Só a manchete:
Patrão
irritado atropela e mata funcionário dentro da empresa. O empresário deixou o
corpo no local e foi jantar em casa. O caso está sendo investigado pelo 171DP.
Ele tinha três filhos e a esposa espera pelo quarto.
Só a nota de um jornal popular:
Patrão irritado atropela e mata
funcionário que se colocou no caminho de seu suv de luxo. O homem foi socorrido
no local, mas não resistiu e morreu antes de a ambulância chegar. A polícia
militar esteve no local e encaminhou o caso para o 171DP, que atende a região.
O empresário foi interrogado no local, com outros funcionários, e se
comprometeu a prestar esclarecimentos, depois foi para casa descansar.
A vítima tinha três filhos e a
esposa, desesperada, aguarda pelo quarto.
Notícia em um jornal grande:
No fim da
tarde de ontem, Honório Notório atropelou e matou o mecânico Manoel Beleléu, no
estacionamento interno de sua empresa. O empresário alegou que o funcionário
estava em um ponto cego e não pôde evitar o atropelamento, mas que parou sua
Grand Cherokee assim que sentiu o baque. Funcionários disseram à polícia
militar, que o colega gritou, mas o patrão só parou quando o atingiu.
Após
esclarecimentos à equipe de socorro e aos técnicos do 171DP, que atende a
região, o empresário visivelmente irritado foi liberado, com o compromisso de
comparecer à delegacia, para prestar maiores esclarecimentos. O advogado do
empresário disse que não dará declarações até estar ciente do acontecimento.
Uma
funcionária afirmou que os dois discutiam há muito tempo, sobre o modo como os
serviços eram feitos, e que se desentenderam mais de uma vez. Às vezes os dois
saíam para lados opostos e ficavam dias sem se falar.
Manoel
Beleléu era pai de três meninas, sua esposa Maria Fofucha Beleléu está no
sétimo mês de gestação da quarta. A viúva não quis dar declarações, estava
visivelmente incapacitada de falar a respeito, motivo pelo que a psicóloga da
Polícia Civil Irene La Cerda Dura a dispensou e pediu à reportagem que não
fosse incomodada.
Notícia completa:
O Sargento
Garcia González e o Cabo Sancho Pança, da Polícia Militar, atenderam a um
chamado e rumaram para a loja de carros da Praça da Carroça. No local,
encontraram o empresário Honório Notório acolhido pelos funcionários, em
prantos, enquanto o chefe de mecânica Manoel Beleléu agonizava, enquanto
esperavam pela chegada da ambulância, que estava presa no trânsito. A polícia
civil chegou pouco depois da viatura militar e já começou a fazer o trabalho de
perícia, para determinar os acontecimentos antes de a imprensa começar a especular
e distorcer os factos.
A
ambulância precisou de uma hora para se desvencilhar do trânsito e chegou ao
local com a vítima dando seus últimos suspiros. Apesar de todos os esforços dos
paramédicos, Manoel não resistiu e faleceu antes de ser embarcado para o
pronto-socorro.
Segundo
relatos e apuração da polícia, o empresário estava furioso com fornecedores e
tinha se decidido a contractar empresas estrangeiras, mas recebeu um telephonema,
entrou apressado em seu carro e o funcionário teria ido logo atrás, gritando
por ele, mas o nível de ruído da oficina impediu que fosse ouvido. Honório
engatou a ré e lançou Manoel contra uma coluna de concreto, causando o
traumatismo craniano que o matou. O motorista desceu para ver o que acontecera
e se desesperou ao ver o homem ensangüentado no chão.
Manoel e
Honório eram amigos de infância, nasceram e foram criados no mesmo condomínio,
mas Honório conseguiu progredir mais na vida e acabou se tornando patrão do
amigo de infância. Os dois discutiam há muito tempo um modo de diferenciar a
empresa dos concorrentes, e o nível de ruído era um dos pontos principais, mas
o nível da prestação de serviços que encontraram no Brasil os deixava mais
desapontados e irritados a cada reunião. Chegavam a ficar dias sem se falar,
para não tocarem no assunto e voltarem ao projecto com a cabeça fria.
Na manhã em
questão, Honório tinha recebido uma notícia grave da família e Manoel, sem
saber, tinha encontrado uma solução e foi contar ao amigo, ficando em área
proibida para pedestres sem perceber, quando aconteceu a tragédia. A psicóloga
da polícia civil conseguiu acalmar o empresário e aconselhou-o a contar ele
mesmo a notícia para a esposa, também amiga de infância do falecido, e para a
comadre Maria Fofucha Beleléu. As três filhas do casal, uma de sete, uma de
nove e uma de doze anos, tiveram a alegria pela gestação avançada da mãe
interrompida pela notícia trágica.
A companhia
de seguros e os advogados da empresa e da viúva, asseguraram que as
providências para socorro à família estão em andamento, e que o salário de
Manoel será depositado integralmente na conta conjunta. A casa onde Manoel
morava, construída pelo casal, estava repleta de amigos e familiares e eles
pediram que a imprensa respeitasse a dor da família. O advogado do empresário
está em Buenos Aires e se recusou a se pronunciar, até ter ciência de todo o
acontecimento, só afirmou que estava saindo de um funeral para outro.
Os
mecânicos da oficina da loja, em particular, disseram que os carros de hoje têm
muitos pontos cegos, alguns capazes de ocultar um caminhão. Isso teoricamente
os tornaria mais seguros em caso de capotamento, mas impede a visão eficiente
do motorista e, às vezes, nem mesmo câmeras de ré conseguem compensar o
bloqueio de visão, além de que o motorista nem sempre consegue monitorar três
retrovisores e mais monitores de vídeo ao mesmo tempo, especialmente com o
veículo em marcha.
O
fabricante do veículo afirmou que apenas segue as legislações de segurança dos
Estados Unidos, onde a Grand Cherokee foi fabricada, mas que está com pesquisas
em marcha para utilização de novos materiais que permitirão colunas mais finas,
e sistemas electrônicos de segurança para evitar mais acidentes como este.
Afirmou ainda que entrará em contacto com a polícia brasileira para obter
detalhes do caso, para orientar seus engenheiros.
Comentários da matéria:
O grupo
jornalístico pede desculpas aos leitores, mas o teor de agressividade, baixo calão
e de ameaças à integridade e à vida, nos obrigou a deletar os mais de cem mil
comentários já feitos, e bloquear a opção nesta matéria.
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