18/04/2011

Como comprar medicamentos

Fiscal é duro porque também tem família!
É triste eu ter que vir à rede para esclarecer meus leitores, a fim de que estes esclareçam à maioria completamente ignorante da população. Parece forte, o que eu disse, mas infelizmente é o que o brasileiro é em relação ao que deveria ser de seu interesse, especialmente porque este interesse em particular pode mutilar ou matar o paciente.
  • Medicamento não é doce, é uma droga e pode matar. Muitos recebem artificialmente sabor desagradável justamente para mostrar isso. Não que o fabricante não queira lançar testosterona sabor chocolate, para que os meninos fiquem bombados e malvados, tal qual ao super vilão da moda, que não se sabe como bateu em um herói invulnerável apenas para vender revistinhas estúpidas. Isto só não é posto em prática porque a Anvisa ainda consegue não deixar, pois político ignorante querendo permitir existe. Então só compre o que realmente precisar, e quem vai dizer isto não é o balconista, é o médico. Se dependesse do balconista, analgésico seria vendido em forma de jujuba, com açúcar, sabor, corante e tudo mais.

  • Só vá comprar aonde o fiscal puder entrar. Particularmente eu não compro de drogarias e phamacias on line, simplesmente porque eu não vejo as condições ambientais, a limpeza, a integridade predial nem o nível de porqueira em que está o funcionalismo. Há muitos sites vendendo drogas e cosméticos, praticamente todos utilizam serviços totalmente terceirizados, ou seja, é um bando de sujeitos trabalhando para alguém que quase ninguém sabe quem é. Tu não tens como saber se a temperatura ambiente está adequada, recomendada a 25°C, se há mofo ou infiltrações nas paredes, se o empilhamento máximo permitido é respeitado, se há controle de pragas no local, se as caixas são acomodadas sobre paletes, se há um responsável técnico, enfim. Nada do que descrevi é frescura, tudo é obrigatório e nossa Vigilância Sanitária autua cotidianamente gente que não respeita um só destes preceitos, pois um só pode estragar o medicamento, que é um composto delicado, sensível até mesmo a choques.

  • Aliás, indo ao estabelecimento, verifique tudo o que eu disse. Se a temperatura ambiente não estiver fresca, dê meia-volta e não olhe para trás. Quando eu digo "fresca", é clima europeu mesmo, porque ainda hoje apreendemos medicamentos à base de sódio que já devem ter cálculos, tamanho o calor em que estavam armazenados, sabe-se lá desde quando. Veja a limpeza, pois o cuidado que o estabelecimento tiver com o prédio, não terá muito mais com o estoque. O alvará sanitário deve estar visível ao cliente, se até fim de Março não tiver sido renovado, desconfie. Há a obrigatoriedade de um responsável técnico, que deve ser necessariamente um pharmacêutico formado e regularizado no Conselho Regional de Farmácia. O cheiro deve ser o enjoativo e típico cheiro de hospital, qualquer aroma pode causar reações (físicas ou psicológicas) e induzir à compra de um remédio desnecessário. Se uma barata te disser "Hello, hello" diga "Good bye, my love, good bye" e chame um fiscal sanitário. Baratas e ratos roem, abrindo caminho parta todo tipo de contaminação, além das suas próprias. Ei, o dinheiro é teu, a saúde é tua e escrúpulos nem sempre fazem parte dos procedimentos operacionais de uma drogaria, principalmente as que não têm sede física.

  • Desconfie de promoções. Um medicamento que está a um mês do vencimento, ainda que armazenado com todo o zelo do mundo, pode não ser consumido até o fim da validade. Certo, talvez alguns dias depois do vencimento não façam mal. Concordo, mas pelo que quer que te aconteça à meia-noite e um minuto, drogaria e laboratórios estão isentos de qualquer responsabilidade, eles podem vestir a túnica de anjinho e sair tocando harpa por aí. Então veja se há pelo menos três meses de prazo até a expiração da validade, pois é o que dura a maioria dos tratamentos. Para não dizerem que estou urubuzando o pessoal, é comum as empresas oferecerem descontos para evitar prejuízos, pois medicamento vencido deve ser incinerado por uma empresa autorizada, isso custa caro; pode sair mais barato para eles te darem o remédio do que mandar para o forno.

  • Não querendo desprestigiar o artista, tu conheces algum deles? Sim, porque o que tem de artista veterano, e muito novato, sendo recrutado para fazer propaganda de medicamento, não está no gibi. Especialmente daquelas drogarias que não podem ser fiscalizadas a contento, simplesmente porque não passam de uma página na internet com atendimento por telemarketing, ligado directamente a um depósito invisível ao cliente, sem alvará à vista, sem responsável técnico que te olhe nos olhos, sem chances de reclamações, pois não sabes quem te vendeu aquela porcaria que veio estragada. Sem quem se responsabilize pessoalmente, e criminalmente, pelo que te acontecer pelo uso da droga vendida, prefira pagar mais caro para quem inclui uma sede física na planilha de custos. Essa conversa de que preço é tudo não passa de papo furado de vendedor, as despesas de um enterro oneram muito mais do que um antibiótico de primeira linha, vendido com todas as garantias. Se não puder comprar direito, é mais garantia ficar sem.

  • Barrinha de cereais, suplementos alimentares e afins não são medicamentos. Infelizmente o abuso, e a inoperância da maioria das vigilâncias sanitárias do país, torna proibido incluir indicação terapêutica em alimentos. Há uma turminha cabeça-quente na Anvisa pela qual até chocolate precisaria de receita médica, de tanta propriedade medicinal que descobrem todos os dias. Também há uma turminha que não tem o que fazer e inventa normas para revogar logo depois. Então ajude a manter esses dois grupos sob controle, deixando os técnicos trabalharem em paz; chás e alimentos fazem bem, mas não podem ser vendidos como substitutos ou mesmo complementos para um tratamento. Isto, se for necessário, deve ficar entre tu, teu médico e um nutricionista, caso realmente precise. Não tenha pudores em denunciar, pois eles não teriam pudores em te mandar para a cova.

  • Feira livre e camelô não têm autorização para vender medicamentos e cosméticos. A maioria não tem sequer autorização para montar uma banquinha na rua! Eles não têm climatização, quase sempre não têm higiene, quase nunca têm conhecimento médico e muito menos competência para fornecer um antídoto. Quer milagre? Procure uma igreja, se for de teu mérito ele pode até acontecer, mas nunca confie no que o homem faz. Igrejas sérias não dão pitacos à revelia do teu médico, só para adiantar.

  • Ervanarias são legais, no sentido jurídico da palavra. Em Goiânia nós tivemos uma grata surpresa, elas aderiram em massa à legalização e poucas preferem se manter nas trevas da ilegalidade. Valem todos os conselhos supracitados, salvo o responsável técnico, que o bom senso ainda tem lugar na nossa Visa, eles podem ser assistidos pelo pharmacêutico de uma cooperativa. Em resumo, quem quer trabalhar legalmente não desperdiça a chance, então abra o olho e saia de fininho se o "raizeiro" vier com conversa de isenção fiscal e outros. Raizeiros de verdade, hoje, quase não existem mais.

  • Há algo que vocês precisam saber sobre medicamentos... Bem... Eles são uma excessão no Código de Defesa do Consumidor. Medicamentos só podem ser vendidos com garantia de manejo, assistência técnica e armazenamento adequados, se ele sair do estabelecimento varejista não não haverá mais como garantir que foi correctamento armazenado. Quase sempre o comprador sai com a sacolinha debaixo do sol escaldante ou qualquer intempérie, sem dar importância para o resto; só para dar um único exemplo. O estabelecimento até pode aceitar o medicamento de volta, mas não poderá sob hipótese alguma recolocá-lo para vender, arcará com o prejuízo. Ou seja, se não houver uma certa camaradagem entre vocês e aquela drogaria, o que comprar e não usar será dinheiro jogado fora. Por isto eu repito: Não compre o que não for estritamente necessário.
Infelizmente as reclamações que recebemos de outros Estados (pasmem!) são muitas. Desde matrizes alegando que em seus domicílios nada do que exigimos é citado, até contribuintes querendo que nossos fiscais se desloquem até lá, pois dizem que suas vigilâncias não operam. Já recebemos ligações até de Caxias do Sul!

Tudo isto, contribuinte, é fruto de tua incapacidade em selecionar e escolher teus candidatos. Tu não observa se ele tem um mínimo de conhecimentos gerais, quem são seus colegas de coligação, nem mesmo se ele sabe como fazer para cumprir uma promessa, pois não é só chegar lá e dar uma ordem para todo mundo obedecer, existe toda sorte de torpeza e baixaria para garantir que tudo permaneça como está. Tu, contribuinte, vota por simpatia ou protesto. Nem se preocupas em ter conhecimento e cultura para poder exigir direito! Qualquer malandro de terno e gravata te passa a conversa. Quer uma saúde pública decente, o que inclui uma Vigilância Sanitária independente de vereadores? Aprenda a votar e cobrar de quem elegeste. Quem tem dinheiro costuma financiar campanhas, por debaixo do pano. Laboratórios e distribuidoras de medicamentos, graças à tua negligência, têm muito dinheiro.

Um comentário:

Anônimo disse...

Falou e disse! Muito bom o texto, gostei do tom franco. Te espero no meu blog para ver as últimas fotos postadas, Nanael! E aguardo te próximo post. http://poeiraviajante.blogspot.com/ Abraços, Marina Toledo