Chapéu é chique pra dedéu! |
Ele entrou em decadência nos anos setenta, cujo último quinto o viu praticamente extinto dos armários. Quase que só a boa gente do campo o tinha para uso civil nestas últimas três décadas. Fora isso, só em versões extravagentes de eventos fechados para gente muito endinheirada. Andar com um nas ruas passou a ser motivo de chacota.
Mas ele voltou. Pelo menos em Goiânia seus usuários estão proliferando, encorajados pelos populares modelos de tela, que imitam os clássicos de feltro. Ninguém estranhou, ao menos não como se estranhava até há dois ou três anos. Hoje mesmo vi três usando, no mesmo ônibus que tomei para voltar do trabalho.
Mais do que acessório, nesta época de sol inclemente e buracos na camada de ozônio eles são uma proteção a mais, especialmente para cabelos e olhos, oferecendo uma sombra providencial que atenua o ofuscamento e permite andar de cabeça erguida, em lugares onde a luz diurna faz os outros andarem cabisbaixos para não serem cegados pelos reflexos. Como eu já disse aqui, o sol que hoje nos queima, não é o mesmo que aquecia nossos pais.
Se eu gostei? Claro que gostei. Tenho uma boina xadrez cinza e já estou procurando um chapéu que me sirva bem, mas com calma. Não quero comprar algo que precise trocar rapidamente.
Houve época em que andar sem chapéu era quase como andar sem camisa, chamava muita atenção. Os jovens gostavam de sair com a cabeça ao vento, sem um peso a mais sobre os ombros e com um jeito mais descontraído. Nos anos cinqüenta houve uma democratização e um homem sem chapéu era apenas um homem de cabeça mais fria, mas geralmente todos tinham ao menos um para uso particular.
Por que voltou? Bem, as calças de cós alto voltaram, discretamente, quando nos demos conta já tinham invadido telinhas e telões, além de capas de revistas e passarelas. Eu gostei. Meus padrões estéticos são gêmeos univitelinos de meus padrões de elegância, estes estão solidamente atrelados à anatomia humana, e a cintura humana é alta, muito alta em relação à maioria dos outros animais. Motivo pelo qual é tão fácil uma pessoa levar um tombo. Não, eu não estou tentando te convencer a passar para o lado Nanael da força, nem a andar por aí de saia rodada e chapéu decorativo, só explicando os meus critérios para decidir o que me parece belo e elegante. São meus conceitos embasados nos meus padrões, quem quiser outros que se vire com os seus.
Também tem havido uma cultura muito sólida do modo vintage de viver, com o ressurgimento das pin-ups e revalorização de seus mestres, inclusive no Brasil, onde o Paraná se tornou o maior celeiro do estilo. Sites como The Pin-up Files e Pinup-Art Bilder Museum estouraram nas paradas internauticas de sucesso.
Aqueles que gostariam de voltar a dançar de rostinhos colados, mas com um smartphone no bolso, passaram a deixar de comprar revistas de photoshop-girls para gastar seu rico dinheirinho com o que remete ao glamour de uma época de vida muito mais dura, mas na qual a diversão era muito mais autêntica, por isso mesmo satisfazia sem precisar de exageros. Até lanchonetes temáticas (como esta) apareceram. Descobri hoje e, pelo menos do site, gostei assaz e recomendo uma visita.
Confesso que eu não esperava que o chapéu se repopularizasse tão cedo e tão depressa, especialmente entre a garotada, mas foi uma grata surpresa.
Até mais do que a roupa, que ficou muito padronizada com a alardeada "democratização" da moda, um chapéu escolhido com o devido cuidado fala muito de quem o utiliza. Quem mora em região agroindustrial como eu sabe bem o que digo. Compare o chapéu com a roupa e a postura de seu usuário e terás uma análise psicológica bastante precisa. Não espero que avance muito mais do que isso, o que vier agora é bônus, pois chapéu nunca foi moda, suas variações sim, mas ele mesmo sempre foi um meio mudo de comunicação social e profissional. Ele jamais desapareceu, hibernou por mais de trinta anos, agora retoma seu lugar ao sol com uma utilidade extra, proteger-nos dele. Para quem quer esconder um corte mal sucedido, uma tintura mal feita ou mesmo os efeitos de um xampú mal aplicado, é a solução mais rápida e eficaz, te permite sair normalmente às ruas até que o problema seja resolvido. Um bom chapéu preserva a auto estima.
6 comentários:
Tô contigo e não abro. Adoooro chapéu, mas aqui no interior só são vistos na cabeça dos velhos que saem pra pescar. Se eu usar, será um escândalo. Aqui tem um mega shopping de calçados e claro, cheio de chapéus. Eu e Amanda qdo vamos lá, experimentamos tudo só pra ver como fica, mas nunca vi ninguém comprar.
Dou graças a Deus pela volta do cós alto. As moçoilas não se deram conta do "estrago" causado pelas calças de cintura baixa, afff... melhor nem falar no assunto. E sim, adoro minha cintura extra-fina. Vamos combinar? Elegância é tudo, não é? Depois te escrevo contando as novas! Beijo grandão! Vy
Nossos pensamentos estão sincronizados, minhas preces em teu favor estão dando bons frutos. Aguardo pelas novas.
O meu avô materno é que gosta daquieles chapéus de cowboy americano, ou os de aba larga como se usa aqui pelo Rio Grande do Sul mas esses só para usar nas cavalgadas. Os chapéus de cowboy ele usa às vezes até com terno e gravata, já chegou até a ser confundido com um desses rednecks que fizeram fortuna criando gado.
Teu avô é um homem chique sem o mínimo esforço.
=D, adorei, eu amo chapéu e não to preocupada com o que vão pensar se eu sair com um na rua (na verdade eu sei que quem me apontar ou falar alguma coisa é puramente por inveja, pq qndo se alerta sobre algo que realmente não está bom, a alerta é feito em particular por alguém que nos admira e não quer nos ver passar ridículo, por isso, se cochicharem enquanto seu chapéu fashion esta desfilando, cuidado pra não escorregar na inveja... kkk
XD * eu só não uso sempre pq meu chefe não deixa ir trabalhar de chapéu...*
Quem te aponta um dedo, aponta os outros quatro para si mesmo. E teu chefe é um xarope ou o quê?
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