19/08/2011

Para sanear o Brasil; 3 de 3; mostre quem paga e manda.


Mostrem quem paga e manda em quem!
Peço novamente aos leitores que não pulem etapas. Se estão chegando agora a esta trilogia, cliquem aqui e aqui e leiam os textos  anteriores, que são o alicerce e o contra piso deste.


Caras concidadãs e caros concidadãos, Tudo o que existe no Brasil, derivado directo ou indirecto do poder público, está formatado para corromper vocês. 


Não, caros leitores, o inchaço da máquina administrativa por proliferação de cabides de empregos inúteis, não se presta apenas para distribuir favores aos aliados, se presta principalmente para que vocês precisem de favores. Não há acasos no serviço público. As regras torpes, feitas por analfabetos funcionais, que exigem documentação para comprovar a validação de documentação, coloca-nos em posição de dependência política para que nossas necessidades mínimas sejam atendidas. Assim temos dois caminhos, esperar pela lentidão por escassez de mão-de-obra do judiciário, ou ir ao “dotô” e garantir um voto em troca de nos colocar na frente de alguém.


Ir à televisão para mentir na cara dura, dizendo que o transporte público está bem dimensionado e só precisa remanejar ônibus, como é rotina em Goiânia, chamando por tabela de mentiroso o contribuinte que liga para dizer o contrário, é a maior bondade que essas pessoas fazem. Ameaçar estuprar e matar as mulheres da família de jornalistas que tenham indícios sólidos, e se ponham a falar em público a respeito, é parte da profissão de político.


Não quero assustar os leitores com o que já escrevi, embora em alguns caso devesse. Só mostrar que “O Poderoso Chefão” é uma ficção, mas não tem absolutamente nada de fantasioso. E para quem acha que é impossível fazer política sem ser canalha, leia esta matéria do Esturdio’s Blog New e pense direito. O deputado distrital, em pleno ninho de cobras, admite que não é perfeito e erra, mas não faz farra com o dinheiro público. Ele prova de próprio exemplo que é sim possível e viável resistir às tentações da corrupção. Então, caro leitorado, ele prova de moto inconteste que nós temos como escolher gente diferente. Então, vamos falar a respeito?


Vamos lá.


Um gari aqui de Goiânia, que Deus o tenha desde poucos meses, conhecido por Negro Jobs, ganhou as últimas eleições para vereador, cargo que cumpriu com muito mais lisura do que podemos esperar de um político. A estratégia dele foi simples, pediu licença para interesses particulares, após pegar cinco mil reais de empréstimo consignado, comprou uma Brasília “no estado”, fez um lote de panfletos e saiu a pedir votos aos colegas e populares, cara a cara. Funcionou e provou que ninguém precisa ter rabo preso, por financiamento de campanha, para se eleger com boa margem de votação.


Muita gente afirma que quem vota é o dependente de cestas do governo e que por isso absolutamente nada adianta fazer contra. Essas pessoas dão poderes demais aos pústulas, e fazem parecer que o universo é uma entidade estática e que tudo sempre foi do jeito que está e jamais mudará. Os dois exemplos que citei provam justamente o oposto. Não vai acontecer em treze meses, tempo que temos até o próximo pleito, mas é possível sim mudar para melhor a mentalidade do eleitorado.


Sim, é verdade que muita gente ainda pensa que o governo inventa dinheiro e que os políticos são sacerdotes desta cornucópia.  Na realidade é uma triste e esmagadora maioria. Por isso este artigo é uma trilogia e pedi que lessem primeiro os textos anteriores, para se prepararem e terem condições íntimas necessárias à mudança que urge. E asseguro que não precisam isolar-se em uma montanha longínqua para essa preparação, seis meses insistindo e seus entes mais próximos já notarão a diferença, talvez menos.


Quando souberem de alguma notícia política importante, não se deixem levar por um meio de comunicação. Eu consulto no mínimo três e ainda fico atento à reação popular, que quase sempre é nula. Ser político é quase sinônimo de ter amizades e inimizades inescrupulosas, por isso é extremamente difícil que uma reportagem consiga isenção suficiente para ser confiável, isso quando o repórter quer ser isento. Leia o que as publicações das mais diferentes ideologias dizem e observe onde elas convergem, é de lá que deverá partir a tua análise. Sempre há um ponto de convergência, por mínimo que seja, ou uma das matérias é completamente inventada, aí é outro assunto e outro escândalo.


Fica mais difícil analisar os candidatos à medida que os partidos arreganham as pernas para qualquer um se candidatar, por critérios quase sempre espúrios. É uma tática simples e eficiente, encher a propaganda eleitoral com candidatos insignificantes para que as atenções do eleitor se voltem para os menos ridículos. O circo de horrores que temos a cada biênio, leitorado, é proposital. Apesar de vez em quando o tiro sair pela culatra e uma zebra se eleger. Fica menos difícil selecionar os candidatos se vocês já tiverem em mente as suas prioridades, se souberem o que querem que o eleito faça. Com isso os discursos cheios de retórica enfeitada e prolixidade fútil perdem força, porque vocês já sabem o que precisam ouvir e não darão importância àquilo que não for de seu interesse. Os que não tiverem planejamento de trabalho nenhum, estes não passarão pela peneira. Foque, por exemplo, no tripé educação-saúde-segurança. Nenhum parlamentar, nenhum executivo consegue trabalhar com tudo ao mesmo tempo, mas pode dar manutenção do que não for o seu foco. Podem, por exemplo, cobrar a preservação da malha viária enquanto concentram seus esforços na restauração do ensino público. Outro pode pedir boletins diários da segurança enquanto fomenta a geração de empregos.


Se vocês souberem o que mais lhes incomoda, saberão exatamente o que cobrar deles. Em um comício ficará extremamente difícil o candidato safar-se de uma pergunta impertinente aos seus planos. Em uma época em que até canetas podem gravar horas de vídeo de boa qualidade, fica extremamente fácil colher provas de tudo o que aconteceu durante o debate. Sim, agora vocês estão tendo um clique! A tecnologia avançou e miniaturizou tanto, que é praticamente impossível não ser registrado com fiabilidade e qualidade em eventos públicos. Os celulares com câmeras de seus filhos irritam de vez em quando! Mas na ocasião deixem-nos à vontade. Combinem com vizinhos, amigos, parentes e o Zé Pereira para fazerem perguntas indiscretas e denunciantes, como de onde saiu tanto dinheiro para tamanha campanha, ou quem são seus suplentes e qual o seu histórico.


Usem a abusem da internet. Arquivos de texto, áudio, vídeo, imagens comprometedoras, documentos, enfim, tudo o que pode servir de prova contra ou pró está a um clique. Digitem o nome do indivíduo, sempre entre aspas para que só aquela combinação seja buscada, em qualquer motor de buscas e “Abra-te Sésamo!” a vida pregressa do cidadão estará diante de seus olhos, todinha, sem nada a esconder. Sabem aqueles vídeos que um juiz amigão tirou do youtube? Tenha certeza de que alguém baixou e salvou, é só procurar... Isso se já não estiver circulando por e-mails na época da campanha.


Aliás, não se furtem o direito de cobrar provas concretas de que:


1.   -  O candidato tem condições de cumprir com o que está prometendo, isso inclui provas de que o partido não vai boicotá-lo por tentar agir direito. Há muitas cousas que eles podem fazer sem depender do partido, mas outras não;


2.  -   O candidato vai cumprir com o que está prometendo. Vale registro em cartório de que a falta com a palavra equivalerá à renúncia automática, e que o suplente vai fazer o que ele não fez. Vale ele provar que sua filiação partidária tem prazo de validade e pode ser cancelada;


3.   -   O candidato vai levar o projecto até o fim, ou seja, não deixará o mandato na metade para se aventurar a outro cargo eletivo. Este é um ponto eliminatório, pois diferencia o político profissional de um embrião de estadista;


4.   -    O candidato, se eleito, empregará seu suplente e funcionários públicos de carreira em seu gabinete, e só os que forem realmente necessários. Mais, esses assessores deverão ter funções e horários a cumprir. De preferência, uma das funções deve ser a de manter o eleito informado sobre tudo o que for relevante. O suplente, caso precise assumir, estando a par de tudo não terá dificuldades em dar andamento ao trabalho;


5.   -  O candidato, quando eleito, seguirá o conselho de técnicos e pesquisadores de cada área, não de correligionários, de pastores, de familiares, enfim, ele deve provar que dará ouvidos e acatará o laudo de quem realmente entende do assunto que estiver em pauta. Isto seria garantia, também, de que ele leria o que está sendo votado, em vez de assinar somente porque seus simpatizantes pediram que assinasse;


6.    -  Se o candidato preencher todos os requisitos, que são o mínimo indispensável, então vocês podem estudar se votam ou não nele.


Reportagens completas das mais diversas fontes estão nos sites de jornais e revistas, podem procurar que o acesso quase sempre é livre. Dêem especial atenção às charges políticas (como estas) que são retratos estereotipados da realidade. O humor pode dizer muito mais e de forma mais eficaz quem é aquele candidato, do que uma rodada sisuda de debates, onde cada um coloca o que lhe convém, e no fim tudo termina em palavra contra palavra.


O velho ditado “Muito ajuda quem não atrapalha” é de grande valia. Porque não podemos esperar que milhares de Negros Jobs  e Reguffes apareçam de uma vez em um só pleito. Na dúvida, quando não souberem em que idiota votar... Valham-se da pesquisa que tiverem feito e votem no que perceberem que não vai tentar atrapalhar, aquele que não vai meter a mão descaradamente, que não vai chantagear e ameaçar o executivo, por demissão sob provas de ilícito de correligionários, enfim, que não vai tentar jogar o país no caos para se vingar do executivo eleito. Coisa de partidos reacionários.


Dos males o menor, leitorado. Não podemos esperar que tudo se conserte de uma hora par a outra, mas tirar do caminho a praga que coloca o orgulho do partido acima da estabilidade nacional, já é um avanço significativo.


Sei que vai doer muito, mas deixem de lado ideologias, simpatias, inimizades e outras pessoalidades na hora de escolher o candidato. Aquele que mais lhe parece antipático, pode ser justo o que tem mais condições de fazer o que queres ver feito. Eu tinha receios com a eleição de Merkel para premier da Alemanha, mas é quem está segurando tudo nas costas... parece até sina dos alemães carregar a Europa durante crises. Eu estava errado em relação à ela, talvez até tivesse votado contra, se eu fosse alemão; teria votado errado.
 A ideologia, que outrora servia de farol para guiar os passos de uma pessoa politizada, hoje é apenas pretexto para colocar a segurança pública em risco. Devemos deixar de votar contra um inimigo, para votar em prol do país que queremos ter, com isso qualquer inimigo potencial fica instantaneamente neutralizado, como um vírus medíocre que se depara com um organismo forte e pleno de saúde. Levem em conta as necessidades do país. Esqueça interesses, que o momento não é de reivindicações sectárias, muito menos individuais. O país precisa ser reconstruído do zero, e disputas de lobistas só fazem atrasar essa reconstrução. Quem tem aspirações legítimas não precisa de lobista, que age sempre por debaixo do pano se lixando para quem vai morrer por causa do que está pleiteando. Quem tem aspirações legítimas, se organiza e põe a boca no trombone, faz pressão até que as fezes políticas sejam expelidas do organismo público.


Nós não temos o que escolher para fazer primeiro, porque tudo está por ser feito. Os últimos vinte e cinco anos de governo dilapidaram a infraestrutura que foi construída até então, fazendo muita gente boba ter saudades da ditadura. O que os eleitos precisam fazer é reprojetar o Brasil inteiro. É para isso que temos um governo, para cuidar da coisa pública enquanto cuidamos de nossa parte na vida cotidiana. Eles são muito bem pagos para isso.

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