, é para vigiar cada passo, cada atitude, cada
comentário, cada imagem compartilhada, cada link postado, cada piada que possa
ofender a cultura milenar dos povos ribeirinhos do partido. Foi assim que
baniram o ursinho Pooh e banem qualquer vaga menção ao massacre da praça da paz
celestial. Como eu já disse, isso é vigiado até em cidadãos de outros países em
seus próprios territórios, para tanto se valem de redes sociais e motores de
busca que são proibidos na China, até o Youtube, que teve uma repentina
explosão de chineses e simpatizantes ocidentais do regime... E com essa
hipocrisia escancarada, que passa pelas vistas grossas dos discursadores libertários,
formadores de opinião de outras nações são policiescamente vigiados e seus
patrocinadores pressionados e chantageados a qualquer mínimo descontentamento
do partido único e compulsório, como está acontecendo com Blackpink e já
aconteceu com outros artistas, a quem os artistas lacradores não prestaram
sequer votos de boa sorte. E ai de quem disser que há mendigos por lá, porque
será banido do maior mercado consumidor do mundo.
Aliás, o grupo BST também tem sido
alvo de represálias pesadas por terem feito um comentário alusivo à guerra das
Coreias,
(aqui e aqui) mesmo que
superficial e sem citar a participação chinesa naquele ataque pelas costas.
Essa parte da história que dificilmente será contada em sala de aula não é
nova, mas só têm vindo à tona após o advento da internet, por pessoas que foram
banidas e hoje são perseguidas pelo regime, mesmo em países distantes de lá… e
a Coreia não fica longe deles… na verdade um pulo geográfico já atravessa a
fronteira de terra firme para terra firme. Em suma, os rapazes do BST são
obrigados a negar a própria história recende de seu país para não ofender os
censores do mundo… eles e qualquer outro artista que não queira ser sabotado,
punido, chantageado, banido e perseguido pela gangue comunista e seus minions
espalhados pelo mundo. Foi assim que o celular licenciado por eles sumiu do
mercado mal tendo sido lançado.
Vídeos deles e de outros coreanos |
Não pensem que eles respeitam
fronteiras. Se a Índia não fosse tão capaz de se defender, já teria sido
anexada, que o diga o Tibete, cujo destino não foi e não é lamentado por
aqueles que gritam “Catalunha livre”, sequer é lembrado como um território que
já foi soberano e cuja população original foi massacrada e trocada por
chineses, restando hoje uma minoria acanhada de tibetanos descendentes dos
originais. Quando a Inglaterra devolveu Hong Kong, o que enviaram? Diplomatas?
Cidadãos com presentes? Não! Mandaram tanques de guerra! Para deixar claro que
todas as promessas feitas ao Reino Unido seriam sumariamente desprezadas. De
então em diante alteraram a constituição até hoje nada restar da cidade livre e
legre da era britânica. Falar de Taiwan, excluído da ONU por pressão daquela
ditadura idolatrada por idiotas acadêmicos, eu acredito ser desnecessário. Se
há algo aproveitável que este governo fez, foi nos afastar desses regimes. A
alternativa para um mercado gigantesco é a Índia, a maior democracia do mundo.
E não, seu preconceituoso, os indianos não fabricam só incensos, filmes toscos
e saris, eles têm uma indústria de ponta
(https://exame.com/tecnologia/fabricante-indiana-de-smartphones-quer-vender-200-milhoes-de-unidades/)
só esperando pela aceitação ocidental. Levaria anos, porque muita coisa precisa
ser feita por lá para que o nível de desenvolvimento geral se equipare ao
chinês, mas seria um seguro contra novas chantagens, dumpings escancarados e
manipulações cambiais. A mentalidade do indiano médio, derivada em parte do
sistema de castas e seus costumes, é um dificultador, mas não é intransponível.
Sejamos honestos, um país que comprou Cherry QQ não tem o direito de falar mal
do Tata Nano!
As empresas americanas já começaram a
sondar e demonstrar interesse pelo mercado e pela produção local na Índia,
muito tardiamente, mas ao menos estão saindo da letargia. Talvez com as
indústrias o prórpio e voraz turista americano comece a ver a Índia com outros
olhos. Por essas e outras eu evito a todo custo comprar o que tiver sido feito
na China. É extremamente difícil, hoje em dia, mas não é impossível,
principalmente porque podemos viver sem quase tudo o que existe no mercado.
Sabem aqueles aparelhinhos de MP3 que eram febre no começo do século e todo
mundo tinha? Eu não sou todo mundo, então não tive. Isso é como o tráfico de
drogas, só que com a quadrilha no poder de um país; quem compra, financia, não
há meios-termos aqui. Cansei de procurar um aparelhinho feito na Coreia ou no
Japão, na época, mas não encontrei e escolhi não ter. Não, não me interessa
abandonar os cidadãos chineses e devolver toda aquela gente à miséria em que
Mao a jogou, assim como de jeito nenhum eu vinculo o chinês médio ao partido, e
isso não vai acontecer por causa da migração de investimentos.
E, já que nenhuma entidade defensora
de oprimidos e perseguidos por censuras de manifesta, começarei a expor minha
simpatia pelos garotos coreanos. Eles já sofrem pressões e cobranças mais do
que suficientes lidando com a parte honesta de seu trabalho, não precisam da
sujeira mafiosa de uma ditadura mimizenta, precisariam sim da manifestação
clara e explícita de uma entidade de “classe”, bem como seus préstimos
jurídicos e estruturais, mas como isso não acontece, pessoas como eu precisam
colocar as acaras a tapa… de novo.
2 comentários:
Muito boa e perfeita reflexao sobre o que eh esse regime opressor, que infelizmente tem muitos adeptos no Brasil, pessoas cegas pra realidade.
Alguns enxergam sim essa realidade, enxergam e a querem aqui.
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