
15/12/2007
Quando criança...

01/12/2007
Camisinhas e camisolas

02/11/2007
Mudar? Não; Evoluir

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Entre outros que minha pérfida memória não me permite enumerar. Mas a minha proposta nunca foi ser um campeão de visitas e ganhar dinheiro com isto aqui, foi simplesmente apresentar minhas idéias do melhor modo que eu puder. Tanto que ainda nem sei embutir o endereço das páginas em uma palavra-link. Mas isso é para uma evolução já agendada.
A questão é que, para mim, mudar sem haver o firme propósito de melhorar é nocivo. Eu não sei simplesmente colocar uma figurinha legal lá em cima, na cabeça do blog e ficar rindo de como ficou bonitinho. Eu preciso de uma função para a mudança, ainda que seja facilitar a leitura ou apenas tornar o aspecto mais agradável. É isso que chamo de evolução. Para muitos a simples troca do nome de apresentação já causa um bem-estar imenso, mas não para mim. Eu fico com remorsos. Me sinto tendo traído a mim e às minhas convicções. Preciso de uma função para justificar uma mudança.
Por isso mesmo eu lamento informar aos que já se enjoaram, mas o papel de parede que escolhi para a minha página ficará aqui por um bom tempo, até que eu encontre cousa realmente melhor. Confesso, eu não sei mexer direito nesse negócio de internet e suas linguagens exóticas, mas isso é apenas un dificultador para o que já não quero fazer. Assim como continuarei a escrever philosophia enquanto as duas graphias indicarem a mesma coisa.
Mas eu já efetivei mudanças em mim. Sério. Há até quinze anos eu me vestia como qualquer um; jeans, camiseta, tênis, et cétera. Só que a camiseta ficava sempre para dentro das calças. Me diziam para ficar mais "à vontade" e eu retrucava que não ficaria à vontade transformando uma camiseta em minissaia. Bem, aos poucos parei de usar isso e hoje só compro camisas pólo, o resto é de alfaiate. Tênis? Não, obrigado, fico com um bom e confortável par de sapatos de primeira linha, que actualmente custa bem menos. Encontrei aí o meu visual anos 1960 que uso até hoje. O aprimoramento é o uso de canetas-tinteiro e relógio analógico. Parece um retrocesso, eu sei, mas foi uma boa mudança acompanhada de uma boa evolução. Isso me fez bem tanto quanto o refinamento dos meus modos, tanto à mesa quanto na lida pessoal. Assumi o tiozão que eu tentava reprimir sem saber direito o porquê, mas liberei o aparente conservador que sou. Digo aparente porque, bem, já estou explicando neste texto. Sou infinitamente progressista e democrático, mas não confundo liberdade com libertinagem. Por mim as pessoas poderiam andar nuas, em locais onde isso não ofereça riscos. Me disciplino para não cair nas garras aparentemente bonitinhas dos modismos, para não perder minha identidade. Quando for o momento de mudar, mudarei sem esitar. Não antes.
Gosto muito de uma boa rotina, isso talvez explique boa parte da minha resistência às mudanças, principalmente às desnecessárias. Pois mudar custa muito mais do que aprimorar. Para mudar com sucesso é preciso haver um bom planejamento, ou uma grande e urgente necessidade. Seria bom, por exemplo, ter dos anos 1950 a mesma proximidade e boa educação, a mesma qualidade dos productos, mas com as boas conquistas que há hoje. Uma coisa boa não precisa excluir a outra, isso é evolução.
09/10/2007
Alegria n° 1

06/09/2007
Onirautas IV, Um Sonho Chamado Hollywood

05/08/2007
Link Nobre

Para começar, podem ir esquecendo essa conversa de "horário nobre". Depois, dêem adeus às mega produções feitas por uma só empresa, provavelmente desaparecerão. Qualquer coisa muito cara será feita em consórcio. É batata.
O que vai acontecer? Já aconteceu, fiotes! E ainda está acontecendo. Desde que esse tal de You Tube deu as caras que qualquer mané consegue exibir seu trabalho, não em rede regional ou nacional, mas para todo o planeta e sem complicações. Na verdade, para o cosmos, pois creio que a Estação Espacial Internacional tem acesso à rede.
Há muitos sítios oferecendo seriados completos, programas antigos, propagandas em branco-e-preto, desenhos que já eram velhos quando eu nasci. E estão ganhando com isso. A maioria tem atalhos para patrocinadores.
Me digam, por que eu vou querer ver a oitava reprise de "Buchi, o Cãozinho Ninja do Barulho em Las Vegas" se posso rever Túnel do tempo ou A Feiticeira, ou mesmo as pilhéias de Ronald Golias?
Se as emissoras tiverem juízo, abrirão seus próprios provedores (enquanto ainda têm verba para tanto) e disponibilizarão lá o seu conteúdo, para que o público escolha o que e quando quer assistir, sem as complicações burocráticas que a já malfadada tevê digital está causando. Acredito que ela será como a máquina de escrever digital; veio tarde e já tinha o computador para enfrentar, cabou sucumbindo.
O patrocínio dependeria, quase sempre, de o usuária clicar no ícone do patrocinador, o que nem sempre aconteceria, fazendo os executivos rebolarem para convencer o povo a clicar. Mesmo assim há milhares de boas produções de baixo orçamento sendo postadas todos os dias, seja no You Tube, seja em seus recentes concorrentes. A verba seria pulverizada. Se isso é bom ou ruim? Para quem ganha com monopólios é péssimo. Para o restante da humanidade é uma maravilha. O acervo já existente não vai desaparecer, pois tudo já se encontra nas estradas da rede, tudo mesmo. Ainda que via e-mail, algo que juiz nenhum pode barrar. Também porque as grandes emissoras não são estúpidas, sabem que encolher é melhor do que desaparecer, e que suas marcas ainda valem muito para o opúblico, o que podem explorar facilmente.
Imaginem então meios alternativos de receita. Ao lado da tela de exibição do programa escolhido, haveria um menu com productos e serviços relacionados ao mesmo, com a marca do programa e da emissora, que assim ficaria menos dependente de anúncios. Por exemplo, em programas de cultura poderia haver um link para os productos das apresentadoras, como livros e licenciados. Haveriam casos nos quais isso pagaria todo o programa, o que geraria maior independência, não teriam que temer a perda de um patrocinador.
Vai uma dica de como dar um ar menos amador à sua produção: use edredons em portas e janelas para abafar o ruído externo, bem como almofadas por perto para reduzir os ecos que o microphone vai captar. Procure estender um lençol branco no chão para a iluminação ficar mais uniforme e, principalmente, ensaie um pouco antes de gravar, em frente ao espelho, para poder controlar melhor as tuas caretas e teu olhar de "heim? quem sou eu?" que sempre vejo nos vídeos.
Ah, sim, os artistas. Talvez a profissão sofra uma transformação radical. Haverá tanta gente boa ganhando fama, que praticamente todos conhecerão ao menos uma "celebridade" ao vivo. O status de actor ficará menor. Ana paula Arósio é linda, deslumbrante, mas terá que ceder espaço para outras, ainda desconhecidas, tão lindas e deslumbrantes quanto. Pois existem. Quem ganhou a aura mítica da televisão, ganhou, quem não ganhou não ganha mais. Os paparazzi sim, iriam penar. Por que vou querer ver uma ex bbb (boba, besta e banal) comendo salsicha na praça? O mesmo veículo que dará uma programação mais refinada, ao menos para mim, também me fornecerá imagens de moças bem melhor apessoadas fazendo coisas bem mais inteligentes.
Para ser CELEBRIDADE a pessoa terá que fazer por onde. Sim, virão à tona baixarias que o medo dos patrocinadores não permite, mas estamos no mundo dos homens. O que importa é que muita gente valorosa e talentosa terá seu espaço oficial e poderá viver disso.
Imaginem os fóruns que vocês freqüentam tendo, pelo menos, seu próprio programa. Como a Ni TV, apresentada por Flávia Pegorin, Clarissa Passos e Viviana Agostinho directo de San Francisco.
Onirautas III; Os Sonhos de Zezinho

28/07/2007
Memorando I
Atenciosamente;
Jocasta Nero Bonaparte de Nazaré
Rainha do Egipto e inventora da roda.
06/07/2007
Onirautas II, A Redescoberta do Onírico
Quanto sofrimento vão seria evitado se a psicoterapia fosse mais aplicada? Se os sonhos fossem levados mais à sério? Se em vez de desprezar os sentimentos dos adultos, estes fossem estimulados a aprender a conviver com eles?
Quase impossível calcular, tanto quanto a fortuna que as pharmoquímicas perderiam, pois haveria muito menos viciados em psicotrópicos, que chegam a cometer qualquer atrocidade para se isolarem dos sentimentos que os assustam. Subverteram Descartes.
Houve no século XIX um homem que se atreveu a dizer que as pessoas não são só matéria, que há um factor a mais. Sigmund Freud era um cientista respeitado no meio acadêmico. Médico experiente, daqueles que percebem quando o paciente mente ou não se lembra de todos os sintomas que sente. Conversando com eles, Freud percebeu que boa parte dos problemas comportamentais e de saúde nada tinham de causas orgânicas, mas eram uma espécie de bloqueios não físicos que impediam as pessoas de se realizarem. Muita gente ficou de orelha em pé ao saber desses estudos, mas cabelos arrepiaram mesmo quando ele começou a investigar os sonhos de seus pacientes, talvez até os próprios. Nisso (re)descobriu que o subconsciente manda mensagens continuamente para as pessoas, mas estas estão ocupadas demais tentando ser sérias, adultas e socialmente respeitadas. Se hoje isso cobra um preço alto, imagine na época em que uma mulher mostrar os pés era um escândalo! Pois escândalo maior Freud produziu depois, se atrevendo a falar de sexo na frente dos cientistas sérios e respeitáveis de sua época. Ele conseguiu ligar as travas e todo tipo de anseios à repressão sexual. Mais: disse que bebês têm sexualidade! Horror! Horror! Se nem os pais têm sexo, como os santos rebentos teriam? Mas ele estava aí para a celeuma? Não, não estava. Convenceu-se de que precisava ir adiante e foi, o cabeça dura.
Não demorou e conseguiu muitos discípulos, entre eles Carl Gustav Jung. Jung e Freud trocaram correspondências aos baldes, os carteiros conseguiram justificar seus salários só com o trabalho que esses dois davam. Os encontros eram férteis para ambas as partes. Mas o que era bom durou pouco, Jung desconfiava que algo tão complexo como a mente humana não poderia ser travada só por questões sexuais. Houve a fissão. A cabeça dura, antes um aliado, impedia Freud de raciocinar livremente e aceitar as idéias de Jung, que lhe pareciam tão ridículas quanto as próprias ainda parecem aos olhos dos céticos radicais. Jung começou a falar de inconsciente coletivo, arquétipos, jogar tarot, I-ching, et cétera. Os defensores de que o que não pode ser pesado, picotado e reproduzido em laboratório não tem o direito de existir, logo atacaram, dizendo que suas idéias eram tão absurdas que até o mestre as rejeitava. Claro que exageravam e ainda exageram, assim como não fazem a mínima questão de investigar científicamente para descobrir do que se trata.
O facto é que os tratamentos que levam o ser humano como ser humano, não como mero monte de massa biológica, funcionam. Demoram muito mais do que drogas (por isso mesmo dificilmente viciam), mas os resultados existem para quem quiser estudá-los. A banda podre das pharmoquímicas não quer, nem os orgulhosos que se iludem achando que sabem e controlam alguma coisa no mundo. O tratamento não-químico funciona, eu sou a prova viva disso.
Com certeza as obras desses dois cabeças-de-ferro inspirou o surgimento do surrealismo nas artes, que nos revelou o gênio arrogante e extremado de Salvador dali, que em suas obras nunca fez questão de esconder as conturbações de sua mente. Aliás, caso raro em que alguém viveu muito bem de sua doença.
Freud e Jung deveriam ter estudado suas diferenças, em vez de usá-las como escudos. Não se sabe onde teriam chegado se não tivessem rompido, mas estaríamos anos-luz adiante no tratamento de distúrbios mentais. Acontece que Jung nunca negou que a repressão sexual tinha forte influência no comportamento de sua época, apenas disse que não era a única coisa. Seu "pecado", talvez, tenha sido admitir a existência de coisas que o racionalismo irracional da revolução industrial jogara para debaixo do tapete. Afinal, um operário que sonha tem idéias, se tem idéias pode não aceitar a exploração selvagem, daí podem tirar suas próprias conclusões. São coisas ainda hoje taxadas de misticismos, por pessoas que se recusam a estudá-las como o fazem com as obras freudianas e junguianas. Interpretar sonhos, ler arquétipos, jogar palitinhos chineses, cartas de tarot então! Tudo aquilo cheirava a bruxaria, superstição que a "verdadeira ciência" banira e da qual as pessoas não precisavam ter medo. O medo agora eram a fome, a guerra, o extremismo religioso, mas não aquilo.
Acontece que a corrupção é racionalista, não admite a menor hipótese de que as pessoas conheçam a si mesmas, sob o risco de seu palanque ruir. Ainda hoje o ocidente reluta em aceitar o que vem funcionando há milênios no oriente. Nem vou falar em questões espirituais, dharma e karma.
Certa feita tive uma vizinha com dois filhos, um deles tinha um medo irracional de cães, mesmo os de bolso. Na realidade, bastou ver a mulher furiosa uma vez para perceber que ela se assemalhava a um cão nesse momento, e chegava a rosnar. Remédios atenuam os sintomas? Sim, atenuam. Mas o problema persistiria. O paciente ficaria dependente pelo resto da vida. $$$$$!!! Chega o momento em que nada mais funciona.
O que mais pesa contra o factor onírico é que ele leva, inexoravelmente, a uma série de conhecimentos milenares que são rejeitados pelas academias. E um conhecimento leva a outro e assim por diante.
Apesar de tudo, a redescoberta do onírico não foi freada, por mais que se tente encobrir seus benefícios e difamar seus estudiosos. E vem em excelente hora. Desde os primeiros escândalos de Freud que a humanidade vem se tornando mais imediatista e impessoal, desprezando o bem-estar e os sentimentos alheios. Não confundir respeito à privacidade com indiferença, esta tem prevalecido em um mundo voltado exclusivamente para a satisfação imediata e a comodidade. Também por isso muitos orientais não gostam do ocidente, é freqüente um árabe ou um japonês tradicional ser alvo de cochichos nos corredores das universidades, não importa o quanto sejam competentes, mentalmente abertos e dedicados às pesquisas. Não crer é diferente de respeitar, o primeiro é acessório, mas o segundo é compulsório se houver o mínimo de bom senso. Sei que isso vai destruir os sonhos (epa!) de muita gente, mas a ciência formal é machista e segregatória. É uma fogueira de vaidades como qualquer ramo onde existam prestígio e autoridade em alguma coisa. Cientista é gente. A competição é muito maior do que a cooperação, afinal é essa a "lei da seleção natural", conforme deturparam Darwin.
Ainda assim eu sonho, aprendo com os sonhos e ponho em prática, na medida do possível, o aprendido. Pois a mente não é capaz de conceber o que não conhece, qualquer psicólogo recém formado sabe disso. Tudo o que temos a aprender está no subconsciente, tudo o que existe está lá registrado, se deixarmos de arrogância e aceitarmos sua ajuda, aprenderemos não só o que buscamos, mas também o que já somos. Uhm... Meio poético, talvez por isso mesmo desagrada a quem não vê seriedade no que não tem aridez. Ainda que os trabalhos de Freud e Jung não sejam para leigos, têm sua poesia, seu encanto subjectivo e estético. Toca no fundo da Alma dando a entender que, se a química falhar, haverá esperança no subconsciente. Mesmo que não haja cura, haverá uma vida melhor e mais dígna. Pois convenhamos, há cegos que não trocam sua percepção apurada por dois olhos sãos. Muitas cegueias ópticas, antes de sua conclusão, denunciam problemas cardiovasculares e imunológicos que os tratamentos alopáticos não detectaram. Depois de uma boa terapia o paciente está pronto para viver (e não enfrentar) a vida.
Outra coisa que os sonhos nos ensinam , é que somos nós os nossos maiores inimigos, não o vizinho estranho de hábitos anormais. Isso não entra nas cabeças da maioria das pessoas, soa ilógico, tão ilógico quanto uma partícula subatômica que parece adivinhar quando queremos observá-la. Enquanto um grupo consome recursos para provar que "Deus não existe", outro crescente usa recursos nem sempre maiores para resolver os problemas da humanidade. Não conseguem explicar? Vêem se realmente funciona. Funcionou, passam a estudar o que conseguirem. É assim que age um cientista de verdade, foi assim que agiram Freud e Jung, que mesmo separados plantaram a semente de sanidade, a mesma que poderá ser a diferença entre o colapso social e a retomada do progresso e da tentativa de união mundial. Um sonho distante, mas não inacessível.
Encerro esta onirisséia dizendo que a natureza não é estúpida. Tudo o que existe é útil, ainda que seja o seu cunhado, ele pode servir de peso de papel. Sonhos criativos não existiriam se não tivessem serventia, portanto não são simplesmente reparadores cerebrais e revisores da rotina diária. Para isso bastaria atenuar a maioria das funções cerebrais, sem gastar energia na produção de imagens complexas e malucas. O que teria nos condenado à idade das cavernas pela eternidade. Por conseqüência, nos privaria do que somos capazes de fazer de bom, belo e et cétera. Falei demais. Tchau.
10/06/2007
O Ocaso da Escola
Imaginem, principalmente os corinthianos, se por algum motivo, seu time desaparecesse. Se de uma hora para a outra ninguém mais desse imoprtância às glórias, aos serviços sociais, aos paradigmas e ao respeito que tanto trabalharam para conquistar.
NÃO, NÃO PULE DA JANELA! Eu disse apenas para imaginar, não para colocar em prática! Não quero que me cacem por apologia ao suicídio.
Respire pausadamente. Isso. Agora, que já sentiste a agonia da impotência, tratarei directamente do assunto. Estudei na Escola Técnica Federal de Goiás quando muitos de vocês sequer tinham nascido. Como toda escola pública, sofria com a falta de recursos e o descaso do poder público. Mas era uma escola muito respeitada, muito concorrida. Não se aprendia apenas a matéria de sala de aula, mas também a matéria da vida. Nada segurava os alunos em sala, mas os capetinhas tinham uma boa assiduidade. Lembro que, no primeiro dia de aula, nos levaram ao auditório principal e já disseram "Não esperamos que vocês se tornem anjinhos...". E não é que meus exelentíssimos colegas levaram isso ao pé da letra!!! Vejam os apelidos: Mid-fuck, Espuminha, Cláudio Doidão, Neguinha (era branca de dar dó), Bete Ra-rá, Zoreia, Costinha, et cétera. Imaginem o que essa trupe aprontava, com esses singelos cognomes. Mas eles produziam, ah, se produziam! o professor Adolfo só perdia em rigidez para um aluno, mas me colocar como coordenador seria transformar o curso de mecânica em um campo de concentração. Não só a minha turma, como as demais e até pais de alunos, todos tinham um zelo primeiromundista por aquela escola. Eu deixava, com freqüência, a mochila aberta, em um dos bancos do pátio principal, à sombra da imensa gameleira, e ia almoçar, na volta estava tudo lá, do jeito que tinha deixado. Era comum duas turmar de cursos diferentes encherem uma mesma sala, para aprender matérias comuns.
Foi, aliás, nessa escola que conheci a irmã mais velha que me foi negada: Maria Cristina, que mereceu minhas citações em um texto lá em baixo. Era uma segunda casa. Greves eram raras e duravam pouco. Eu cheguei a trabalhar na bilbioteca, da qual fiz muito bom uso pelos dezoito meses em que lá actuei. E a merenda? Rapaz! Aquilo era uma refeição decente!
Mas a roda não pára. Muitas vezes o que parece ser uma benece é, na realidade, uma penalidade. Foi "promovida" a Centro Federal de Educação Tecnológica. Foi um marco. Eu esperava sinceramente que melhorasse muito o já excelente nível, que deixava escolas particulares tradicionais babando de inveja.
Hoje, com a autoridade de quem conheceu o auge, eu me entristeço com o que vejo, quando vou visitar amigos e levar o lanche de uma cabeçuda teimosa que não come, sob o pretexto de estar trabalhando. Saco vazio não pára em pé.
As greves já são tão banais, que muitos se perguntam se ela já acabou ou se já começou outra. Já encontrei uma pia entupida por algo que me recuso, por respeito aos leitores, a descrever aqui. Há agora uma certa burocracia para se entrar que, conforme constactei, não ajudou em nada na segurança, só atrapalhando quem não tem más intenções.
Merenda? Que merenda? Quem quiser que compre. Que? Os impostos já pagaram? Ra, ra, ra. Don Fernandenrique achava que não e cortou. Cada um por si e Deus contra todos, foi o lema que ele implementou, com sucesso, na saudosa Escola Técnica.
E os alunos? Pelas barbas de Moisés! Que seu cajado caia nas cabeças dos responsáveis! Uma instituição de ensino pode pecar em tudo, exceto no corpo discente. Pois é justamente aí que mais peca. Ou quem vocês pensam que entupiu aquela pia? Que arrancou torneiras, que ignora a lixeira selectiva a menos de meio metro, que torce por mais greves? Lembrando do Siron, me dá pena de ver aquelas colunas arqueadas. Lembrando do Jorge, aquilo parece ter se transformado em um berçário. Lembrando da Elisângela (uma das mulheres mais elegantes que já conheci) aquilo parece um desfile de cestos de roupa suja. Lembrando da Semíramis, todas aquelas meninas parecem lazagna sem molho. É triste! Salvo algumas excessões, e comparando com as turmas de 1989 até 1996, eles parecem não querer nada com nada! Nem mesmo para os próprios interesses, como festinha de colação de grau, ou semelhantes.
Meu amigo João costuma dizer "Crianças, crianças, aprendam com o titio aqui...", pois me sinto como ele. Eu entro na CAE e só olho para fora para ver a vegetação, que ainda resiste ao vandalismo, pois a chance de encontrar um aluno bem disposto e com um vocabulário não muito contaminado por modismos, é quase nula. Encontrar uma Fabíola ou um Dalcin é utopia.
Lembro que foi por falta de dinheiro que Marcelo e eu não construímos um carro, ainda assim continuávamos a pesquisar, mesmo assim os outros também continuavam a pesquisar. Os professores levavam isso em conta, estejam certos. Meus amigos, alguns de nós chegavam a feqüentar as aulas de recuperação, ainda que tivessem passado directo, para reforçar o conteúdo.
Não éramos anjinhos. Muitos eram a personificação do Cão! Mas não eram dignos de pena. Não davam a mínima para os radicalismos do grêmio, nem para os prognósticos pessimistas. Andava-se de um lado para o outro para fazer alguma coisa. Houve época em que eu ficava, mesmo depois de findado o contracto, horas por dia na biblioteca, estudando. Pois a patota se dava ao trabalho de me procurar para estudar ou tirar dúvidas. Hoje a biblioteca é outra, em frente à antiga, e em todas as vezes que fui, a vi quase vazia. Talvez a pesquisa pela internet tenha substituído o livro. Provavelmente substituiu. Mas esse tio aqui vai dizer uma coisa, o livro é muito diferente. Ele atiça outros sentidos. O tato age com a visão e, principalmente, não dá pau. O raciocínio passa a seguir uma ordem mais sólida e o aprendizado não se torna uma reles memorização.
Se os próprios alunos parecem estar se lixando para os destinos da escola, o que podem fazer professores e servidores? Greve? Parece ser justamente o que eles querem. Se antes precisávamos pedir que os alunos baixassem o tom de voz, no pátio, hoje precisamos procurar algum que não esteja à porta da escola, cabulando aula. Da última vez em que lá estive, pensei que estivessem de greve. Vi tão poucos alunos que me assustei.
A todos vós, que quereis ver o ensino público (ou mesmo privado) vingar, eis o que vos digo: sejais bons alunos e bons estudantes. Um bom aluno reverte facilmente a má fama de uma instituição, o oposto também é verdadeiro. Não sei se o Cefet vai durar muito tempo como instituição respeitada e paradigma de ensino, mas tenho certeza de duas coisas: do jeito que está, é melhor fechar e recomeçar do zero; alguém vai ler este texto e me xingar até a sétima encarnação. Mas tenho uma coisa a meu favor, eu sei do que estou falando. Não ouvi falar, eu vivi e posso fazer uma comparação sem ser leviano. Como disse no começo, sou mais severo do que os professores mais temidos, mas por isso mesmo tenho senso crítico aguçado e noção de realidade para dizer tudo o que eu disse. Lamento se isso machuca alguém. A mim ferem muito mais as doces lembranças, que se contrapõe ao presente amargo e indigesto, do que minhas palavras aos vossos orgulhos.
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O próximo texto será uma onirisséia, pos isso vai uma dica da Mestra Eddie Van Feu: "Se você sonha que está pelado, comendo banana, sentado na mesa do escritótio, não é premonição, é indigestão".
24/05/2007
ONIRAUTAS 1 - A onirisséia começa

23/04/2007
Eu Sou Tio

04/04/2007
ALEMANHA
