23/05/2009

Meninas crescem primeiro e mais.

Antes de começar com o assunto, vamos às origens.
Até a bélle èpoque, não havia contestação, o "homem" era o senhor absoluto do planeta, juiz e algoz de tudo o que não tivesse maioridade e os cromossomos "Y". Ninguém discutia, a não ser alguns subversivos que se metiam a ser justos, fraternos e realmente cristãos com todos, não somente com os homens ricos e maiores de idade.

Mas veio a Primeira Guerra e as mulheres tiveram que sustentar casas, não nos rincões mais afastados da Baviera, ou no fiofó da Sibéria, mas também nos grandes centros europeus. Então todo mundo viu que as mulheres também sabiam trabalhar muito bem, sem perder la ternura jamás. Mesmo sem querer, elas contestaram a hegemonia masculina que, convenhamos, o rolo de macarrão fazia miar fino. Salvo, claro, quando se casavam com um machão psicótico e frustrado que descontava nos mais fracos o que sofria no emprego. Elas raramente tinham escolha.


Aqui nascia formalmente o machismo, com ele o feminismo. Nas décadas seguintes, tentando se reafirmar, o cromossomo Y usou a mídia contra o cromossomo X, só porque o coitado tem as pernas abertas. Mas veio a Segunda Grande e mais terrível Guerra, e elas voltaram à labuta fora de casa. Quando a guerra bélica findou, começou a guerra dos sexos, que dura até hoje.


A questão a ser ponderada, é que os longos séculos de incontestação impediram que o homem amadurecesse. Ele não tinha porque mudar. Pelo menos foi no que o levaram a crer.


Uma das maiores fraquezas masculinas é o apego ao prazer, seja ele qual for, o que o torna mais susceptível aos vícios químicos e psicológicos. Fica fácil perceber que a viagem de se acreditar superior a alguma cousa (principalmente aos membros de sua família) viciou fácil, fácil. O homem moderno (só na casca, meus filhos) passa hoje por uma síndrome de abstinência.


O homem é biologicamente (e mentalmente) retardado, em relação à mulher. Uma menina de treze anos, se bem educada e formada, já estaria apta ao casamento; um menino de treze anos ainda é um fedelho insuportável que faz campeonato de cuspe a distância.


Essa imaturidade crônica se reflete no menosprezo para com as cousas delicadas. Mulheres são delicadas, mulheres são (na cabeça do cuspidor olímpico) inferiores. Então o que for delicado não merece consideração. É este o raciocínio, por mais infeliz que seja. Com isto o gosto do homem da antiguidade, que era macho e gostava de flores, se perdeu na idade das trevas. Tudo patrocinado pelo Império Romano, com certeza o pai e mãe da misoginia ainda vigente, e o verdadeiro fundador do papado que nada tem a ver com o Cristo.


Agora peguem todo esse arcabouço milenar, misture à imaturidade biológica e à onda de conservadorismo estúpido que tem assolado a humanidade, et voilà, temos o comportamento do homem contemporâneo.


Raros são os homens que foram educados por suas mães, portanto raros são os que têm alguma maturidade emocional, conseqüentemente os que conseguem estabelecer vínculos espontâneamente. Daí eles gostarem tanto da moda de "ficar". É tudo o que os antigos romanos queriam, pegam uma garota, fazem o que querem com o consentimento dela e depois desaparecem. Compromisso demanda maturidade, segurança para com a própria sexualidade, capacidade para absorver e dissipar pequenas contrariações que as últimas gerações não têm. Elas querem tudo agora e de graça. Até as meninas estão sendo imbecilizadas, imaginem os meninos! Não demora e veremos grupinhos alisando um photossensor de trânsito, gritando e pulando ao redor dele, para depois jogarem um osso para cima.


É, meus queridos, o homem dos anos 1960, que estavam lidando com a aparente insurgência feminina, era mais avançado e maduro do que o homem de hoje. Ele pelo menos trabalhava com a possibilidade da justiça, o actual nem pensa em descer do pedestal de areia. Para piorar, existe uma indústria que divulga uma estética duvidosa que estimula almejar a qualquer preço. A agressividade faz parte deste preço. Pit boys fazem parte deste preço.


Em parte a culpa é das mães. Perdoem a sinceridade contundente, mas são as mães que educam a maioria das crianças. Elas não as estão preocupadas com que tipo de pessoas deixarão no mundo, querem que essas pessoas simplesmente tomem posse dele. Não é assim que o universo funciona. Ganhar com o outro é mais demorado, mas não depreda. Mas ganhar em cima do outro dá mais notoriedade e o ganho vem mais rápido, ainda que às custas de um rastro de miséria e rancores.


As crianças estão sendo estimuladas a subjugar o outro de qualquer jeito, desde que não sejam pegas. Isto não acaba com crises. Concorrência nunca acabou com crises, ela as cria. Concorrência é para animais irracionais, que não compreendem outro meio de sobreviver. Seres racionais cooperam. Mas para isto é preciso descer do pedestal de areia, é pedir demais. Cobrar o justo é impensável para quem engenha meios de justificar cada centavo a mais que cobra pelo que não vale metade. Enganar faz parte da agressividade, homens mal criados gostam de agressividade e a camuflam muito bem sob a infâmia do "São só negócios, nada pessoal". Mas não gostam quando são eles as vítimas dessa infâmia.


Mas pior do que o homem agressivo, é a mulher que pensa que precisa ser igual a ele. Nada mais medíocre e ridículo do que uma mulher descer de sua magnânima condição para se igualar aos homens. É usar um Porsche para tracionar verduras murchas de uma feirinha vagabunda.


A sociedade (eu, tu, ele, nós, vós, eles) estimula a emasculação feminina. Porque o que interessa é vencer o outro, é socialmente aceito que sempre existam desempregados e excluídos, mesmo se sabendo que eles poderiam formar uma sociedade à parte e sobreviver sem nós, só que eles não precisam saber, senão a guerra de egos vai para as cucuias.


A sabedoria feminina (ofuscada sob a poeira grossa da massificação da ignorância) prova que uma pessoa pode subir na vida sem vencer o outro. Que não se pode manter o modelo de expansão comercial, que a crise vigente freou graças à Deus. Que o outro não é necessáriamente inimigo, quase nunca é. Meu alfaiate é prova de que se pode melhorar a própria condição econômica sem almejar a clientela alheia, e o sujeito que fechou as portas hoje, quase em frente à dele, é prova de que ninguém tira clientes cativados, não importa quanto marketing se derrame.


Mães, ensinem seus filhos a serem homens o bastante para que usem camisa cor de rosa, para que saibam comprar cristais e consigam digerir decepções. Isto os tornará HOMENS, não simplesmente machos. O cavalo é macho, é forte, tem um pênis enorme, mas vive de quatro. Aliás, sabem como machão se abaixa para pegar o que caiu? Abre as pernas, arrebita o bundão e fica de quatro. Dobrar as pernas, nem pensar. Homem de verdade não é efeminado pelos bons modos, só os inseguros que morrem de medo de o de baixo cair, estes são sérios candidatos a soltar a franga na primeira oportunidade.


É certo que este texto me renderá muitos xingamentos, como na vida real eu sou xingado. mas aqui eu posso deletar comentários impróprios. Meus leitores não merecem ler demonstrações de cretinice, e peço-lhes que não as repliquem, deixem comigo.


Sabem quem está segurando as pontas da crise na Europa? A Alemanha de Angela Dorothea Merkel. Ela é mulher, sabe digerir decepções e não se deixa deter por elas. Uma Valquíria no comando do velho mundo está segurando a crise.


A atitude típica de um homem seria fazer arrochos a torto e a direito, sem se aprofundar nos meandros da situação, buscando apenas resultados imediatos (como no sexo) e contundentes. Roosevelt não governou os Estados Unidos sozinho, foi sábio o bastante para dividir o peso da responsabilidade com sua esposa, que o ajudou a dar as costas aos apelos dos burocratas e tecnocratas, fazendo o exacto oposto do que exigiam. Resultado, o país saiu ainda mais forte da crise de 1929. Obama, alegremo-nos, foi criado por duas mulheres de ferro e tem outra igual ao seu lado. Sabem por que Dilma Rousseff é tão bem cotada no governo Lula? As mulheres que agora lêem sabem.


Por que não entregamos de vez os governos à elas? Seria bom, mas ainda é cedo para os bebês chorões aceitarem isso. Temos antes que ensiná-las a resistir à baixeza, mediocridade e à mesquinharia que são o registro mais patente da política masculina. Imaginem Israel e Palestina se dando as mãos, fixando um prazo razoável para a unificação dos povos. Mas a imaturidade emocional dos líderes de ambos os lados (não só dos que aparecem na mídia) não admite isso, querem subjugar o outro a despeito do razoável relacionamento que o povão tem em ambos os lados. Guerra é uma mania masculina, para não levar desaforo para casa e se passar por superior, eliminar uma ameaça e logo eleger outra para ser destruída. Marte não é guerra, os homens esqueceram. Marte é ação, evolução rápida, as guerras, pelo contrário, paralisam a humanidade. A alegação de que guerras aceleram a evolução tecnológica é falsa e superficial. A tecnologia, como tudo mais, evolui quando se elege a evolução como prioridade. Foi a guerra fria acabar e os automóveis tiveram um salto tecnológico jamais sonhado pelos vulgos, porque foram tomados como prioridade. Isto é Marte com Vênus.


Lembremos, por falar nisto, que foi justamente o machismo que acabou com o carro eléctrico por duas vezes, e agora estamos correndo contra o tempo para viabilizá-lo. Andar sem fazer ruído não é cousa de "macho", tem que ser barulhento para marcar o território, não importa a que custo. Erasmo Carlos é que está certo. Não chegamos aos seus pés.


Meninas crescem primeiro e mais, justamente para educar os meninos. Moças, ao trabalho.

6 comentários:

Lótus disse...

Em geral, são as mães que educam os filhos, ok, isso é um fato. Mas também é fato que os pais - os homens! - se esquivam da tarefa. Isso é muito irritante, porque alimenta um ciclo perverso. Somos e seremos sempre culpadas pelo nosso próprio martírio diante da imaturidade masculina.

muriloha disse...

Yes!

Nanael Soubaim disse...

Espera mesmo que uma criança barbada eduque outras? Ensinando o garoto a assumir suas respondabilidades, começando com brinquedos e doces, já será uma tarefa árdua.

Newdelia disse...

Oiêee!
Demais o texto. Amei.
E, com sempre: a culpa é da mãe.
Freud estava certinho.

Beijos e muito obrigada pelas visitas. Estou em falta contigo. Ando muito enrolada tentando limpar as cacas de alguns colegas que juro, não sei onde estudaram. É inacreditável.
Mais uma vez obrigada.
E antes que me esqueça vim trazer-lhe uma coisinha que achei e que é a sua cara. Clique aqui: http://www.vistaicons.com/icon/i154s0/cem_car_series.htm
Espero que goste e que possa usar.

+ beijos.

Anônimo disse...

Querido, mais uma vez vc nos brinca com suas analises belas e precisas... Agora, madura sinto cada vez mais, a responsabilidade em ser mulher...
Abraços carinhosos...

Nanael Soubaim disse...

Ser mulher é uma arte, não se faz arte com dois bilhões de neurônios desocupados fazendo algazarra.