30/05/2009
Sobre as gatonas
23/05/2009
Meninas crescem primeiro e mais.
Até a bélle èpoque, não havia contestação, o "homem" era o senhor absoluto do planeta, juiz e algoz de tudo o que não tivesse maioridade e os cromossomos "Y". Ninguém discutia, a não ser alguns subversivos que se metiam a ser justos, fraternos e realmente cristãos com todos, não somente com os homens ricos e maiores de idade.
Mas veio a Primeira Guerra e as mulheres tiveram que sustentar casas, não nos rincões mais afastados da Baviera, ou no fiofó da Sibéria, mas também nos grandes centros europeus. Então todo mundo viu que as mulheres também sabiam trabalhar muito bem, sem perder la ternura jamás. Mesmo sem querer, elas contestaram a hegemonia masculina que, convenhamos, o rolo de macarrão fazia miar fino. Salvo, claro, quando se casavam com um machão psicótico e frustrado que descontava nos mais fracos o que sofria no emprego. Elas raramente tinham escolha.
Aqui nascia formalmente o machismo, com ele o feminismo. Nas décadas seguintes, tentando se reafirmar, o cromossomo Y usou a mídia contra o cromossomo X, só porque o coitado tem as pernas abertas. Mas veio a Segunda Grande e mais terrível Guerra, e elas voltaram à labuta fora de casa. Quando a guerra bélica findou, começou a guerra dos sexos, que dura até hoje.
A questão a ser ponderada, é que os longos séculos de incontestação impediram que o homem amadurecesse. Ele não tinha porque mudar. Pelo menos foi no que o levaram a crer.
Uma das maiores fraquezas masculinas é o apego ao prazer, seja ele qual for, o que o torna mais susceptível aos vícios químicos e psicológicos. Fica fácil perceber que a viagem de se acreditar superior a alguma cousa (principalmente aos membros de sua família) viciou fácil, fácil. O homem moderno (só na casca, meus filhos) passa hoje por uma síndrome de abstinência.
O homem é biologicamente (e mentalmente) retardado, em relação à mulher. Uma menina de treze anos, se bem educada e formada, já estaria apta ao casamento; um menino de treze anos ainda é um fedelho insuportável que faz campeonato de cuspe a distância.
Essa imaturidade crônica se reflete no menosprezo para com as cousas delicadas. Mulheres são delicadas, mulheres são (na cabeça do cuspidor olímpico) inferiores. Então o que for delicado não merece consideração. É este o raciocínio, por mais infeliz que seja. Com isto o gosto do homem da antiguidade, que era macho e gostava de flores, se perdeu na idade das trevas. Tudo patrocinado pelo Império Romano, com certeza o pai e mãe da misoginia ainda vigente, e o verdadeiro fundador do papado que nada tem a ver com o Cristo.
Agora peguem todo esse arcabouço milenar, misture à imaturidade biológica e à onda de conservadorismo estúpido que tem assolado a humanidade, et voilà, temos o comportamento do homem contemporâneo.
Raros são os homens que foram educados por suas mães, portanto raros são os que têm alguma maturidade emocional, conseqüentemente os que conseguem estabelecer vínculos espontâneamente. Daí eles gostarem tanto da moda de "ficar". É tudo o que os antigos romanos queriam, pegam uma garota, fazem o que querem com o consentimento dela e depois desaparecem. Compromisso demanda maturidade, segurança para com a própria sexualidade, capacidade para absorver e dissipar pequenas contrariações que as últimas gerações não têm. Elas querem tudo agora e de graça. Até as meninas estão sendo imbecilizadas, imaginem os meninos! Não demora e veremos grupinhos alisando um photossensor de trânsito, gritando e pulando ao redor dele, para depois jogarem um osso para cima.
É, meus queridos, o homem dos anos 1960, que estavam lidando com a aparente insurgência feminina, era mais avançado e maduro do que o homem de hoje. Ele pelo menos trabalhava com a possibilidade da justiça, o actual nem pensa em descer do pedestal de areia. Para piorar, existe uma indústria que divulga uma estética duvidosa que estimula almejar a qualquer preço. A agressividade faz parte deste preço. Pit boys fazem parte deste preço.
Em parte a culpa é das mães. Perdoem a sinceridade contundente, mas são as mães que educam a maioria das crianças. Elas não as estão preocupadas com que tipo de pessoas deixarão no mundo, querem que essas pessoas simplesmente tomem posse dele. Não é assim que o universo funciona. Ganhar com o outro é mais demorado, mas não depreda. Mas ganhar em cima do outro dá mais notoriedade e o ganho vem mais rápido, ainda que às custas de um rastro de miséria e rancores.
As crianças estão sendo estimuladas a subjugar o outro de qualquer jeito, desde que não sejam pegas. Isto não acaba com crises. Concorrência nunca acabou com crises, ela as cria. Concorrência é para animais irracionais, que não compreendem outro meio de sobreviver. Seres racionais cooperam. Mas para isto é preciso descer do pedestal de areia, é pedir demais. Cobrar o justo é impensável para quem engenha meios de justificar cada centavo a mais que cobra pelo que não vale metade. Enganar faz parte da agressividade, homens mal criados gostam de agressividade e a camuflam muito bem sob a infâmia do "São só negócios, nada pessoal". Mas não gostam quando são eles as vítimas dessa infâmia.
Mas pior do que o homem agressivo, é a mulher que pensa que precisa ser igual a ele. Nada mais medíocre e ridículo do que uma mulher descer de sua magnânima condição para se igualar aos homens. É usar um Porsche para tracionar verduras murchas de uma feirinha vagabunda.
A sociedade (eu, tu, ele, nós, vós, eles) estimula a emasculação feminina. Porque o que interessa é vencer o outro, é socialmente aceito que sempre existam desempregados e excluídos, mesmo se sabendo que eles poderiam formar uma sociedade à parte e sobreviver sem nós, só que eles não precisam saber, senão a guerra de egos vai para as cucuias.
A sabedoria feminina (ofuscada sob a poeira grossa da massificação da ignorância) prova que uma pessoa pode subir na vida sem vencer o outro. Que não se pode manter o modelo de expansão comercial, que a crise vigente freou graças à Deus. Que o outro não é necessáriamente inimigo, quase nunca é. Meu alfaiate é prova de que se pode melhorar a própria condição econômica sem almejar a clientela alheia, e o sujeito que fechou as portas hoje, quase em frente à dele, é prova de que ninguém tira clientes cativados, não importa quanto marketing se derrame.
Mães, ensinem seus filhos a serem homens o bastante para que usem camisa cor de rosa, para que saibam comprar cristais e consigam digerir decepções. Isto os tornará HOMENS, não simplesmente machos. O cavalo é macho, é forte, tem um pênis enorme, mas vive de quatro. Aliás, sabem como machão se abaixa para pegar o que caiu? Abre as pernas, arrebita o bundão e fica de quatro. Dobrar as pernas, nem pensar. Homem de verdade não é efeminado pelos bons modos, só os inseguros que morrem de medo de o de baixo cair, estes são sérios candidatos a soltar a franga na primeira oportunidade.
É certo que este texto me renderá muitos xingamentos, como na vida real eu sou xingado. mas aqui eu posso deletar comentários impróprios. Meus leitores não merecem ler demonstrações de cretinice, e peço-lhes que não as repliquem, deixem comigo.
Sabem quem está segurando as pontas da crise na Europa? A Alemanha de Angela Dorothea Merkel. Ela é mulher, sabe digerir decepções e não se deixa deter por elas. Uma Valquíria no comando do velho mundo está segurando a crise.
A atitude típica de um homem seria fazer arrochos a torto e a direito, sem se aprofundar nos meandros da situação, buscando apenas resultados imediatos (como no sexo) e contundentes. Roosevelt não governou os Estados Unidos sozinho, foi sábio o bastante para dividir o peso da responsabilidade com sua esposa, que o ajudou a dar as costas aos apelos dos burocratas e tecnocratas, fazendo o exacto oposto do que exigiam. Resultado, o país saiu ainda mais forte da crise de 1929. Obama, alegremo-nos, foi criado por duas mulheres de ferro e tem outra igual ao seu lado. Sabem por que Dilma Rousseff é tão bem cotada no governo Lula? As mulheres que agora lêem sabem.
Por que não entregamos de vez os governos à elas? Seria bom, mas ainda é cedo para os bebês chorões aceitarem isso. Temos antes que ensiná-las a resistir à baixeza, mediocridade e à mesquinharia que são o registro mais patente da política masculina. Imaginem Israel e Palestina se dando as mãos, fixando um prazo razoável para a unificação dos povos. Mas a imaturidade emocional dos líderes de ambos os lados (não só dos que aparecem na mídia) não admite isso, querem subjugar o outro a despeito do razoável relacionamento que o povão tem em ambos os lados. Guerra é uma mania masculina, para não levar desaforo para casa e se passar por superior, eliminar uma ameaça e logo eleger outra para ser destruída. Marte não é guerra, os homens esqueceram. Marte é ação, evolução rápida, as guerras, pelo contrário, paralisam a humanidade. A alegação de que guerras aceleram a evolução tecnológica é falsa e superficial. A tecnologia, como tudo mais, evolui quando se elege a evolução como prioridade. Foi a guerra fria acabar e os automóveis tiveram um salto tecnológico jamais sonhado pelos vulgos, porque foram tomados como prioridade. Isto é Marte com Vênus.
Lembremos, por falar nisto, que foi justamente o machismo que acabou com o carro eléctrico por duas vezes, e agora estamos correndo contra o tempo para viabilizá-lo. Andar sem fazer ruído não é cousa de "macho", tem que ser barulhento para marcar o território, não importa a que custo. Erasmo Carlos é que está certo. Não chegamos aos seus pés.
Meninas crescem primeiro e mais, justamente para educar os meninos. Moças, ao trabalho.
16/05/2009
Cheerleader
10/05/2009
Revistas
03/05/2009
Fuscassauro
Por volta de 1964, o nosso Fusca e o Fusca alemão eram praticamente idênticos. Poucas diferenças de caráter legal ou mesmo mercadológico os separavam. A partir de então, o Fusca lá de fora começou a evoluir rapidamente, e o nosso estacionou.
Em 1968, mais ou menos, o deles sofreu transformações profundas. Algumas delas (não todas) chegaram por aqui em fins de 1972. Suspensão mais estável e vidros maiores, por exemplo, ficaram de fora. Mas foi justamente no biênio 1972/1973 que o deles sofreu sua maior transformação, que podemos ver na ilustração acima; pára-brisas panorâmico, maior largura, porta-malas amplo, estabilidade impensável para o nosso, painel envolvente, enfim. O nosso Fusca, que já estava defasado, ficou pré histórico. Tivemos a vantagem do motor á álcool, que atingiu potências muito maiores do que o deles, mas isto se deveu mais ao empurrão governamental do que à vontade da marca em nos respeitar, isto ela nunca fez de verdade.
Quando o Itamar, falando francamente com os executivos, aventou a possibilidade de um Fusca moderno para motorizar as massas, o tonto aqui e muito mais gente sonhou com o 1303, ou no mínimo o 1302, pelo menos uma quinta marcha que já existe no mercado paralelo e da qual jamais soube ter dado problemas. Lhufas! O mesmo modelo 1964, maquiado e adequado à legislação de emissões da época. Eu gostei dos pneus maiores, próprios para a proposta do gordão, embora a maioria prefira pneus estradeiros mais baixos. O catalisador reduziu sensivelmente o nível de ruído... Que mais? Quinta marcha, mesmo que opcional? Não! Uma capinha plástica curva para um painel novo? Não! Rodas de alumínio opcionais? Não! O motor 1300 retrabalhado? Não! Freios decentes, em vez de os de motocicleta? Não! Nem mesmo a incorporação das setas dianteiras nos aros dos faróis, sequer uma capa aerodinâmica para o pára-choques dianteiro. Fomos enganados. falta completa de respeito para conosco e para com o genitor da marca, que nasceu dez anos antes dela.
A Chamonix fabrica réplicas de Porsche usando inclusive o motor 1600 a ar do Fusca, e exporta o dito. Não tem os bilhões de Euros que as multinacionais torravam até antes da última crise mundial, mas fez o serviço e adequou a maquineta de 1932 às legislações mais severas do mundo. Como? Ela quis fazer, simples assim. Não consultou uma empresa de marketing, institutos de pesquisas de opinião, não fez uma carta retórica de cem páginas para perguntar se poderiam fazer. Simplesmente contactaram um centro automotivo perto de Janiru mesmo, foram acertando a regulagem et, voilá, um motor de cem quilos gerando o mesmo que os de duzentos e poluindo ainda menos do que eles. Quem quer, faz.
Pois a situação, em menor escala, continua com todas as montadoras estabelecidas no país. À excessão, talvez, da Mercedes-Benz, mas que ainda nos deve algo.
Colocaram olhos de sapo e uma bocarra sob o pára-choque do Peugeot 206 e o chamaram de 207. Juro que fiquei boquiaberto com a cara de pau.
Alegam que os carros estão mais seguros, mais modernos, falham menos, dão menos manutenção, potoca e peteca. Tá. Tirem a electrônica e vejam se eles agüentam um ano de uso contínuo. Graças à electrônica é que estão dando menos problemas, graças à robótica na linha de montagem é que duram. Agora, faça um Opala com a mesma tecnologia. Fora a evidente facilidade em enfiar a mão e trocar qualquer peça sem descer e desmontar totalmente o motor, o que reduz dramaticamente a conta na oficina, se um dia precisar dela, a humilhação seria inevitável. Carros ditos modernos, quando quebram, podem ser jogados fora. sai mais barato comprar um novo do que retificar o motor antigo. Minha concepção de modernidade, lamento, é sinônimo de aperfeiçoamento e solução. vale para tudo, carros, calculadoras, televisores... tudo. Um Opala tem quatro metros e setenta de comprimento, mas é mais leve e robusto do que a maioria dos carros actuais de quatro e trinta. A electrônica e a robótica na linha de montagem estão servindo apenas para compensar a baixa qualidade estrutural. Não me venham com retóricas contrárias, a prática nas ruas me provou isto. Molhou? Joga fora.
Não pensem que é só com os carros. Estamos defasados em relação ao mundo e não é só culpa da gula burocrática e fiscal do governo. Temos muito mercado para productos de ponta e de primeira qualidade, ou não haveria tanto contrabando. Enquanto era fácil importar, apesar dos pesares, os artigos daqui acompanhavam os de lá, tinham que acompanhar se quisessem sobreviver. As restrições e a frouxidão estatal acabaram com a nossa festa. Hoje há um engessamento das linhas de montagem de tal modo, sob o eufemismo de racionalização, que uma simples pintura diferente obriga o comprador a abrir mão da garantia. A Kombi, por exemplo, que já teve saia e blusa, hoje só sai branca que nem pijama de hospital. Desculpem, mas burrice eu não confundo com modernidade, sem contar que a nossa Kombi deixou de ser moderna há bem uns trinta e cinco anos ou mais.
Não sei vocês, mas eu evito o quanto posso comprar qualquer coisa e cousa que não seja essencial, enquanto não se torne essencial. Não só por economia, mas para evitar dar minha contribuição para que continuem rindo de nossas caras. Carro? Só usado. Já tateei esses sacos de lata pelos quais a maioria baba, apertei com os dedos e vi chapas estruturais cedendo, sem contar que entrar e sair do banco traseiro é um tormento, por causa das soleiras muito altas; estas para compensar a fragilidade. Rigidez não é resistência, basta ver o vidro.
Não, meus queridos, da minha cara de batata não vão rir tão cedo. Tenho mais de duas décadas de praia com os automóveis, o que me levou a ter algum conhecimento técnico também nos outros ramos industriais. O que eu puder comprar usado no Brasil, comprarei usado. Usado não perde garantia, pois já a perdeu, e posso pintar e customizar como eu quero, como a fábrica não oferece não importa o quanto eu esteja disposto a pagar.