Primeiro vou passar mel, para vocês verem que nem tudo está perdido. As pessoas começam a perceber que podem ficar em uma fila sem se esfregar e fungar no cangote de quem está na frente. Apesar daqueles que se mudam para apartamentos sem ter civilidade sequer para morar na roça, a população no geral está evoluindo e descobrindo que é bom ter um espaço para mover os braços, virar-se para os lados, enfim, que ninguém precisa se esfregar em estranhos para provar que não é frio e distante. Provavelmente isso será incorporado ao comportamento coletivo, quando a crise passar. Com isso fica mais fácil ler os gestos e antecipar os movimentos do outro, o que é péssimo para a criminalidade.
Também o hábito de virar o rosto para espirrar ou tossir, em vez de encarar o outro e chamar para a briga se reclamar, da sorte que provavelmente menos gente cutucando os outros com o cotovelo, para beber algo, é uma realidade consistente a se considerar. Em parte pelo temor de ainda se poder ser contaminado com algo, nos próximos anos o comportamento nos botequins será menos rude e beligerante. Isso se aplica à higiene, pois as pessoas já acessam quase que mecanicamente os frascos de álcool disponíveis nos estabelecimentos. Não é mais aquela coisa de ler o que está escrito naquela coisa esquisita que colocaram ali, e então decidir se usa ou não, a higiene do brasileiro está se alastrando para os ambientes externos, não mais apenas em tomar banho todos os dias e escovar os dentes após cada refeição; o que convenhamos, é bem mais do que a maioria dos outros povos faz. Também a saúde do próximo agora importa mais, o que poderá esfriar com o fim da crise, mas os resquícios já têm raízes para crescer.
As empresas com saúde financeira para se manterem durante a crise, estão aproveitando o hiato para reformular métodos de produção e refinar projectos. Além do mais, os que já estavam em andamento, e que por isso já tinham recursos disponibilizados, ganharam mais atenção e notoriedade, com isso também mais apoio. Mais ou menos como quando um conjunto de louças sofre um acidente e os remanescentes passam a ser cuidados com mais esmero. Como uma fábrica de baterias muito sofisticadas que escolheu o Brasil (ver aqui) como sede. Fora a imensa fábrica de baterias de lítio que a GM está construindo nos Estados Unidos, além da que a Tesla já tem. Estamos concentrando esforços e resultados em nossos territórios, tudo isso trará bons frutos para todos os setores da sociedade. Além dos avanços na indústria espacial com a volta de espaçonaves reutilizáveis, o sonho dos anos 1950 (ver aqui) foi reactivado.
A maior demanda fez até o presidente ver que a infraestrutura de telecomunicações no Brasil, inclusive a internet, é pífia; como todas as outras, aliás. Eles estão tentando ganhar tempo com gravações medonhas, afirmando que seu efetivo está todo em casa, mas isso não sobreviverá à crise. Se até a Globo corre o risco de perder a concessão, imaginem eles. Terão que se virar para prestarem integralmente os serviços que vendem, porque a vinda de empresas sérias do ramo será inevitável. E a menor emissão de poluentes tem feito as pessoas apreciarem seriamente o ambiente limpo (ver aqui e aqui), não falo de narrativas discursivas antissistema, as pessoas começaram realmente a se importar com água limpa, ar limpo, chão limpo e, em alguns casos, até consciência limpa. Paralelo a isso, as pesquisas das viações aéreas para combustíveis limpos estão avançando rápido, notadamente nos de origem vegetal; ou seja, carbono negativo, já que nem toda a planta é aproveitada na reação, parte então volta ao solo como fertilizante.
Um efeito colateral das pesquisas para uma vacina eficaz, é que outras doenças acabarão recebendo tratamento também, cedo ou tarde as substâncias descartadas para uso no covid 19 se revelarão eficazes para outros casos, talvez até como terapia complementar à pesquisa original. Também estão acordando para a necessidade de manter leitos hospitalares sempre prontos, com isso a produção de equipamentos e insumos médicos cresceu, o que acaba reduzindo o custo unitário de cada um, reduzindo os investimentos para construção de clínicas e hospitais. A disseminação forçada das técnicas de produção, bem como os aprimoramentos resultantes, farão a alegria dos acadêmicos de medicina e odontologia, quando se formarem.
Quando essa crise passar, as pessoas vão voltar às compras e às viagens com uma sede jamais vista, não haverá aviões, hotéis, empresas e prestadores de serviços suficientes. As empresas que voltaram a fabricar em seus países de origem terão muito, mas muito trabalho!
Agora vamos à bronca, mas se quiserem aproveitar um pouco mais e ler a segunda parte mais tarde, fiquem à vontade.
Tu, que chamas os outros de gado, que pensa ser a parte boazinha da história e que faz vistas grossas às atrocidades de seus ídolos! Vive dizendo "só queremos amor", enchendo as redes sociais com mensagens elevadas e de amor ao próximo, compartilha qualquer coisa que trate contra o que o outro fez ou teria feito, faz ou aceita interpretações forçadas bastando ser contra seu desafeto, usa bordões criados na guerra fria para desqualificar democracias, tu estás longe de saber amar.
Poucas vezes eu vi tanta gente destilando sua raiva e suas frustrações sobre os outros, seja presencial ou em redes sociais. A intolerância a conclusões diferentes de um mesmo estudo, quando o há, chegou a níveis dogmáticos, como se novas guerras santas eclodissem e cada um repetisse que deus é seu e ninguém tasca! Gente que se dizia boa e pacífica está praticamente evocando heróis ideológicos, alguns deles infanticidas, para assassinar o presidente e quem mais concordar com ele, seja em que grau for. E vice-versa. A mídia, depois de perder o auxílio-vistas-grossas, aproveita para se vingar e lucrar o quanto puder. A regra é simplesmente repetir à exaustão o que querem que vocês, patetas que pensam ser intelectuais, querem ouvir, mas do modo como eles querem que vocês ouçam.
Não é de hoje que a imprensa faz as coisas parecerem piores do que são, e até pintam de cenas de terror em situações que foram resolvidas sem maiores dramas, como aqui. Nas últimas crises o noticiário foi de apocalipse, digno dos canais de teorias conspiratórias mais mequetrefes, mas ornando com gráficos, estatísticas e efeitos de computador, para dar credibilidade. Findada a crise, eis que os países descritos como extintos estão sãos e prósperos novamente, como se toda aquela infraestrutura tivesse brotado de um colisor de hádrons.
Depois do que fizeram à Polônia, editando a imagem de um desfile e depois se fazendo de vítima de perseguição pela "extrema-direita", agora estão acusando os ucranianos de fazer apologia ao nazismo, por causa da bandeira rubro-negra em uma passeata pró governo, que é uma instituição ucraniana! E vocês, em vez de se certificarem da veracidade dessa bobagem, como exigem que os outros façam apontando seus dedos a eles, simplesmente acreditam e compartilham porque alimenta suas crenças e suas birras. Só lêem e compartilham o que terceiros, mesmo subliminarmente mandam, e ainda chamam os outros de gado!
A velha máxima de eliminar quem não tiver as mesmas crenças, tão combatida como artifício cristão medieval de dominação, ganhou sua versão digital. E indo além, ainda passam a falar mal do "ex-amigo". Não obstante o cenário de inimizades que só interessa aos verdadeiros algozes, vejo acontecer o mesmo em ambientes de trabalho e famílias, pelos menos motivos, com as mesmas reações e agravado pelos laços pessoais. Só que aqui não é tão fácil bloquear e fazer textão lacrador, porque as pessoas são de verdade, as situações são de verdade, e as punições que vierem também serão de verdade. Ou seja, não satisfeitos em dividir a população, agora dividem famílias também. Ajudar? Não, nem pensar! Vocês alimentam isso, dizem que é inviável porque o outro é uma ameaça, que ele se finge de amigo e quer matar todo mundo! Alguns vêem cenas de décadas longínquas e não contextualizam, simplesmente apontam seus dedos rancorosos e caçam briga com quem simplesmente achar aquilo bonito.
Toda aquela conversa de dialogar e não julgar foi segregada para o âmbito das conveniências, como não ver o que não quiser ver e não deixar ninguém mais ver, dane-se quem estiver no mesmo sofá e quiser tirar suas próprias conclusões, é terminantemente proibido! Diálogo, paz e perdão são reservados exclusivamente aos que cabem no discurso e a ninguém mais. Acusar os outros de nazifascistas, inclusive INVENTANDO critérios que caibam na narrativa, chegam a atingir até quem foi vítima do regime. O que ninguém quer é ouvir quem realmente sabe o que foi aquilo, a estes é reservada a difamação pela imprensa, que conta com o pronto e irrestrito crédito de vocês.
Vocês acusam, mas fazem precisamente o mesmo de que acusam os outros. A preocupação com as pessoas em dificuldades deixa de ser o objecto para ser um mero pretexto para a disseminação desse ódio. Não demora a aparecerem listas de pessoas que devem ser evitadas e, não muito depois, a serem hostilizadas, seja em rede, seja ao vivo. Daí para agressões físicas, é um passo que muitos de vocês estão dispostos a dar... aliás, já acontece. Pessoas já são terminantemente proibidas de emitir opiniões em suas próprias casas... inclusive eu. Eu já peguei nojo de discursos e discursadores. Vocês pensam que são esclarecidos, pensam que são cristão, pensam que são os bons história, mas não são. Vocês não sabem amar, não sabem compreender, não sabem perdoar, não sabem acolher, não sabem porcaria nenhuma! Não com quem não lhes convém. Repetem com pouquíssimas variações o que lhes for subliminarmente ordenado e arrotam virtudes que não têm, inclusive a da liberdade.
Às vezes me pergunto onde teria parado aquela produtividade te textos que tive outrora, quase sempre a resposta é que eu me cansei. Insisto de teimoso, mas aquela profusão de vários textos por mês em vários blogs especializados, além deste, já não tenho mais ânimo e nem paciência... nem quem merece esse trabalho todo. É também por isso que estou me afastando paulatinamente das pessoas. Se as já distantes sentem minha falta o não, não vem ao caso. Não é mais minha responsabilidade.
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