01/08/2018

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    Não consiste novidade o poder das redes sociais para a proliferação de lendas urbanas, teorias conspiratórias, campanhas difamatórias e notícias descaradamente falsas; às quais os tendentes não se dão o trabalho de investigar, esperam que as lideranças da manada lhes digam o que fazer. E é justamente este, o efeito manada, que tem tornado a vida em redes sociais tão difícil. Também é esse efeito manada que dá tanto poder à difamação e às teorias conspiratórias letais, estas que fazem pais se recusarem a vacinar as crianças e comunidades lincharem pessoas inocentes. Não foi um laboratório que inventou a vacina, não foi a NASA que descobriu que a Terra é redonda, e o Fusca não foi criado no Brasil.

    O grande problema é o crônico dos meios modernos de comunicação, existe uma facilidade gigantesca em produzir e fazer circular informações a uma velocidade jamais imaginada por nenhuma ficção cientifica pré internet. E como eu já disse aqui mil milhões de bilhões de trilhões de vezes, a facilidade tem sido uma das drogas mais tóxicas e viciantes da humanidade. É pela facilidade em  fugir da realidade, aliás, que os tóxicos ainda existem mesmo notoriamente danosos.

    Um ingrediente perverso foi acrescentado nesta década. Ditaduras, que simplesmente não toleram liberdade de expressão em seus países, têm se valido da redes sociais que proíbem para disseminar notícias falsas misturadas a factos que podem (ou não) fazer sentido. Poder ou não fazer sentido é mais perigoso do que fazer, porque activa o instinto de auto preservação, o indivíduo passa a desconfiar mais do meio em que vive, especialmente se for jovem, tornando-o mais propenso a  aceitar as teorias conspiratórias mais estapafúrdias e, aos poucos, se voltar contra o mesmo modo de vida que lhe permite fazer o que os disseminadores tolhem em seus territórios, muitas vezes com ameaças de execução do mesmo, quando não da família inteira.

    Até a Reuters tem perdido credibilidade, lançando notícias sobre seus desafetos, em especial Donut Trump, para logo em seguida noticiar o contrário; não desmentindo e se desculpando, mas publicando uma notícia oposta à anterior, sem dar maiores explicações, às vezes sem se explicar em absolutamente nada! Não é de hoje que jornalistas calejados ainda acreditam em sociedades de almoços grátis, mesmo não assumindo com estas palavras, eles AMAM APAIXONADAMENTE a prolixia redundante com pitadas fartas de ladainhas pleonásticas, para parecerem intelectuais. Não é de hoje que jornalistas manipulam as notícias ao gosto do editor, do patrocinador, de correligionários ou de seus próprios interesses. Não é de hoje que jornalistas são humanos, e por isso deveriam se despir da capa inapropriada de defensores da verdade; opinião não é "verdade", não cura perna quebrada.

    E as tais ditaduras se aproveitam muito disso. Não só elas, mas também os governos corruptos. Em ambos os casos o escrúpulo é só uma palavra no dicionário, a que dão o sentido que desejam. E quando eu separo ditaduras de governos corruptos, não significa que aquelas não o sejam, muito pelo contrário, pois corrompem até história de seus próprios países, editando-a e forçando a população a esquecer a versão anterior; ditadura não é governo, é uma lavadora de cérebros que aponta o dedo para os outros e amputa os que se atrevem a apontar para si. Depois mandam estudar história, mas só a historinha que acabaram de lançar na edição revista e ampliada para o louvor ao bem amado líder.

    A miséria não foi inventada no século XVIII, e em nenhum momento da existência humana duas tribos deixaram de se engalfinhar e matar crianças só porque falavam o mesmo idioma, não necessariamente a mesma língua. E descobertas arqueológicas têm desmentido o mito de povos puros e de harmonia plena com seu meio ambiente. Te fazer se sentir culpado pelos erros alheios, ocultando o lado B do assunto, faz parte dos métodos.

    Cão em território alheio, fica de rabo entre as pernas. Em seu território ele rosna para qualquer um. Se for do tipo de toma como seu território qualquer lugar em que urine, tenta ser o líder da matilha que encontrar pelo caminho; e essa "matilha" pode ser até mesmo de humanos. Basta ele sentir a sensação de que pode fazer, e o fará.

    Tudo então posto, vem agora o real potencial nocivo do efeito manada em uma rede social, especialmente uma gigantesca como o Facebook. É uma ferramenta extremamente fácil e rápida de usar, é extremamente fácil e rápido reunir um grande contingente e dar a impressão de que o grupo é invencível, é extremamente rápido e fácil atacar um alvo e fazê-lo parecer o agressor. A gerra ideológica resultante disso tem feito vítimas, porque é humanamente impossível aferir todas as denúncias e todos os perfis falsos, então os funcionários e os algoritmos entram em pane fazendo todo o seu possível. A armadilha aqui é que esse "possível" significa dar preferência a padrões, como quantidade de denúncias, e um grupo organizado consegue facilmente uma avalanche com milhares delas para calar seus desafetos; como fazem em seus domínios os regimes com que simpatizam.

    Transformar amigos de longa data em inimigos ferrenhos não dói nem um pouco aos disseminadores de mentiras. Para eles vale a máxima do príncipe de Maquiavel: os MEUS fins justificam os MEUS meios; e ai de vocês se fizerem o mesmo contra mim! Esses disseminadores não se importam inclusive com o facto de suas mensagens falsas serem letais, muita gente já morreu vítima de violência causada pelas fake News, inclusive no Brasil. O caso mais recente foi o de uma mulher acusada de matar crianças para rituais de magia negra, no Rio de Janeiro. Remorsos? Não espere isso de um psicopata.

    Ah, eu sei sim o que vocês estão pensando, e como sempre ERRARAM! Não, eu não gosto do Trump, não concordo com uma tonelada das opiniões dele e sempre me pareceu demasiadamente arrogante, mas tenho amigos morando em vários Estados dos Estados Unidos, e sei de cousas muito boas que a imprensa não conta; notícia boa não vende. Não gostar e não respeitar deixaram de ser coisas diferentes, desde que essa onda de noticiários encomendados começou a varrer as redes sociais que, repito, nos países que promovem essa guerra cibernética são sumariamente censuradas.

    Bem, meus amigos, ainda existe um lugar onde suas opiniões podem ser expressas sem que tu sejas automaticamente detectado pelas hordas cibernéticas; onde o efeito manada é muito difícil, lento e às vezes até mesmo caro de ser formado. Um lugar na internet onde o algoritmo não pode fazer muito mais do que colocar um aviso de classificação etária no acesso ao teu conteúdo. Este lugar é justo a ferramenta que as redes sociais e sua viciante facilidade ameaçou extinguir, mas sobrevive bravamente pelas mãos de cabeças-duras como eu.

    Volte para teu blog. Se o fechaste, reabra. Se não tens, abra um. Enquanto adoradores de ditaduras negam que seus deuses sejam ditadores, se bem que já ouvi "o povo precisa de um ditador para discipliná-lo", as pessoas que escolheres terão acesso às tuas idéias com acento e sem facilitações idiotas da deforma ortográphica. Para quem teve todo o conteúdo gramatical, parece ser fácil e desnecessário informar regras, acentos e pontuações, mas experimente aprender outro idioma e verás a falta que eles fazem.

    Voltem para os blogs. Não existe em tua caixa de comentários a opção de o desaforado de bloquear para evitar ser bloqueado e assim continuar a te atacar, tu simplesmente apagas o comentário dele e ponto! Tu escreves as besteiras ou as maluquices extremamente intrincadas que quiseres, e nenhum moderador de grupo, nenhum vigia de denúncias, nenhum manipulador de algoritmos vai conseguir te punir. Se estiver dentro da lei, nada vai te acontecer.

    Se dê o direito de um pouco de dificuldade, vai te fazer bem pesquisar e publicar teu próprio conteúdo. Diminua a importância, e conseqüentemente com trema o poder destrutivo das redes sociais. Volte para o blog.

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