19/01/2012

Cidadão de primeiro mundo; Civilidade

http://www100cabecas.blogspot.com/2010/08/logica-da-rendinha.html

Se o brasileiro se portasse aqui, como (geralmente) se porta lá fora, nossos asilos estariam repletos de políticos desempregados, que por jamais terem aprendido a trabalhar honestamente, seriam todos miseráveis. Quem está acostumado a viajar, sabe que o famigerado jeitinho figura em muitos códigos penais. lamentavelmente, o turista com viés de civilidade geralmente desaparece, tão logo o avião entra em espaço aéreo nacional. A família também corrobora, encorajando o parente a se comportar direito no primeiro mundo, mas manter a pose no Brasil.

Ser gentil, educado e interessado no bem estar comum, custa o mesmo em qualquer país onde se esteja. A diferença é que entre gente civilizada, isso é mais tolerado.

Conforme o cidadão vê lá fora, ser civilizado não dói e não tira pedaço, não custa dinheiro e não muda a orientação sexual; este um 'argumento' muito usado pelos brasileiros. Dessa feita, há mitos de cousas que devem ser feitas lá fora, mas evitadas até o último suspiro em território brasileiro. Asseguro que é mais fácil e repleto de razões ser civilizado do que lhes parece;
  • Jogar o lixo dentro da lixeira, não vai desempregar o gari, a função dele é manter a cidade limpa, não correr atrás de um porco bípede. Aliás, o japonês médio, que vive muito melhor do que muitos de nossos ricos, não se constrange em colocar no bolso o papel de bala que não tem onde jogar. O resultado é que as inundações no Japão são de responsabilidade exclusiva da natureza, não resultantes de sacolas plásticas jogadas em bueiros. Vamos, façam uma forcinha! Ninguém te verá colocando aquele escorregadio e resistente saquinho de salgadinho, sabor conservante, na lixeira, basta ser discreto e jogar com cuidado, enquanto passa por ela. Não dói, falo de experiência própria. Pensem bem, antes de agirem como se fossem permanecer jovens para sempre, escorregar em um saquinho metalizado pode ser grave para um rapaz, para um idoso pode ser letal.
  • Aliás, separar o lixo para facilitar a reciclagem também não dói. Um hábito que denuncia tanto a preguiça quando o desdém pela vida humana, é ensacar vidros, lâminas e agulhas na mesma embalagem, sem qualquer cuidado, como se seus filhos não pudessem (em uma travessura) se ferir naquele mesmo saco de lixo, saindo de casa. Separar metais, plásticos, electrônicos, papel, madeira, vidro, diversos e restos humanos, não dá tanto trabalho como se pensa. Na realidade, até facilita na hora de descartar, por ocuparem vários volumes menores. Ah, a tua cidade não tem reciclagem de lixo? E os catadores de papel e sucata fazem o quê com o que recolhem? Comem? Não, eles vendem para quem recicla. Separando o lixo, eles não vão ter que abrir e (nem todos o fazem) amarrar de novo a boca do saco, o que quase sempre resulta em lixo espalhado pela sua calçada. com menos lixo a ser recolhido pela limpeza pública, esta não só pode se dedicar mais ao desgaste natural da infra-estrutura, como o aterro sanitário dura muitos mais anos, contendo a proliferação de baratas, ratos, vereadores e outras pragas. No caso de enchente, o lixo não vai invadir a cidade.
  • "É do governo, então pode quebrar" é um bordão que ouço desde menino. Bem, este bordão idiota acabou legitimando o bem público como propriedade do estado, deste cujos dirigentes daquele fazem o que bem querem. Só que o fazem com o seu dinheiro. Não adianta pensar que o governo paga o estrago como se fosse criador de dinheiro, o dinheiro é teu, é do teu bolso que o tiram. Mesmo quem sonega paga, porque tudo o que compra tem imposto, que é cobrado cada vez que muda de mãos, em cascata; essa conversa de que dois terços de um preço é só imposto, é conversa, passa de noventa por cento. Se quebrar, o conserto vai sair do teu bolso. Mesmo que continue quebrado, o dinheiro vai sair do teu bolso. Enquanto estiver quebrado, vão continuar tirando dinheiro do teu bolso, em ensaios de licitação, até contractarem um serviço meia-boca a preço de construção de mármore, com o teu dinheiro. Conservando, além de evitar danos e ferimentos à sua pessoa, poupa-se o teu dinheiro, que poderá ser utilizado para o teu proveito pessoal. Afinal é teu dinheiro.
  • Transporte público é muito ruim, com ignóbeis depredando então, nem se fala. Sente na pele o horror de um ônibus mal conservado? Preserve e denuncie, hoje é fácil ter acesso às mídias de massas... E são grátis. Aliás, notaram como os ônibus urbanos são muito mais altos do que deveriam? O ônibus público é um pequeno laboratório de civilidade, porque ensina a não invadir o espaço alheio. Quem entra, tem direito a um lugar, não dois. O banco duplo não é um assento com porta-sacola, bem menos uma cama. Acha um absurdo entrar exausto em um ônibus e ver sacolas onde poderia descansar tuas pernas? Eu também. Por falar em não invadir espaço alheio, phones de ouvido são baratinhos. Ter (e usar em via pública) no som o dobro da potência do motor, só te faz parecer um idiota exibicionista. Acústica e fumaça não têm controle remoto. Em Tóquio, só para constar, é normal os ônibus terem peças de renda nos apoios de cabeça dos bancos, mais normal ainda é permanecerem intactas até que o uso regular as desgaste.
  • O que seus filhos vêem, pelo que passam, o que fazem e o que aprendem na escola é do teu conhecimento? O que ele aprende ou não na escola, deveria estar no topo das prioridades. Meus leitores sabem o quanto abomino essa onda de permissividade, criadora pequenos tiranos que não respeitam nem a si mesmos. Se o petiz arrancar uma folha de um arbusto de propósito, repreenda-o. É de pequeno que o porco torce o rabo. A diferença entre um biltre perverso e um pai educador não está na lei daquela eca, quem a elaborou está se lixando para isso, ciente da falta de civilidade e (portanto) compromisso do brasileiro para om o país. Os filhos deles, vocês sabem o que fazem com a expectativa da impunidade. Civilize teu filho AGORA, pois a escola é um mini mundo onde ele aprende a se portar, dela ou da família ele tem  que aprender a ser civilizado... Sai até mais barato do que mimá-lo e transformá-lo em mais um monstro. Quem não sabe a diferença entre educar e agredir, ou entre privacidade e ausência, melhor não ter filhos.
  • Motociclista que já foi abalroado por um Fusquinha sabe o quanto um carro é poderoso, ainda que a motocicleta seja uma Goldwing. O que Peter Parker aprendeu sobre poder e responsabilidade, não é conversa de gibi. Um Camaro que pára antes da faixa e respeita o sinal, induz os outros carros a fazerem o mesmo. Um Mille que avança o sinal, incita os outros a fazerem o mesmo. Lembremos do efeito manada, muito usado pelas turmas de delinqüentes para encorajar seus membros. A oposição de um só, já abala a confiança do grupo. Seja este "um só", os outros não merecem que desista de teu caráter. É este efeito manada das turmas que faz a índole destrutiva de muita gente vir á tona, como em 'torcidas organizadas', quando poderia ser utilizada como potenciador para algo útil. A animalização da população é uma grande ferramenta nas mãos de corruptos, e veículos radiodifusão são concessões de muitos deles... Entenderam?
  • Sabe aquela de "os ioncomodados que se mudem? Não precisa chegar a tanto, mas muitas vezes o que incomoda no país é reflexo do próprio reclamante. Xingar o Brasil é fácil, já quase não falo em fóruns de jornais, de tanto idiota derrotista que quer ter sempre razão e ataca quem tenta mostrar saídas plausíveis. Os judeus me ensinaram que uma nação não é seu território, sua bandeira, seu hino, sua constituição, nem sua história. O território pode ser tomado ou afundado no mar, uma bandeira muda quando muda o regime, o hino pode ser esquecido e substituído, a constituição muda com o tempo e a história continua mesmo quando o último cidadão morrer. Um país é seu povo. Sem seus cidadãos, o país não existe. Se o povo é ruim, o país é ruim, de onde podemos deduzir que fica fácil mudar o Brasil, fazendo cada um o que lhe compete. Habitue-se a ser civilizado, e cedo ou tarde o caráter civilizatório se tornará mais um puxadinho da tu personalidade; falo de experiência própria.
O que um cidadão civilizado sempre tem em mente, é que ele não é um hóspede de onde mora, é parte do funcionalismo, que tem direito e deveres. Não é difícil, é um pouco incômodo no começo, pode ser demorado, mas fica mais fácil na medida em que se decide a mudar a sua parte que cabe no país. Reclamar do que acontece não é ruim, ruim é reclamar sistematicamente e viver da reclamação, como se ela fosse um ópio. Fingir que tudo está bem e que o governo está fazendo tudo o que pode por quem lhe paga as despesas, é tão ruim quanto, só tem outro rótulo. Reclamar consciente do que se está dizendo e procurar ações para resolver o problema, isto é postura de um cidadão adulto, maduro, que quer e faz por merecer viver em um país de primeiro mundo.

A grande vantagem de ser um povo civilizado, o que começará com a tua atitude auto civilizatória, é que mesmo nas situações de aparente caos, todos conseguem gerir suas próprias posições, assim evitando acidentes; como uma multidão em movimento, ou mesmo um trânsito sem sinalização à vista, como um semáforo queimado. Um povo capaz disso, dispensa a maioria absoluta das leis que regem um país não civilizado... E os parlamenttares perdem importância. Entenderam por quê eles tentam nos manter indolentes e alienados?

Tendo se decidido a tomar este caminho, não precisa esperar avançar muito nele, o ciddão sofre um efeito colateral letal... para os politipatas que ainda teimamos em eleger: descobre que não é empregado, é sócio igualitário nas ações da companhia que é o seu país. Acontecido isto, não tem mais volta, a civilização torna-se parte de seus hábitos e pensamentos. Sim, decerto que represálias esperam por quem levanta a cabeça acima da fumaça em que a maioria engatinha. E daí? Estou nesta estrada há décadas e sobrevivo. Um só civilizado, em um universo de mil engatinhadores, é capaz de inciomodar muito. Também de transformar muito.

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